Atente-se aos riscos

"PIXTinder": PIX é usado como app de paquera; conheça os "pixsexuais"

“Não me mande flores, me mande um PIX”.

Sim, acredite: o brasileiro conseguiu transformar o PIX em um aplicativo de paquera. No Twitter, já deram até um nome para quem aderiu a esse “uso alternativo” do sistema de pagamento eletrônico lançado há três meses pelo Banco Central: são os pixssexuais. No Instagram, Stories com as brincadeiras do “PIXTinder” estão viralizando.

Júlia Mendonça, colunista do blog do UOL Descomplique, explica funcionalidade oficial do app. “O PIX é um sistema de transferência de dinheiro que utiliza da tecnologia da criptografia. Não tem nenhum banco por trás, por isso você não paga nada pela transação. Quem cuida do PIX no Brasil é o próprio Banco Central. Basta você cadastrar a sua conta no sistema, adicionar uma chave de acesso e pronto. Pode começar a receber e fazer transações de graça, sem as burocracias usuais”.

Ou seja, a ferramenta permite o cadastro do telefone, do CPF ou de um número aleatório como chave pessoal, para facilitar o processo. Assim, ao enviar o dinheiro, a pessoa não precisa digitar conta, agência, banco e outros detalhes, basta digitar a chave de quem vai receber a transferência.

Há duas semanas, uma história curiosa envolvendo o sistema de envio bombou nas redes sociais. Uma garota, bloqueada em todas as redes sociais do ex, fez várias transações de R$ 0,01 para o boy com mensagens pedindo para reatar o relacionamento. É que, caso você nunca tenha usado o app, junto com o dinheiro dá para mandar também mensagens de texto, normalmente para justificar o motivo da transferência.

O Banco Central informa que ainda não é possível bloquear números no PIX, mas existem outros meios de impedir esse contato indesejado. Para além da perseguição amorosa, tem jovem usando o PIX para falar com o contatinho e paquerar.

“Recebi R$ 2 do meu contatinho”
Bruna Souza, de 27 anos, é relações públicas. Ela conta que, um dia, rolando a timeline do Instagram, viu uma brincadeira sobre o pixsexuais e resolveu compartilhar em seus Stories. “Aqui é ruim de conversar, anotem meu o número do meu PIX”

Ela não esperava nada com o compartilhamento, até que recebeu uma transação de R$ 2 de um contatinho do passado. O melhor era o conteúdo da mensagem que chegou junto com o dinheiro: “Ele mandou o endereço da casa dele, pedindo para eu ir visitá-lo. O problema é que o endereço é de Taubaté e eu moro em São Paulo, capital”.

O engenheiro Rafael Savastano, 29, e Bruna se conheceram há cerca de um ano, mas como moram em cidades diferentes, não se viram em 2020 por causa da pandemia. “Na hora não acreditei. Respondi para combinarmos a visita, mas até agora não rolou”, conta Bruna.

Questionada sobre segurança e privacidade, Bruna diz que acha perigoso informar o número para estranhos e que Rafael já tinha seu telefone. “Essas coisas só acontecessem comigo”, brinca. Já Rafael conta que enviou o dinheiro para “fazer uma graça”. “Mandei só R$ 2 para ela no PIX porque ainda não sou rico. Senão mandava R$ 2 mil. Ela merece”, diz o engenheiro.

A especialista em finanças alerta para os riscos de usar o número de telefone como chave do PIX. “Não é uma coisa legal você sair por aí passando o seu contato para todo mundo, nem mesmo o CPF. Esse é o principal problema da ferramenta, informar dados pessoais para desconhecidos”, diz Júlia.

Atente-se aos riscos
Na hora de cadastrar uma chave, Júlia sugere que você, se não quiser informar seus dados pessoais, registre um número aleatório na ferramenta. “Uma sugestão é que, caso o usuário tenha conta em mais de um banco, em um ele use o telefone celular como chave do PIX e em outro ele registre um número aleatório”, explica.

Procurado, o Banco Central reforçou que não é possível bloquear contatos no método de pagamento. A única opção de bloqueio que o PIX oferece é em situações de fraude. O porta-voz do órgão recomendou, para aqueles que não desejam receber as mensagens que acompanham as transações, que desativem as notificações do aplicativo.

Por telefone, o BC informou ainda que não possui controle sobre o teor das mensagens enviadas entre os seus usuários e que inclusive palavras e conteúdos obscenos em texto não são bloqueados automaticamente pelo sistema. Sobre a quantidade de jovens que estão compartilhando dados pessoais no Twitter na tentativa de receber um PIX do contatinho, o disse que “essa não é uma preocupação que cabe ao Banco Central, nossa função é disponibilizar uma maneira prática, segura e fácil de enviar dinheiro”.

“Com o seu CPF e seu número de celular, qualquer um pode fazer um estrago”, alerta Júlia.

Paquerar é bom, mas é ainda melhor ter seus dados em segurança. Por isso, avalie os riscos na hora de publicar detalhes pessoais na internet. E quanto ao contatinho do passado e ao crush do presente que têm seu telefone e, consequentemente, sua chave de PIX? Aí não tem problema, peça para ele te mandar uma grana… vai que a cantada cola!

Fonte: UOL
Créditos: Polêmica Paraíba