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ROMPIMENTOS HISTÓRICOS: Relembre os casos mais famosos de brigas entre Prefeitos e Vices na política paraibana

A formação de uma chapa é algo que tem de ser feito de forma muito estratégica. Alianças políticas são estruturadas em torno de indicações, similaridades de ideias e acordos que muitas vezes duram por mais de uma geração.

Arte: Marcelo Jr

A formação de uma chapa é algo que tem de ser feito de forma muito estratégica. Alianças políticas são estruturadas em torno de indicações, similaridades de ideias e acordos que muitas vezes duram por mais de uma geração.

Mas nem sempre essas parcerias duram todo o mandato. Desacordos, brigas e acusações de traição, são algumas das razões colocadas como motivos para o rompimento dessas alianças.

Nessa matéria, o Polêmica Paraíba irá trazer aos leitores, oito casos famosos de rachas entre Prefeitos e seus Vices, que conseguiram abalara toda a estrutura política da Paraíba.

Arte: Marcelo Jr

A primeira vitória de Ricardo Coutinho em 2004 foi costurada em uma aliança com o MDB e o então Senador José Maranhão, para pensar em uma chapa que derrotasse os Cunhas Lima em João Pessoa. O escolhido para ser o vice de Ricardo, foi Manoel Júnior, que optou por largar seu mandato na Assembleia.

Manoel resolveu disputar a Câmara em 2006, quando se elegeu Deputado Federal, abrindo espaço para um novo Vice, na reeleição de Coutinho em 2008

O escolhido foi o Secretário de Planejamento Luciano Agra, que nunca tinha tido disputado um cargo público e que se filiou ao PSB, formando uma chapa puro-sangue. A união entre Ricardo e Agra venceu João Gonçalves com uma larga vantagem, solidificando o nome do Prefeito como um provável candidato ao Governo em 2010.

No dia 31 de março de 2010, Ricardo Coutinho decide renunciar a Prefeitura da Capital e deixa Agra no comando em uma situação confortável com uma aprovação expressiva, visando a continuidade do grupo no pleito de 2012. O socialista conseguiu ser eleito Governador em um segundo turno elétrico contra o saudoso José Maranhão, se transformando na principal figura da política paraibana naquele momento.

A escolha do nome da situação em 2012 parecia ser confortável, o Prefeito Luciano Agra tinha boa aprovação da população e caminhava para uma vaga no segundo turno.

Em janeiro, Agra decide abrir mão de ser pré-candidato, mas, no dia 30 de maio, volta atrás e garante que queria retomar a candidatura, inclusive pedindo ajuda à direção nacional do PSB.

Mas as ideias de Coutinho eram diferentes e o Governador bateu o pé pela candidatura de Estela Bezerra, que era uma completa desconhecida do grande público paraibano. Após muitas brigas na justiça, uma prévia foi realizada onde Estela ganhou por uma margem tranquila, se tornando o nome de Ricardo.

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O rompimento de Agra com Ricardo abriu portas para a aliança entre Luciano Cartaxo e Nonato Bandeira. Magoado com o amigo de mais de 30 anos, o Prefeito decidiu se desfiliar do PSB e apoiar a candidatura de Nonato, que na época era Secretário de Comunicação do Governo Coutinho.

Após algumas conversas foi decidido que o grupo de Agra e Bandeira iria ficar ao lado da candidatura de Luciano Cartaxo que aparecia com apenas 4% nas primeiras pesquisas de opinião. Cartaxo tinha a força da aprovação do Governo Dilma, mas tinha como adversários José Maranhão, Cícero Lucena e Estela Bezerra, apoiada pelo Governador.

O apoio de Agra se mostrou primordial e Luciano venceu os dois turnos de forma categórica, naquela que até hoje, é a maior vitória do PT na política paraibana.

O distanciamento entre Cartaxo e Bandeira ficou nítido com o passar do primeiro mandato do Prefeito. E no dia 11 de abril de 2016, Nonato rompeu publicamente com Luciano citando problemas em obras e um isolamento na gestão, enquanto Luciano criticava o apoio a Cássio Cunha Lima na disputa contra Ricardo em 2014, como o começo do fim da relação entre os aliados.

Na eleição municipal de 2016, Nonato decidiu retornar à base do Governador, apoiando à candidatura de Cida Ramos, que foi derrotada facilmente por um Cartaxo, que na época já estava filiado ao PSD.

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Após ser Prefeito entre 1989 e 1992, Cássio Cunha Lima retornou a Prefeitura de Campina Grande em uma chapa puro-sangue ao lado de Lindaci Medeiros. Visando a reeleição em 2000, Cássio costura uma aliança com o PT e a Vereadora Cozete Barbosa, que tinha tido uma votação surpreendente na disputa pelo Senado em 1998, ficando na terceira colocação ao atingir mais de 200 mil votos.

A chapa se mostrou implacável atingindo mais de 70% dos votos, mesmo tendo como adversários, o ex-Prefeito Enivaldo Ribeiro e o Deputado Estadual Vitalzinho, dois representantes de famílias tradicionais na política campinense.

