Tarifas dos EUA

Tarifas de Trump podem baratear carne, café e suco de laranja no Brasil

Com restrições às exportações, os produtos brasileiros devem permanecer no país, aumentando a oferta interna e provocando uma queda temporária nos preços.

Foto: Victor Moriyama/Bloomberg
Foto: Victor Moriyama/Bloomberg

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pode provocar uma queda temporária nos preços de alimentos no Brasil.

A medida, anunciada em 9 de julho e com previsão de entrada em vigor a partir de 1º de agosto, afetará itens como carne bovina, frango, ovos, café e suco de laranja.

Com a imposição da tarifa, esses produtos podem deixar de ser exportados aos EUA e passar a ser distribuídos no mercado interno, aumentando a oferta e reduzindo os preços.

Impacto das exportações

Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, comentou que o impacto mais significativo poderá ser sentido no setor de carne bovina, já que os EUA são o segundo maior comprador desse produto brasileiro.

Ele afirmou que a queda de preços deve ser passageira e alertou para a necessidade de acompanhar os efeitos da medida com cautela.

Santin também lembrou que a carne bovina brasileira é amplamente utilizada na produção de hambúrgueres, o que pode elevar os preços nos Estados Unidos.

Relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos

O ex-ministro da Fazenda e ex-embaixador do Brasil nos EUA, Rubens Ricupero, também comentou o tema no programa Canal Livre, da Band. Ele comparou a postura do governo Trump a uma “diplomacia de mafiosos” e disse que, diante da personalidade de Trump, “o máximo que você pode obter dele não é uma solução do problema, é a extensão dos prazos”.

Para Ricupero, o Brasil precisa agir rapidamente e explorar todos os canais diplomáticos, incluindo o Congresso americano e o setor privado, para tentar reverter a medida.

O Brasil não é 100% dependente dos EUA

Ricupero destacou ainda que o Brasil não é excessivamente dependente do mercado norte-americano, mas lamentou a falta de investimentos no país.

“Se a nossa política fosse eficiente, estaríamos em situação bem melhor”, afirmou, apontando que o país não cresce de forma significativa desde os anos 1980, em parte devido à baixa taxa de investimento que atualmente é inferior a 17% do PIB.

Cenário global

Por fim, ele abordou o cenário internacional, mencionando a perda de influência dos EUA desde o fim da Segunda Guerra Mundial e o fortalecimento da China, especialmente entre países em desenvolvimento como o Brasil.

Apesar de demonstrar preocupação com a ausência do presidente chinês na última cúpula do BRICS, Ricupero destacou a importância do bloco e o protagonismo que o governo brasileiro tem buscado exercer nele.