Plataformas digitais

REDES SOCIAIS: ferramenta de proteção ou risco para crianças e adolescentes? Debate ganha força após denúncias de Felca

Arte: Marcelo Júnior / Polêmica Paraíba
Arte: Marcelo Júnior / Polêmica Paraíba

O debate sobre o impacto das redes sociais na vida de crianças e adolescentes ganhou destaque nacional após a repercussão do vídeo do youtuber, Felca, que denunciou a exposição precoce de menores nas plataformas digitais. O caso trouxe à tona discussões sobre adultização precoce, exploração digital e segurança online.

Em conversa com a psicóloga Karla Azevêdo, ela explicou que as redes sociais têm ganhado importância. Hoje, funcionam como espaços de prevenção e denúncia de crimes contra menores.

“Plataformas como Instagram, TikTok e YouTube passaram a incluir canais de denúncia integrados e colaboram com instituições como SaferNet Brasil e Disque 100. Além disso, campanhas de conscientização ampliam o debate sobre a exposição digital inadequada e a necessidade de regulamentação da publicidade infantil”, afirma.

Apesar disso, o uso precoce de redes sociais por menores de 16 anos aumenta riscos como adultização precoce, hipersexualização, cyberbullying e dependência digital. Movimentos de pais, educadores, psicólogos e pediatras defendem adiar o acesso irrestrito às redes sociais. Para eles, o uso deve ser monitorado até o fim da adolescência. O cérebro do adolescente ainda está em desenvolvimento, principalmente nas áreas ligadas ao controle de impulsos e à regulação emocional.mocional.

A superexposição desses casos na internet também pode afetar emocionalmente crianças, adolescentes e suas famílias, causando revitimização, vergonha, estigmatização e isolamento social, enquanto familiares enfrentam julgamentos e desgaste emocional. Karla destaca que é essencial diferenciar a denúncia responsável do espetáculo midiático, que transforma a dor em entretenimento.

A “Aldeia Digital” e a proteção de crianças e adolescentes

Nesse contexto, a ideia de que “para educar uma criança é necessária toda uma aldeia”, associada à cultura africana Ubuntu, ganha novo significado. Hoje, a “aldeia” se estende ao ambiente digital, envolvendo pais, educadores, influenciadores, instituições e sociedade civil, que juntos podem proteger crianças e adolescentes da exposição indevida.

Pais e responsáveis devem estabelecer limites, acompanhar conteúdos consumidos e cultivar diálogo de confiança. Educadores promovem educação digital crítica, enquanto influenciadores têm responsabilidade ética ao criar conteúdos para menores. Políticas públicas também são fundamentais, regulando publicidade infantil e fortalecendo redes de proteção.

Legislação e o combate à Adultização

A Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) aprovou, por unanimidade, o Projeto de Lei 4.764/2025, de autoria do deputado Sargento Neto. A proposta combate a adultização de crianças e ficou conhecida como Lei Fela. O texto define adultização como qualquer forma de exposição ou incentivo para que menores de 12 anos assumam comportamentos, aparências ou responsabilidades de adultos, incluindo conteúdos sexualizados ou violentos.

O projeto reforça que campanhas publicitárias, programas e produções culturais devem respeitar a proteção integral da criança, garantindo que a internet seja um espaço de cuidado, conscientização e proteção, e não de exploração ou risco.