Em 5 de abril de 2002, Cássio decidiu renunciar a Prefeitura de Campina Grande, para disputar o Governo do Estado, contra o Vice-Governador Roberto Paulino, apoiado pelo ex-aliado do clã Cunha Lima, José Maranhão. Mesmo com a vitória de Cássio, a aliança entre Cozete e o Governador não durou muito tempo, o que acabou ajudando a terminar o domínio da família Cunha Lima em Campina Grande.

A Prefeita decidiu sair candidata a Prefeitura em 2004, sem o apoio do seu antigo colega de chapa. Com isso o grupo do Governador que tinha ido para o PSDB em 2001, decidiu apoiar o Deputado Estadual Rômulo Gouveia, tendo como vice a então estreante na política Daniella Ribeiro, em uma jogada que não seria pensada antes da eleição pois seu pai Enivaldo Ribeiro, havia perdido as últimas quatro eleições contra o Clã Cunha Lima.

Veneziano Vital que era considerado um azarão no começo das eleições, tinha tido uma boa votação na disputa pela Câmara Federal em 2002. Vital decidiu sair do PDT onde tinha feito toda sua carreira política para se filiar ao MDB, formando uma chapa puro sangue ao lado de José Luiz Júnior.

O primeiro turno foi mais disputado do que se imaginava no começo da eleição, pois com a máquina do Governo e o histórico de vitória dos Cunha Lima, a tendência era uma vitória tranquila de Rômulo, mas o que aconteceu foi uma vantagem mínima para o Deputado Estadual, 89.730 votos (45,73%), contra 82.917 (42,26%) de Veneziano.

No segundo turno Cozete que chegou a ter quase 19 mil votos, decidiu apoiar a oposição, ocasionado em uma virada memorável, com Veneziano vencendo com uma vantagem de apenas 790 votos, 101.900 (50,19%) x 101.109 (49,81%), quebrando a hegemonia de 22 anos da família Cunha Lima em Campina.

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A aliança entre a família Ribeiro e o grupo de Romero Rodrigues vem da eleição de 2016, quando Enivaldo Ribeiro foi eleito Vice na reeleição de Romero, na disputa contra Veneziano.

Para a sucessão do Prefeito, os dois nomes ventilados foram o do Deputado Estadual Tovar Correia Lima e do suplente de Deputado Federal, Bruno Cunha Lima. Após muita deliberação, Bruno foi o escolhido, tendo como Vice, o Secretário Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação da cidade, Lucas Ribeiro.

A dupla seguiu o ritmo de vitórias, derrotando Ana Cláudia Vital, esposa do Senador Veneziano e o Deputado Estadual Inácio Falcão. O rompimento entre os dois só aconteceu em virtude das eleições do ano passado.

Lucas foi alçado a Vice na chapa do Governador João Azevêdo, ratificando a parceria entre o Governador e os Ribeiros, o que inviabilizou a continuidade da aliança, citando as próprias palavras do Prefeito, “Não dá para ser aliado administrativo e adversário político”.

Bruno irá disputar a reeleição de 2024, contra o grupo do Governador e podendo ter como adversários, a mãe de Lucas, Daniella Ribeiro ou até o seu padrinho político, Romero Rodrigues.

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O Prefeito Epitácio Leite Rolim, preferiu não disputar a reeleição em 2000, apresentando o nome do médico Carlos Antônio que não tinha experiência na política e que prometia uma ideia inovadora durante a campanha.

Carlos Antônio escolheu como Vice, o Padre Francivaldo, firmando um compromisso de que a cidade teria dois Prefeitos. Com essa novidade, a população decidiu apostar na dupla, que venceu com quase 5 mil votos de diferença para o ex-Prefeito Vituriano de Abreu.

Três meses após a posse, os sintomas da distonia entre prefeito e vice-prefeito começavam a aparecer em uma entrevista do Padre. Indagado se não se sentia excluído da administração municipal, Francivaldo admitiu alegando que é assim mesmo que funciona na prefeitura por questão de estilo. “Meu jeito de governar é diferente do prefeito”.

A ruptura ficou ainda mais aparente nas eleições de 2002, quando ao invés de apoiar seu Vice na disputa pela Assembleia, o Prefeito firmou parceria com José Aldemir, deixando Padre Francivaldo apenas na quinta colocação dentro de Cajazeiras.

Na disputa pela reeleição de Carlos Antônio em 2004, um grupo forte de oposição se colocou para destronar o Prefeito. Esse grupo contava com os ex-Prefeitos Epitácio Leite Rolim, Vituriano de Abreu e Antonio Quirino de Moura e do então Vice-Prefeito Padre Francivaldo, em torno da candidatura de Léo Abreu, filho de Vituriano.

Mesmo contra uma oposição numerosa e influente, Carlos Antônio conseguiu se reeleger ao atingir 16.766 votos (55,74%), contra 13.312 (44,26%) de Abreu.

