O que a impunidade no caso Mariana Ferrer diz para as mulheres

A influenciadora digital Mariana Ferrer se tornou centro de noticias, em dezembro 2018 quando revelou ter sofrido violência sexual em um evento em que estava trabalhando, em Florianópolis.  A jovem não chegou a denunciar publicamente quem a havia estuprado,  mas a perícia chegou até a identidade do empresário André de Camargo Aranha, de 43 anos, pelas imagens da festa, e o tornou réu em 2019. Mariana como toda mulher que sofre abusos, foi julgada pelos que acreditavam que tudo não passava de um golpe. Não faltaram juízes para acusá-la de interesse financeiro. Ela viveu o que vivem grande parte das mulheres que denunciam abusos, um inferno! Agora em 2020 Mariana vê o homem que ela afirma ter cometido o crime, ser inocentado pela justiça.

Eis aí o motivo de tantas mulheres se calarem, eis aí nossa humilhação!

A dor de sofrer o abuso e a dor da injustiça se fundem. Não é atoa que muitas mulheres desistem de denunciar. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, acontece um estupro a cada 11 minutos, mas a mulher ainda é vista como a principal culpada pela sua própria violência sexual. Elas não querer reviver suas dores a troco de nada. Não querem revelar seus traumas e ter o apoio que lhes é de direito, negado. Não querem passar por um processo que machuca, humilha e deixa traumas. Nós convivemos com esse medo. Precisamos nos aprisionar porque homens assim vivem em nossa sociedade, são bem aceitos e conseguem apoio.

Podemos até nos perguntar se não existiam provas suficientes que comprovassem que André cometeu o crime. A resposta é não. A defesa de André apresentou entre seus argumentos, fotos sensuais que Mariana tinha em suas redes sociais. O que nos leva a entender que mulheres não devem postar fotos sensuais em suas próprias redes sociais, pois não serão consideradas vítimas o suficiente. Mas então qual a justificativa para o sêmen de André, encontrado na calcinha de Mariana? Para o Ministério Público de Santa Catarina, isso não é prova.

Provas suficientes existem, o que não existe é desculpa suficiente para tamanha impunidade que mulheres como Mariana precisam enfrentar!

Relembre o caso: Em 15 de dezembro de 2018, Mariana Ferrer, blogueira de moda conhecida como Mari Ferrer, trabalhava em um evento promovido pelo estabelecimento, em Florianópolis, como embaixadora da casa — divulgando o espaço nas redes sociais. Segundo a mãe da jovem, em entrevista para Universa concedida em novembro de 2019, ela chegou em casa do trabalho chorando muito, com o body e a calcinha que usava ensanguentados. A roupa que usava também estaria com forte odor de esperma. No dia seguinte, Mariana registrou um boletim de ocorrência de estupro. Em exame pericial feito com o esperma encontrado na roupa da jovem, foi constatado que o material era compatível com o DNA do empresário André de Camargo Aranha.

MOTIVOS PARA ABSOLVIÇÃO:

Entre os motivos apontados para a absolvição estão os argumentos da defesa de Aranha de que a blogueira conseguiu se deslocar para outro clube após o crime, e que isso mostraria que ela não estava em situação de vulnerabilidade.

A defesa também usou fotos sensuais de Mariana Ferrer nas suas redes sociais como provas de que a relação foi consensual. Além disso, funcionários do clube em que ocorreu a festa afirmaram que não perceberam mudança no comportamento da jovem. Ela também foi submetida a exames toxicológicos que testaram negativo para entorpecentes e álcool. A defesa explica que o motivo foi a demora para a realização dos exames.

Fonte: JOVEMPAN
Créditos: Polêmica Paraíba