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Bolsonaro demostra irritação e alega perseguição sobre abrigo na embaixada: "Há algum crime nisso?"

As informações e imagens, divulgadas pelo jornal The New York Times, levantam suspeitas de que o ex-presidente buscava refúgio para evitar uma eventual prisão.

Bolsonaro demostra irritação e alega perseguição sobre abrigo na embaixada: "Há algum crime nisso?"

Na noite desta segunda-feira (25), após receber o título de cidadã paulistana no Theatro Municipal, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) concedeu uma rápida entrevista. Durante a entrevista, Bolsonaro demonstrou irritação e tentou se fazer de vítima, alegando estar sendo perseguido, quando questionado sobre sua estadia na Embaixada da Hungria após a apreensão de seu passaporte.

As informações e imagens, divulgadas pelo jornal The New York Times, levantam suspeitas de que o ex-presidente buscava refúgio para evitar uma eventual prisão.

Indagado sobre a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que deu prazo de 48 horas para ele dar explicações sobre a empreitada, Bolsonaro surtou.

“Sobre a questão da embaixada, o ministro te intimou a dar explicações?”, perguntou uma repórter. “Isso é o que você está dizendo”, respondeu o ex-presidente. Em seguida, outro jornalista perguntou se “é comum um ex-presidente dormir na embaixada?”. Bolsonaro então aproveitou para mencionar a visita do ex-ministro da Justiça, Flávio Dino, que está no STF, a uma comunidade no Rio de Janeiro.

“Não é comum ir ao Complexo do Alemão para conversar com traficantes”, rebateu Bolsonaro, pedindo uma “segunda pergunta, a embaixada não é mais relevante”. Diante das respostas evasivas, que fizeram os repórteres insistirem na questão, o ex-presidente respondeu: “haveria algum crime em ir à embaixada por acaso?”.

A situação ficou tensa quando um jornalista voltou a perguntar o motivo de ele ter dormido na embaixada por duas noites – sendo que a casa do ex-presidente fica a cerca de 15 minutos do local. “Não vou responder porque tem muitas senhoras aqui, entendeu?”, reagiu o ex-presidente. “Dormir na embaixada, conversar com o embaixador. Há algum crime nisso?”, emendou Bolsonaro, se fazendo de vítima. “Tenha paciência, isso! Vão perguntar sobre a baleia de Santos. Passei seis anos sendo acusado de ter matado Marielle Franco. Seis anos. Chega desse assunto agora? Vamos falar sobre Marielle Franco? Vamos falar sobre os móveis do Alvorada, pelos quais fui acusado de desviar 260 móveis do Alvorada? Chega de perseguição, pelo amor de Deus.

Dêem um tempo para a gente. Dêem um pouco de paz”, afirmou o ex-presidente. “Parem com a perseguição, pessoal. Olhem tudo o que fiz de bom pelo Brasil. [inaudível] fiz o Pix. Por que o Pix foi lançado? Trabalho do Banco Central, sim. Mas por que não foi lançado antes? Eu desafiei o sistema”, emendou Bolsonaro, tentando mudar de assunto. Milícia Bolsonaro ainda falou sobre seu conselheiro “espiritual”, o pastor Silas Malafaia, alvo de representação no Ministério Público Federal (MPF) após sua igreja ter sido citada no inquérito sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.