Política

TCU considera 'intimidação' afastamento de ministro de processo

Para relator, ação mostra incapacidade do governo para contestar voto no TCU

TCU considera 'intimidação' afastamento de ministro de processo

 

ministro tcuÀs armas O pedido de afastamento de Augusto Nardes do julgamento das contas de Dilma Rousseff no TCU foi recebido por ministros do tribunal como uma “intimidação” do Planalto à atuação da corte. Em conversas com integrantes de sua equipe, o relator do processo disse que não era o único alvo e que o governo tentava “desqualificar” um trabalho coletivo e a própria instituição. “Me atacam porque não podem responder tecnicamente ao nosso parecer”, disse a um colega de plenário.

Aviso prévio A equipe que defende Dilma no tribunal informou antes a ministros da corte a decisão de pedir a saída de Nardes do caso. A avaliação é que a proposta foi “compreendida”, mas não “bem recebida” por integrantes do Tribunal de Contas.

Precificado O governo diz ter calculado a possibilidade de que o pedido tivesse uma “reação inversa” e acabasse por incomodar os outros integrantes por um “espírito de corpo” da corte.

O dobro ou nada Para os auxiliares de Dilma, valia a pena arriscar diante da rejeição aguardada para a sessão de quarta-feira, o que poderia fazer recrudescer os ânimos da oposição para levar adiante o pedido de impeachment.

Ser… Líderes que encabeçam as articulações pela saída da petista já se dividem sobre a legitimidade de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para conduzir o processo, após a revelação da existência de contas na Suíça atribuídas a ele— o que o peemedebista nega.

ou não ser Relatam pressão em suas bases para abandonar Cunha. “Não dá para subir à tribuna e pedir o impeachment em uma sessão presidida por alguém que é investigado por ter contas lá fora”, diz um dos que estão à frente do movimento.

Olhos fechados A posição majoritária, no entanto, é a de tocar o processo com Cunha à frente da Câmara. A avaliação é que a transferência da decisão ao plenário evita a contaminação e que nenhum outro presidente terá coragem de enfrentar Dilma.

Menos mal Embora tenham se manifestado publicamente contrários à fusão dos ministérios do Trabalho e da Previdência Social, líderes sindicais acham que a indicação de Miguel Rossetto para o posto compensou a frustração. O petista já havia retomado encontros com as centrais.

Super sincero 1 A bancada do PMDB se irritou com o novo ministro Celso Pansera (RJ), que disse ter sido escolhido para a Esplanada por ter “gana” e questionou qual outro deputado “chega [a Brasília] na segunda-feira e vai embora só na sexta”.

Super sincero 2 “Ele quer dizer que toda a Câmara é preguiçosa? Ele que venha pedir votos para Dilma. Vai escutar que não estou com gana para apoiá-la”, promete um peemedebista.

Olha eu aqui Também foi mal recebida pelos deputados do PMDB a omissão à bancada entre seus avalistas para o cargo —em entrevista, Pansera citou até um prefeito do PSD, mas não fez menção aos colegas da Câmara.

O sujo… Já os governistas do PMDB se dizem surpresos com a presença dos deputados de Santa Catarina na lista dos 22 que que condenaram a “barganha” do partido por cargos no governo federal.

… e o mal lavado O grupo lembra que, após lobby, os catarinenses conseguiram emplacar os presidentes da Eletrosul e da Embratur.

Tio Sam O primeiro país que deve ter seus turistas dispensados da exigência de visto para visitar o Brasil durante a Olimpíada do Rio são os Estados Unidos. Os norte-americanos são os que mais gastam dinheiro, em média, em sua passagem pelo país.

The Godfather O senador Romero Jucá (PMDB-RR), que se casou no sábado, chegou à cerimônia ao som da trilha de “O Poderoso Chefão”.

TIROTEIO

A decisão do STF só reforça a tese de que no Brasil funciona a democracia real. Ninguém está acima da lei, nem um ex-presidente.

DE ROBERTO FREIRE (PPS-SP), sobre o ministro Teori Zavascki autorizar a Polícia Federal a ouvir o ex-presidente Lula em inquérito da Lava Jato.

CONTRAPONTO

Não é bem assim

Logo depois do ato de filiação de Marta Suplicy ao PMDB, o vereador peemedebista Ricardo Nunes se dizia impressionado com o tamanho da força política da senadora e dizia acreditar que ela vence fácil a disputa interna para a eleição à Prefeitura de São Paulo.

Para confirmar seu diagnóstico, reuniu um grupo de militantes na porta do Tuca e perguntou um a um:

—Em uma convenção para decidir entre Marta e Chalita quem será o candidato do PMDB, em que você vota?

Depois de seis respostas a favor do secretário de Educação de São Paulo, Nunes soltou:

—É, acho que estou enganado…

Folha de S. Paulo