Horas após publicar uma imagem explícita de sua cirurgia abdominal nas redes sociais, o ex-presidente Jair Bolsonaro anunciou que terá alta hospitalar às 10h deste domingo (4). Internado desde 12 de abril no hospital DF Star, em Brasília, Bolsonaro passou por uma cirurgia de 12 horas para tratar complicações intestinais resultantes da facada que sofreu em 2018. A postagem, que mostra vísceras e intestinos expostos, gerou forte repercussão nas redes e foi interpretada como parte de uma estratégia de vitimização diante do avanço do processo criminal que pode levá-lo à prisão.
Ao comunicar a alta médica, Bolsonaro afirmou que pretende participar da “Marcha Pacífica da Anistia Humanitária” marcada para a próxima quarta-feira (7), em Brasília. “Depois de 3 semanas, alta prevista para hoje, domingo, às 10h. […] Meu próximo desafio: acompanhar A Marcha Pacífica da Anistia Humanitária na próxima 4ª feira”, publicou ele.
Internação marcada por visitas políticas e atos de campanha
Durante a internação, Bolsonaro recebeu aliados políticos, realizou transmissões ao vivo e até participou da venda de capacetes com seu nome, mesmo internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Em 23 de abril, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que uma oficial de Justiça o intimasse no hospital, no âmbito da ação penal em que o ex-presidente é réu por tentativa de golpe de Estado.
A intimação gerou tensão. Bolsonaro teria destratado a servidora judicial, mas assinou o documento, dando início ao trâmite do processo que pode resultar em sua prisão. A presença constante de aliados e a atividade política dentro do hospital chamaram a atenção, levantando questionamentos sobre a real gravidade de seu estado de saúde.
Publicação polêmica
A publicação da imagem que mostra com detalhes os tecidos viscerais e intestinos de Bolsonaro durante a cirurgia causou forte comoção. Na legenda, o ex-presidente escreveu: “Como estavam as alças intestinais após o acesso à cavidade abdominal e liberação parcial das aderências”. A foto foi interpretada por críticos como um exagero e mais um passo em sua tática de exposição e vitimização pública.
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Desde a eleição de 2022, Bolsonaro foi internado oito vezes. De acordo com o histórico médico divulgado por sua assessoria, o ex-presidente soma 16 internações e 7 cirurgias desde o atentado que sofreu em setembro de 2018, em Juiz de Fora (MG), durante a campanha presidencial.
Histórico de internações (2018–2025)
- 2025: 2 internações (abril e maio)
- 2024: 2 internações (março e maio)
- 2023: 2 internações (agosto e setembro, com 3 cirurgias)
- 2022: 2 internações (janeiro e novembro)
- 2021: 3 internações (julho e agosto)
- 2020: 1 internação (setembro)
- 2019: 3 internações (janeiro, setembro e dezembro)
- 2018: 1 internação (setembro)
Ao todo, Bolsonaro foi internado 16 vezes em sete anos, média de mais de duas internações por ano. Em 2025, já soma duas hospitalizações, e continua se mantendo ativo nas redes sociais mesmo durante os períodos críticos de recuperação médica.
A nova etapa do processo no STF e a sua anunciada participação em atos públicos deverão manter Bolsonaro no centro do debate político, em um momento de crescente pressão judicial e polarização no país.