Arte: Marcelo Jr

Francisca Motta iniciou sua carreira política em 1992, candidatando-se a Vice-prefeita de Patos, numa chapa encabeçada por Ivânio Ramalho, vencendo o sobrinho da Prefeita Geralda Medeiros, Dinaldo Wanderley.

Em 1994 renuncia ao cargo de Vice-prefeita para se lançar candidata a Deputada Estadual, e é eleita pela primeira vez com 16.800 votos. No pleito de 1996, se afasta do cargo da Assembleia, para sair candidata à Prefeita de Patos, mas não obteve êxito, na qual ficou em segundo lugar, sendo derrotada por Dinaldo Wanderley.

Após quatro mandatos consecutivos na Assembleia, Francisca se coloca como candidata do grupo de Nabor Wanderley, que tinha sido eleito em 2004 e 2008.

Para compor a chapa, o escolhido foi Lenildo Morais, em uma parceria inédita entre MDB e PT para uma disputa municipal em Patos. A dupla se saiu vencedora ao derrotar Dinaldinho Wanderley em uma disputa relativamente tranquila.

Em março de 2016, Lenildo e a Prefeita rompem a aliança, se somando a posse de Morais como Prefeito, após o afastamento de Motta, em decorrência da Operação ‘Veiculação’.

No pleito de 2016, Nabor volta como candidato do grupo da Prefeita, mas acaba perdendo a eleição para Dinaldinho Wanderley. Lenildo também disputa o pleito, ficando na terceira colocação.

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A aliança entre o até então Prefeito interino Vitor Hugo e Aguinaldo Silva, começou acidentada antes mesmo da formação da chapa em 2018.

Vitor Hugo assumiu a Prefeitura interinamente, após o escândalo que ocasionou na prisão do Prefeito Leto Viana. Como ainda tinham se passado menos de dois anos do mandato de Leto no momento de sua prisão e com sua renúncia no final do mesmo ano, foram marcadas eleições suplementares, que cobririam o resto do mandato de Viana.

O Prefeito tinha como principal aliado o PSB, partido do Governador Ricardo Coutinho. A legenda indicou o nome do radialista Aguinaldo Silva, que já havia feito fortes comentários sobre Vitor Hugo nas redes sociais, criticando o até então Vereador e inclusive tendo feito um pedido de intervenção político-administrativo em Cabedelo, onde citava o fato de Vitor Hugo, ter sido ligado politicamente ao ex-prefeito Leto Viana.

Mesmo com todas essas divergências, a aliança foi formada em dezembro de 2018 e se sagrou vencedora na eleição suplementar no dia 17 de março de 2019. No mês de setembro, conversas vazadas mostraram o descontentamento de Aguinaldo com a aproximação de Vitor Hugo, com partidos de direita, o que causou surpresa no Prefeito, que afirmava não existir motivo para um rompimento entre os dois.

Na eleição de 2020, o Prefeito trouxe o até então estreante Mersinho Lucena para ser seu companheiro de chapa, vencendo o pleito com quase 70% dos votos. Aguinaldo, concorreu como Vice da chapa encabeçada por Cézar Silva, também do PSB, que ficou apenas na sexta colocação.

Arte: Marcelo Jr

A cidade de Santa Rita passou por vários momentos turbulentos após a vitória de Reginaldo Pereira na eleição de 2012. Reginaldo era um velho conhecido na cidade, tendo sido eleito Vereador pela primeira vez no ano de 1963.

Após perder a disputa pela Prefeitura em 1982 e 88, Pereira volta a ser Vereador entre 1993 e 2000, quando tenta mais uma vez a Prefeitura ficando na segunda colocação, feito que se repete no pleito de 2004. Após quatro tentativas, Reginaldo se junta ao suplente de Vereador, Netinho e finalmente se torna Prefeito, ao derrotar o Vereador Adones, candidato do então Prefeito Marcus Odilon.

Netinho decidiu romper com Reginaldo em março de 2014, citando não ter tido nenhuma de suas propostas levadas em consideração pelo Prefeito, nos 14 meses de gestão. Logo após o rompimento, Pereira foi cassado pela Câmara Municipal em abril de 2014, acusado de contratar 20 parentes e de alugar imóveis de familiares para a Prefeitura.

Netinho assumiu o poder, mas durante todo o ano de 2014, ele e Reginaldo disputaram a gestão do município na Justiça, com a volta de Pereira ao poder no mês de dezembro, após a anulação da cassação. Em setembro de 2015, uma decisão do juiz Gustavo Procópio Bandeira de Melo, determinou um novo afastamento do Prefeito e o retorno de Netinho ao cargo.

Toda essa confusão atrapalhou o desenvolvimento de Santa Rita e fez com que Netinho decidisse por não disputar a reeleição em 2016,  abrindo espaço para a vitória de Emerson Panta, que havia sido derrotado como Vice de Adones na eleição de 2012.

Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba