Dilema do bolsonarismo

Qual membro do clã Bolsonaro entrará na corrida de 2026? Ou será Tarcísio o escolhido?

Com Jair Bolsonaro inelegível, Michelle e Eduardo disputam espaço para liderar o bolsonarismo na corrida presidencial de 2026.

Foto: Mauro PIMENTEL/AFP
Foto: Mauro PIMENTEL/AFP

Com Jair Bolsonaro fora da disputa presidencial até 2062 por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o bolsonarismo já começa a se reorganizar em torno de possíveis nomes da família para manter protagonismo político em 2026. Entre as alternativas mais fortes estão a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Mas, nos bastidores, ganha força a possibilidade de o ex-presidente apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como candidato ao Planalto.

Jair Bolsonaro inelegível e condenado

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado no STF a 27 anos e 3 meses de prisão por tentar um golpe de Estado e cumpre prisão domiciliar desde o dia 11 de setembro. Apesar de buscar recursos para reverter a decisão, permanece inelegível até 2062.

Eduardo Bolsonaro se lança como opção

Nesta terça-feira (23), Eduardo Bolsonaro afirmou em entrevista ao Metrópoles que pretende disputar a Presidência da República em 2026, caso o pai não consiga reverter a inelegibilidade.

“Eu sou, na impossibilidade de Jair Bolsonaro, candidato a presidente da República”, declarou.

O deputado, porém, enfrenta risco de cassação de mandato. Ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) junto ao influenciador Paulo Figueiredo por coação em processo judicial. Ambos teriam articulado, nos Estados Unidos, em favor de interesses da família Bolsonaro, o que configuraria crime de coação (artigo 344 do Código Penal). Caso a denúncia seja aceita pelo STF, Eduardo pode ser considerado inelegível.

Michelle Bolsonaro mira voto feminino e religioso

Michelle Bolsonaro também desponta como possível candidata. Em entrevista ao jornal britânico The Telegraph, nesta quarta-feira (24), ela classificou a condenação de Jair Bolsonaro e de seus aliados como “farsa judicial” e “perseguição covarde”.

Apesar de afirmar que está focada na família, a ex-primeira-dama não descarta disputar as eleições de 2026. Pesquisas já a colocam como nome competitivo para a Presidência ou para o Senado pelo Distrito Federal, onde transferiu seu título eleitoral em julho.

“Eu me levantarei como uma leoa para defender nossos valores conservadores, a verdade e a Justiça”, declarou Michelle.

Michelle reúne apelo entre o eleitorado feminino e religioso, indo inclusive além do público evangélico.

Tarcísio de Freitas surge como nome de consenso

Enquanto Michelle e Eduardo testam espaço político, segundo o Metrópoles, Bolsonaro já teria dado aval para que Tarcísio de Freitas dispute a Presidência em 2026 com seu apoio. O acordo, costurado com PP e União Brasil, ainda depende da definição de quando será anunciado.

Um grupo defende esperar até dezembro ou janeiro para evitar críticas de que Tarcísio estaria usando o governo paulista como trampolim. Mas aliados lembram que Bolsonaro costuma ser imprevisível e pode antecipar a decisão. O governador deve se reunir com o ex-presidente no próximo dia 29 de setembro. Até lá, seguirá afirmando que pretende disputar apenas a reeleição em São Paulo