A federação União Progressista, formada pelos partidos União Brasil e Progressistas (PP), decidiu nesta terça-feira (2) que todos os seus filiados deverão se desligar do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A decisão foi confirmada por cinco lideranças das siglas e marca um movimento político relevante, que inclui apoio formal à proposta de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cujo julgamento teve início nesta terça.
Com a decisão, os ministros André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo), ambos deputados licenciados por PP e União Brasil, respectivamente, deverão deixar os cargos.
A expectativa é que a saída ocorra até o fim de setembro, conforme acordo interno.
A medida foi alinhada pelos presidentes das legendas, Ciro Nogueira (PP) e Antonio Rueda (União Brasil), em reunião realizada na manhã desta terça com aliados. Uma declaração oficial à imprensa está prevista ainda para hoje.
Apesar do rompimento com o governo, há brechas para que indicações políticas dos dois partidos permaneçam em postos estratégicos.
O União Brasil, por exemplo, mantém o comando dos ministérios do Desenvolvimento Regional (com Waldez Góes) e das Comunicações (com Frederico de Siqueira Filho), ambos ligados ao senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), um dos principais aliados do Planalto no Congresso.
Alcolumbre também foi responsável pela indicação de Lucas Felipe de Oliveira à presidência da Codevasf.
Já o PP segue no controle da Caixa Econômica Federal, presidida por Carlos Vieira, nome indicado pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que também deve permanecer no cargo.
Cobrança de Lula e crise nos bastidores
A decisão dos partidos ocorre uma semana após o presidente Lula cobrar lealdade dos ministros do centrão durante uma reunião ministerial.
Na ocasião, o petista sugeriu que aqueles que não estivessem dispostos a defender seu governo deixassem os cargos.
As declarações geraram desconforto entre integrantes do União Brasil e do PP e aceleraram as discussões sobre o rompimento.
Segundo interlocutores, tanto Rueda quanto Ciro já defendiam o afastamento, mas enfrentavam resistência interna nas legendas, especialmente por conta das nomeações federais nos estados.
Durante o encontro, Lula também fez críticas pessoais. Disse que não pretendia ser amigo de Antonio Rueda e que a antipatia era mútua. Sobre Ciro Nogueira, lembrou que o senador foi ministro da Casa Civil de Bolsonaro e afirmou que ele não teria votos suficientes para se reeleger.
Movimentações internas e impacto no Congresso
Nos bastidores, os ministros Fufuca e Sabino ainda tentam articular sua permanência, buscando apoio político para evitar o afastamento.
Ambos têm intenção de disputar o Senado em 2026 e contavam com o respaldo de Lula em suas campanhas.
Apesar de ocuparem quatro ministérios e a presidência da Caixa, União Brasil e PP têm atuado nos últimos meses para fortalecer o nome de Tarcísio como alternativa de centro-direita à sucessão presidencial.
A saída formal das duas siglas do governo deve aumentar a fragilidade da base aliada de Lula na Câmara. A bancada governista cairia para 259 deputados, apenas dois acima da maioria mínima (257), o que tende a intensificar a instabilidade e as dificuldades do Planalto para aprovar projetos no Congresso.