À la Tyson

Jogador morde e mutila rival em partida de futebol

O ataque por mordedura mais famoso, e um dos mais agressivos, de que tenho conhecimento no terreno esportivo ocorreu em 1997, em uma luta de boxe em Las Vegas

No esporte, em qualquer um deles, a mordida ao pé da letra é expressamente proibida.

Além de uma infração, dar uma dentada no adversário é uma agressão, passível de punição.

O ataque por mordedura mais famoso, e um dos mais agressivos, de que tenho conhecimento no terreno esportivo ocorreu em 1997, em uma luta de boxe em Las Vegas (EUA).

Em combate válido pelo título mundial dos pesos-pesados, o americano “Iron” Mike Tyson (que batia muito bem com os punhos, mas não batia nada bem da cabeça) avançou duas vezes contra as orelhas do compatriota Evander “The Real Deal” Holyfield. Arrancou pedaço.

Consequência óbvia, Tyson foi desclassificado, perdendo a luta e um pouco mais da reputação – condenado por estupro, já tinha sido presidiário.

No futebol, o uruguaio Luis Suárez, que neste fim de semana teve atuação de gala ao fazer três gols pelo Barcelona no clássico espanhol contra o Real Madrid, tornou-se notório por, com sua arcada dentária protuberante, morder oponentes.

Ocorreu pelo menos três vezes. A última, inesquecível, na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, quando cravou os dentes no ombro do italiano Chiellini em partida em Natal (RN).

A Copa acabou ali para Luisito (meio desmiolado até então, hoje aparentemente controlado), que recebeu da Fifa, a entidade máxima do futebol, uma suspensão de nove jogos.

Essa tinha sido a última vez que eu soube de um ataque a dentes no âmbito dos esportes.

Isso até a semana passada, quando o site RevierSport publicou que na Kreisliga B (equivalente à oitava divisão na Alemanha) ocorreu um incidente do gênero – bem mordaz, aliás.

Foi na partida de domingo (21), um movimentado 3 a 3 entre o SV Preussen Eiberg e o Essener SG 99/06 II, na qual um jogador do Eiberg, em atitude feroz, deu uma mordida tão forte em um adversário que lhe deteriorou o nariz.

De acordo com  testemunhas (cem torcedores assistiram ao jogo), a atitude violenta ocorreu após desentendimento entre os jogadores em uma disputa de bola.

Os nomes dos envolvidos não foram divulgados por causa de legislação alemã que preserva a privacidade dos envolvidos em determinados acontecimentos.

A vítima foi levada a um hospital na região de Essen (oeste da Alemanha) para cirurgia de reconstrução facial, porém a falta da parte dilacerada do nariz teria impedido um reparo apropriado.

Jogadores dos dois times, encerrada a partida e com os ânimos menos exaltados, fizeram uma busca pelo campo, sem sucesso. Um dirigente do Essener SG aventou a possibilidade de o agressor ter engolido o fragmento nasal.

Relatos dão conta de que a mordida aconteceu aos 24 minutos do segundo tempo e que o atleta do Eiberg foi imediatamente expulso pelo árbitro.

A ficha do duelo, contudo, não reporta nenhum cartão vermelho, o que impossibilita sua identificação, diferentemente do atleta mordido.

Como nessa partida o Essener SG substituiu um jogador aos 29 minutos do segundo tempo, e ele não foi relacionado para a partida seguinte da agremiação, é factível deduzir que se trata do zagueiro Christopher Honnete, capitão do time nesse jogo.

Acionada no momento do ocorrido, a polícia acusou o agressor por dano corporal, e ele poderá ser julgado criminalmente.

No âmbito esportivo, a punição pode ser o banimento do esporte por até oito anos. O Eiberg suspendeu o atleta por tempo indeterminado.

Em tempo: Morder é também um jargão futebolístico que significa ficar em cima, marcar com afinco, não dar espaço ao adversário. Essa mordida pode.

Fonte: Folha de S.Paulo
Créditos: Folha de S.Paulo