Amor livre

Trisal faz sucesso na internet e conta como lida com preconceito: "Muita gente acha que é bagunça"

Sanny e Diego são casados há 12 anos, vivem em Brasília e têm um filho, Miguel, de cinco anos. Ela sempre deixou claro para o marido que era bissexual e, em 2019, conheceram Karina, 25, no Tinder. Até aí, tudo bem! O que não falta no aplicativo de relacionamentos são casais em busca de uma companheira para dar uma apimentada na relação.

Mas Sanny explica que essa não era a ideia do casal! “Já havíamos saído com outras meninas, porém decidimos que queríamos uma pessoa para relacionamento, e aí encontramos a Ká. Quando conhecemos ela, nossa intenção já era essa mesma, tanto que já deixamos isso bem claro no nosso perfil.”

Em pouco tempo, eles estavam apaixonados, assumiram o trisal em um relacionamento fechado e oficializaram a união há três meses em uma cerimônia realizada pela sexóloga Catia Dasmasceno. “A nossa missão é explicar paras as pessoas que existem várias formas diferentes de amar, trabalhamos juntos, temos um casamento de trisal, mas fechado, e esperamos aumentar a nossa família em breve”, conta Sanny.

A ideia de se casarem de vestido branco e buquê como manda o figurino foi para tornar público e eternizado esse afeto. Oficialmente não tem nenhum valor, já que a união poliafetiva não é reconhecida no Brasil desde junho de 2018, quando o Conselho Nacional de Justiça proibiu que os cartórios façam registros. Isso ainda é algo que incomoda os três, mas o amor parece ser o ponto forte dessa união.

Preconceito
Sanny conta que ela e Karina sofreram preconceito dos próprios familiares, que se afastaram e cortaram relações e decidiram enfrentar isso juntos.

“O meu pai não fala comigo depois que a gente assumiu o relacionamento, o pai da Karina também não fala com ela, dentre várias outras pessoas da família dela. A família do Diego aceitou um pouco melhor, mas algumas se afastaram”, lamenta Sanny.

“Meu relacionamento com o meu pai estamos reatando aos poucos, com o pai da Karina ainda não. Tratamos isso com terapia, né? Entendemos que às vezes os pais não querem o mesmo que nós, mas que a vida é nossa e cabe a nós decidirmos sobre isso, damos as mãos e vamos juntos, nos blindamos muito do preconceito”, completa.

Dúvidas sobre sexo
O trisal abre com frequência caixinha de perguntas para responder as dúvidas de alguns seguidores no Instagram, as mais frequentes são as relacionadas a sexo. “A maior dúvida é como nos dividimos e sempre explicamos que o nosso relacionamento é em triângulo, então todos se relacionam com todos. Muita gente acredita que por ser um relacionamento poliamorista é bagunça, então muita gente pede para entrar, para sair conosco”.

Sobre o filho, ela não teme que o menino sofra preconceito com o relacionamento dos pais, já que está amparado com o afeto de todos. “Nosso relacionamento é em triângulo, então todos se relacionam com todos, e o Miguel tem duas mamães que cuidam bastante e amam ele. Acredito que nossa história pode inspirar várias outras mulheres e casais também”.

Nas redes sociais eles são um sucesso. Conhecidos como trisal de Brasília, tem mais de 60 mil seguidores no Instagram, mais de 13 mil visualizações em um vídeo no Instagram em que falam sobre o casamento e também são bastantes influentes no Tik Tok.

 

O poliamor é quando três pessoas ou mais pessoas se unem com o intuito de constituir família, geralmente as pessoas confundem com suingue, putaria. É um relacionamento como qualquer outro só que com mais de duas pessoas”, explicou Diego em vídeo publicado no Youtube.

Poliamor x poligamia
Uma dúvida frequente que o trisal recebe são comentários confundindo o poliamor, em que todos participam e aceitam a união, que pode ser aberta ou não, com a poligamia, comum em alguns países do Oriente Médio, que envolve o casamento com múltiplas pessoas do sexo oposto, geralmente um homem com várias mulheres.

“Existe muita confusão, mesmo tendo tanto conteúdo acessível, muitas pessoas não entendem. Basicamente, a poligamia é o que é utilizado no Oriente Médio, onde um homem tem várias esposas e se relaciona com todas, mas elas não se relacionam entre si. Todas são esposas dele. No poliamor, todos devem consentir para que exista o relacionamento”.

Formatos geométricos
Nas relações poliafetivas, nem sempre todos se relacionam entre si, é tudo uma questão de acordo e existem formatos geomêtricos que explicam isso:

Triângulo: Três pessoas que se relacionam iguais entre si
Formato V: uma pessoa se relaciona com duas e as duas não possuem relação entre elas
Formato T: As três pessoas se relacionam, mas duas possuem relacionamento mais forte entre elas do que com a terceira pessoa, é comum entre casais que mantém um namoro
Quadrado/Quarteto: Envolve quatro pessoas e pode existir relação entre dois ou mais no grupo
Formato N: É a relação entre dois homens e duas mulheres, em que apenas elas são bissexuais e se relacionam entre si.

Fonte: yahoo
Créditos: Polêmica Paraíba