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Como diria Valdemar: Bolsonaro é uma mina repleta de riquezas - Por Ricardo Noblat

Literalmente, o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, jamais disse que Bolsonaro é uma mina repleta de riquezas. De votos, sim. Um cabo eleitoral de luxo, uma vez que não poderá ser candidato até 2030, quando estará com 75 anos de idade.

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Literalmente, o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, jamais disse que Bolsonaro é uma mina repleta de riquezas. De votos, sim. Um cabo eleitoral de luxo, uma vez que não poderá ser candidato até 2030, quando estará com 75 anos de idade.

Caso seja condenado em mais um ou dois dos 15 processos que responde no Tribunal Superior Eleitoral, ficará inelegível por muito mais tempo, mas só se for condenado e vencer a preguiça, um dos males que o afetam. Detesta pegar no pesado.

Se quiser, além de votos, Valdemar, doravante, poderá dizer sem medo de errar que Bolsonaro é uma mina de ouro, ou melhor, de dinheiro vivo, em espécie, dado que em seis meses arrecadou 17 milhões de reais, via Pix, supostamente para pagar multas.

São multas por motociatas sem usar capacete, por estacionar em áreas proibidas e por não usar máscara em público durante a pandemia da Covid-19. Nestas bandas, não há registro de presidente da República que tantas vezes tenha infringido a lei.

Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, agora aspirante a candidato às eleições do próximo ano, estaria feliz se seu único problema fosse ter que pagar multas. Arrisca-se, porém, a ser condenado e preso por atentar contra a democracia.

Bolsonaro também atentou muitas vezes. Trump, só uma vez, ao incentivar seus seguidores fanáticos a invadir o Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A invasão, aqui, do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal foi em 8 de janeiro último.

Quem sabe Bolsonaro poderá ser punido por isso. Não se ouviu dele uma só palavra direta de incentivo aos seus seguidores para que fizessem o que acabaram fazendo. E, àquela altura, Bolsonaro estava refugiado nos Estados Unidos com tudo pago ou de graça.

O incentivo deu-se antes. Em julho do ano passado, por exemplo, quando ele se reuniu com mais de 40 embaixadores estrangeiros para desacreditar o processo eleitoral brasileiro; antes quando forçou o Exército a abrigar à sua porta os golpistas do 8 de Janeiro.

Antes ainda ao negar-se a reconhecer a vitória de Lula; e antes ao planejar um golpe para as vésperas do Natal. Ouviu uma discussão a respeito travada pelo então deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e o senador Marcos Do Val (Podemos-ES). Sim, e daí?

Daí que deveria ter mandado prendê-los. Um presidente tem poderes para tal. Um presidente não pode testemunhar uma discussão sobre qualquer tipo de agressão à lei e calar-se, não tomar providências, fingindo que não testemunhou.

O que possa beneficiá-lo, Bolsonaro aceita e agradece. Vergonha é coisa que ele não tem, haja vista o esquema da rachadinha, dinheiro tomado de funcionários. Portanto, é algo normal arrecadar 17 milhões de reais para embolsar ou pagar multas.

Afinal, o dinheiro é dos outros. Ninguém foi obrigado a doá-lo. Bolsonaro não precisará prestar contas da fortuna. Quem poderá estrilar? Quem já começou a estrilar? Os de sempre, que não votaram nele nem perderam a capacidade de se indignar.

 

Fonte: Metrópoles
Créditos: Polêmica Paraíba