descarrego com folha de guiné

Temer aparece de surpresa em convenção do PMDB e recebe benção de pai de santo

 

O presidente da República, Michel Temer, surpreendeu e, pouco mais de uma hora depois de cancelar sua participação na convenção nacional extraordinária do PMDB, apareceu no evento sem ser anunciado, na manhã desta terça-feira (19).

Ao subir no palco, ele foi benzido por um homem vestido de branco com folhas de guiné. “Vocês me revitalizam”, disse o presidente, no início de sua fala, saudando o “velho MDB”.

“Eu estava embaraçado em alguns compromissos aí, mas eu disse ao [senador Romero] Jucá que eu quero ganhar forças […] por isso que eu venho até aqui para saudar e cumprimentar a todos”, disse.

Temer disse que não poderia deixar de estar na convenção porque ganha “vitalidade” ao ver os correligionários. “Não é fácil enfrentar o que nós enfrentamos”, declarou. “Assim que assumimos o governo, nós conseguimos revitalizar o país”, complementou.

Ao cumprimentar a juventude do partido, ele foi aplaudido por alguns dos participantes do evento, e ouviu “urrus” de poucos correligionários. “Vocês viram que eu sei ganhar aplauso, né?”, comentou Temer, sorrindo.

Sobre o cancelamento da manhã, a Presidência havia informado que Temer permaneceu nesta manhã no Palácio do Jaburu, residência do presidente, e cancelou o compromisso por já estar com a agenda do dia muito cheia. Na avaliação de um assessor, a ausência do presidente não afetará as atividades da convenção nem impedirá a discussão do legado do governo do PMDB no evento.

No momento da chegada de Temer à convenção, parte dos participantes já havia deixado o Centro Internacional de Convenções do Brasil, na capital federal.

Na fala, o presidente também destacou as reformas promovidas pela gestão, como o teto de gastos públicos com prazo mínimo de 10 anos, a alteração estrutural do ensino médio e a modificação da legislação trabalhista.

O MDB RECUPERA MINHAS FORÇAS, DIZ TEMER

Segundo ele, a primeira está “dando certo”; a segunda, afirmou, contou com a ocupação de escolas, mas foi “enfrentada”; e a terceira, falou, já conta com “resultados” com os quais ele está “impressionado”. Ele citou brevemente a reforma da Previdência, cuja votação foi adiada para fevereiro por falta de apoio entre a própria base aliada, e disse que esta “não prejudica ninguém”.

“Todas as reformas fundamentais estão sendo feitas pelo PMDB. […] Temos a coragem de ser um governo reformista, coisa que ninguém [promoveu]. Não foi fácil pegar o governo como peguei, com uma oposição muito radical. Normalmente você tem um tempo de transição entre governos, mas nós não. Quando cheguei ao Palácio [do Planalto], a única preparação foi uma mocinha na recepção. Todos os arquivos tinham sido eliminados dos computadores”, declarou.

Embora tenha reconhecido a própria impopularidade, Temer disse que o reconhecimento ao trabalho do governo virá daqui a “alguns meses” com a melhora da economia.

Temer encerrou sua fala dizendo que, se pudesse dar um grito de guerra, diria: “viva o nosso MDB”.

Depois do breve discurso, Temer caminhou entre os correligionários, sendo bastante assediado.

Evento pretende mudar nome do partido

Na convenção, o PMDB pretende aprovar a mudança de nome para MDB (Movimento Democrático Brasileiro). A alteração ainda precisa ser validada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que registra os partidos políticos no Brasil. O procedimento, no entanto, é considerado protocolar.

Em 2017, outras duas legendas mudaram de nome: PTN virou Podemos, e PTdoB virou Avante.

Jucá manifestou a intenção de transformar “o novo MDB” em uma “força política em prol da sociedade brasileira”. Em agosto, a Comissão Executiva Nacional do partido já havia enviado ao tribunal um ofício solicitando a retirada do “P” de PMDB.

Na época, Jucá afirmou que o objetivo da alteração é resgatar a memória histórica do PMDB e retirar “o último resquício da ditadura” de dentro do partido.

Entre 1966 e 1979, durante o regime militar, o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) era o único partido nacional de oposição ao do governo (Arena) dentro do sistema do bipartidarismo instaurado no país após a edição do Ato Institucional nº 2, de 1965 –que extinguiu os partidos existentes.

A convenção foi inicialmente convocada para 27 de setembro, mas foi adiada porque o partido estava às voltas com a segunda denúncia oferecida contra o presidente Michel Temer, posteriormente rejeitada pela Câmara.

O estatuto não será alterado, mas discutido. Jucá anunciou que o partido vai apresentar, no final de março do ano que vem – quando a legenda realizar sua convenção nacional ordinária – a nova estrutura de organização partidária, depois de discussão entre os diretórios estaduais.

 

Fonte: UOL
Créditos: Luciana Amaral e Gustavo Maia