Rubens Nóbrega

Não tinha mais do que seis anos de idade quando me apaixonei pelo Santos de Pelé. Não era pra menos: o super time da Vila Famosa estava no auge e as vitórias do rei e sua corte deixavam-me, ‘ao pé do rádio’, maravilhado.
Entre 1961 e 63, principalmente, o mar só estava pro Peixe. Em 62, por exemplo, ‘faturamos’ os títulos estadual, nacional, continental e mundial. Aquele foi o ano em que o Santos jogou o futebol mais bonito de todos os tempos.
Por essa e outras, referi-me apenas a vitórias lá no começo. Fiz de propósito, para significar que o Santos não jogava, vencia. Praticamente não tinha adversário aquele que foi o time do Século 20 e não por acaso revelou o Atleta do Século.
Melhor dizendo, o melhor jogador de futebol da história do próprio esporte. Digo dessa forma também para pontuar que não aceito de jeito algum comparar Pelé a Maradona, Messi, Cruiff e a outros menos cotados.
Admito até que devo ter sido mais torcedor de Pelé do que do Santos. Mas o Pelé do Santos. Admito isso hoje porque migrei automática e moderadamente para o Vasco quando Pelé deixou o Peixe e foi para o Cosmos.
Confesso também que só me apeguei ao Vasco com mais fervor a partir de meados dos anos setenta, quando Roberto Dinamite explodiu e liderou elencos memoráveis em conquistas vibrantes nos campeonatos cariocas e brasileiros.
De três anos pra cá, o mesmo Dinamite reacendeu-me a velha paixão quando se fez presidente do clube e resgatou o nosso time do fundo do poço. Um fundo ao qual o Vasco chegara com Eurico Miranda e o sujeito continuava cavando.
Estou dizendo tudo isso para dizer, ainda, que sinto falta e certa vergonha de não ser torcedor entusiasmado de qualquer time da minha Pequenina, embora torça pelo Botafogo de João Pessoa quando o Belo volta a jogar algo que lembre futebol.
Espero que em 2012 a nova diretoria, comandada por Nelson Lira, traga de volta ao Botinha um mínimo de competitividade. E adoraria ver o Auto fazendo a sua parte, para que o futebol da Paraíba não viva exclusivamente dos times de Campina.
Com todo respeito a Treze e Campinense, quero voltar a frequentar Almeidão, Amigão e outros estádios e campos aos quais deixei de ir porque não vejo a menor graça num Campeonato Paraibano que seguidamente exclui da decisão os times da Capital.
Acredito que comigo concorda o amigo Dalteir Sobrinho, flamenguista doente, como todo flamenguista, que anteontem me mandou o comentário a seguir, depois de ler na coluna de quinta (8) um ‘troco’ meu a outro torcedor do Mengo que tirou onda comigo por mais um ‘vice’, quando eles é que têm mais vice-campeonatos que nós.
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Rubens, realmente o Flamengo tem mais vices que o Vasco, computando todas as decisões e adversários, mas, se formos computar as decisões entre Vasco e Flamengo, o Vasco foi muitas vezes mais vice, excluindo aí as decisões de turno (aí nem teria graça), valendo apenas os campeonatos.
Nem sei mais o ano em que o Vasco foi campeão em cima do Flamengo. Creio eu que foi nos anos oitenta… Meu sogro e minha irmã são vascaínos e não me deixam mentir. Aliás, eu nem era casado quando o Vasco ganhou a última em cima do Flamengo, apesar de em algumas decisões ter sido visivelmente superior.
Outra coisa: infelizmente, o futebol da Paraíba só faz piorar. O natural seria estarmos fazendo essa brincadeira sadia em referência aos times de nossa terra, mas chegamos ao ponto de ter jogo marcado para 30 de fevereiro. Seria divertido se não fosse trágico e mais um motivo para a imprensa sudestina mangar da Paraíba.
Um vascaíno na 2ª Guerra 
Pra fechar do jeito que merece um domingo, transcrevo adiante historinha que me mandou o Professor Arael Costa, vascaíno da melhor qualidade.
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A Major Elza Cansanção, com 38 medalhas no peito, é chefe da preservação do acervo da memória da Força Expedicionária Brasileira (FEB) no Palácio Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e foi primeira enfermeira voluntária da FEB e uma das cinco primeiras a desembarcar, em agosto de 1944, no teatro de operações da Itália.
Na Segunda Guerra Mundial, Elza fez parte de um grupo de 73 enfermeiras brasileiras que foram à Itália. Em entrevista ao site Uol, Major Elza Cansanção contou uma das passagens mais curiosas do período em que esteve em solo europeu durante a Segunda Guerra Mundial.
“Certa vez, um nordestino foi servir de isca, para descobrir onde estavam os alemães. Todo mundo voltou do combate e nada de ele chegar. Até que, mais tarde, o soldado apareceu com um alemão levando um fuzil a sua frente. Todo mundo ficou doido, os superiores começaram a gritar que tinha um alemão armado, e o nordestino acalmou todo mundo: “Ele não está armado, não. Eu o desarmei. Esse aí é o meu fuzil, que mandei ele carregar porque eu estava cansado”.
Para completar, contou que quase matou o alemão. “Mas, quando eu ia enfiar a peixeira nele, vi que o cabra é do meu time”, disse. Ninguém entendeu nada. Então, ele apontou a Cruz de Ferro no peito do alemão e concluiu: “Vocês não estão vendo que ele é Vasco?”.