Paraíba - As articulações da oposição para as eleições de 2026 na Paraíba podem estar prestes a sofrer um racha importante. De um lado, o senador Efraim Filho (União Brasil) avança nas conversas com o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Do outro, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) rechaça qualquer possibilidade de dividir palanque com aliados do bolsonarismo — mesmo que isso signifique romper uma aliança com o próprio Efraim.
Em entrevista à rádio CBN nesta terça-feira (15), Efraim confirmou que há tratativas com o PL, que podem incluir sua filiação ao partido comandado na Paraíba pelo ex-ministro Marcelo Queiroga. O movimento é visto como parte de sua estratégia para disputar o Governo do Estado, em meio ao desconforto com a federação entre União Brasil e PP — este último, partido do vice-governador Lucas Ribeiro.
“Esse diálogo reforça estratégia de unidade da oposição. PL nacional tem demonstrado foco no Senado. Fui procurado para concretizar aliança ao governo. Essa unidade seria muito bem-vinda. A oposição tem dado uma aula de articulação”, afirmou Efraim, sinalizando para uma frente ampla oposicionista.
Mas a unidade proposta encontra um obstáculo ideológico de peso.
No programa Frente a Frente, da TV Arapuan, nesta segunda-feira (14), Veneziano fez um apelo público a Efraim para que ele repense a aproximação com o bolsonarismo. “Meu palanque é do presidente Lula. Eu não estarei do lado de um projeto bolsonarista”, cravou o emedebista, indicando claramente que, caso Efraim ingresse no PL, a parceria entre os dois pode não sobreviver.
“Eu não vou deixar de ter o meu palanque, mantendo coerentemente o que sempre defendi. Não tenho condições. Uma candidatura do PL a representar o bolsonarismo, eu não posso, tenho respeito a todas as opiniões, mas não posso dar convergências ao que temos observado ontem no passado e hoje. Como vou estar num palanque cuja candidatura do PL é a candidatura do bolsonarismo?”, reforçou Veneziano.
O posicionamento acende o alerta para um possível racha no campo oposicionista da Paraíba, que até então vinha ensaiando um discurso de unificação visando 2026. Caso Efraim opte por se filiar ao PL, o cenário indica que Veneziano deverá seguir em outra direção, mantendo aliança com o campo progressista e com o presidente Lula (PT).