aumento no número de casos e mortes

Em pior fase da pandemia, covid causa 1 a cada 4 mortes naturais do país

O aumento no número de casos e mortes em 2021 levou a covid-19 a ser a responsável por uma em cada quatro mortes por causas naturais no Brasil no mês de fevereiro, quarto mês seguido de alta nesse percentual.

O aumento no número de casos e mortes em 2021 levou a covid-19 a ser a responsável por uma em cada quatro mortes por causas naturais no Brasil no mês de fevereiro, quarto mês seguido de alta nesse percentual.

UOL analisou os dados que constam no Portal da Transparência da Arpen (Associação de Registradores de Pessoas Naturais) Brasil, que reúne informações dos cartórios de registro civil, classificadas pela causa-morte contidas nas declarações de óbito ocorridos no país.

O índice registrado em fevereiro é o maior até aqui na pandemia, com a covid-19 respondendo por 24,9% das mortes por causas naturais no país. A segunda maior média foi registrada um mês antes, em janeiro, quando esse índice foi de 24,4%.

“Esses números reforçam que nós estamos vivendo o pior momento da pandemia”, diz a sanitarista Bernadete Perez, vice-presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva).

Em 2020, o recorde foi alcançado em julho, pico da primeira onda, com a doença pelo novo coronavírus sendo responsável por 23,1% das mortes por causas naturais naquele mês.

Causas naturais são aqueles óbitos ocorridos por problemas de saúde de uma pessoa e excluem as chamadas causas externas, ou seja, acidentes, homicídios e suicídios. Antes da covid-19, doenças cardiovasculares eram as campeãs em óbitos no país.

Recorde no Amazonas

Os índices registrados no último mês variam quando separados por estado, sexo e idade.

No Amazonas —que enfrentou um colapso na saúde por falta de vagas em hospitais durante todo o mês de fevereiro—, por exemplo, esse percentual de mortes causadas pela covid-19 alcançou incríveis 63,9% dos óbitos por causas naturais cadastrados no portal da Arpen.

Já entre homens de 60 a 69 anos em todo país, esse percentual chegou a 40,4% das mortes por causas naturais em fevereiro.

O número total de mortes de fevereiro no portal ainda é parcial, já que há um prazo de até 15 dias para que as informações dos cartórios sejam enviadas e inseridas no cadastro.

Neste ano, pela primeira vez na pandemia, a média móvel diária de mortes ultrapassou o patamar de mil óbitos —no dia 14 de janeiro.

Em 2020, do dia 16 de março (quando houve a primeira morte confirmada no país por covid-19) até 31 de dezembro, 17,4% das 1.112.525 mortes por causas naturais registradas no Brasil foram causadas por covid-19. Neste ano, esse percentual já chega a 24,6%. A tendência é de alta.

Para Bernadete Perez, o percentual de mortes causadas pela covid-19 é “altíssimo” e completamente fora dos padrões para uma única causa. Mas ela não está otimista.

A gente está em um momento de curva em franca ascendência, de progressão geométrica, com explosão de casos, risco de novas e variantes. A situação é gravíssima, mas tem saída.
Bernadete Perez, vice-presidente da Abrasco

“A saída não vai ser pelo governo federal, que sabota todas as medidas de controle. É preciso, e é possível, a criação de uma frente ampla coordenada por governadores, prefeitos e instituições democráticas, articulando um plano de enfrentamento nacional à epidemia. Só assim vamos conseguir bons resultados”, diz.

Diferença na contabilidade

O portal da Arpen Brasil usa uma medição diferente dos dados do consórcio de imprensa, do qual o UOL faz parte, e do Ministério da Saúde, trazendo a contabilidade de mortes por dia do óbito.

No caso do consórcio e do ministério, essa contabilidade é feita com base nas confirmações de óbito por covid-19 das secretarias estaduais de saúde em 24 horas. Essa conta inclui mortes ocorridas em dias anteriores ao do registro, muitas vezes confirmadas laboratorialmente mais de um mês após o falecimento.

 

Fonte: UOL
Créditos: Polêmica Paraíba