Política

Qual o interesse dos deputados paraibanos na defesa a Eduardo Cunha? - Por Laerte Cerqueira

Manoel Junior, Wellington Roberto e Hugo Motta tumultuaram a sessão e votaram contra o relator

Qual o interesse dos deputados paraibanos na defesa a Eduardo Cunha? - Por Laerte Cerqueira

wellington robertoCom objetivo de pensar o momento econômico que vive o país e a Paraíba, o Sindfisco iniciou, ontem, o Fórum de Atualidades. Tributaristas, economistas e especialistas em contas e gestão públicas debatem nossa situação, em suas várias vertentes. O encontro vai até hoje. Destaco aqui a primeira reflexão de ontem, feita pelo economista Márcio Porchmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, uma das mais respeitadas do país. Márcio fez uma análise da situação econômica, sem descola-la das questões políticas e dos momentos históricos.

Em resumo, afirmou que vivemos um esgotamento de um modelo político que começou na Nova República, que continuamos repetindo velhos atos sem rupturas, com acordos feitos “por cima”, como aconteceu em, praticamente, todos os grandes fatos políticos do país. Acredita que nosso crescimento, desde o fim da ditadura, é medíocre. Com crescimento pequeno e com renda per capita de fazer desgosto. Márcio usou como exemplo dados de 1980, quando o país tinha uma renda per capita, em média, de R$ 8 mil dólares. Hoje, não passam de 11 mil dólares. Muito menor que a média ideal 40 mil/ano.

O economista criticou ainda nosso sistema político que, segundo ele, é arcaico, dependente totalmente do sistema econômico. Deu como exemplo o nossa representação, baseada na bancada ruralista, que tem hoje 272 congressistas. Ele questiona o tamanho desse grupo num país urbano, que tem uma pauta urbana que precisa ser debatida, mas morre no arcaísmo do comportamento político. De acordo com ele, como acreditar e confiar nesse sistema de representação quando boa parte dos deputados federais eleitos declarara ao TSE que se elegeu com um gasto médio de R$ 4 milhões. Dinheiro que, segundo ele, não se “apura” guardando na poupança todos os salários e gratificações. “O sistema político deturpa o sistema de representação”.
Outro ponto que vale destacar é quando ele estabelece a relação entre o Estado e o mercado. Para ele, controlados por máfias da saúde, do transporte, da merenda escolar, do lixo. “A relação do Estado com o mercado não se alterou de 1960 para cá”. O professor lembrou que grandes obras como Transamazônica e a ponte Rio-Niterói, foram feitas com esquemas de corrupção, principalmente porque naquela época a imprensa não era livre. Esse modelo de “desvio” de hoje tem uma semente da época em que as grandes empreiteiras cresceram no Brasil.

Márcio finalizou alertando que estamos caminhando para uma grave crise bancária. Porque as maiores empresas, empreiteiras do país estão paralisadas pelas investigações da Lava Jato. Paradas, mas com dívidas nos bancos que chegam a R$ 3 trilhões. “Estão paralisadas, não possuem receitas, não pagam os bancos. Estamos diante de problemas complexos” que, segundo ele, precisa de reformas complexas e não de atos simples, anda acontecendo por aí.

Otimismo
“Com a casa pegando fogo nessa época, eu digo: que casa linda iluminada para o Natal”, disse Buega Gadelha, da Fiep, exemplificando o tamanho do seu otimismo, em meio a crise.

Terror
Segundo Buega Gadelha, a mídia tem contribuído com o sangramento do governo, com artilharia pesada, “terror”, que têm prejudicado a economia e a recuperação do país. “Eu acho que feito o ajuste fiscal sairemos da crise rapidamente”.

Cassação de Cunha

A Ordem dos Advogados do Brasil e suas seccionais resolveram entrar no debate público e anunciaram que defendem a cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e do senador Delcídio do Amaral. O presidente da Ordem na Paraíba, Odon Bezerra, votou a favor do afastamento.

Tentaram
Os paraibanos, Hugo Motta, Manoel Júnior e Wellington Roberto, estão tentando segurar o processo de cassação de Cunha no Conselho de Ética. Todo mundo pergunta: qual o motivo?

Se colar
Ontem, Wellington Roberto (PR), sempre sumido da mídia, apresentou voto separado com a proposta de uma punição alternativa. Nada de cassação. Se colar, colou.

Enfim
Com atraso, o presidente nacional do PT, Ruy Falcão, resolveu defender a cassação de Cunha. Vivia uma contradição: “negou solidariedade” a Delcídio e silenciava em relação a Cunha.

Faísca
Quando todos pensavam que o deputado estadual Ricardo Barbosa iria levantar a “bandeira branca” e evitar faísca, ele foi à tribuna e tocou mais fogo. Culpou Tovar pela discussão da semana passada.

Controlado
O encontro dos deputados para discutir a postura beligerante na AL foi no Hotel Sapucaia, na Orla da Capital, com muito chá de camomila. Quem esteve lá, disse: “não resolve, tem que ser remédio controlado”.

Com PMDB
Marcondes Gadelha (PSC) revelou que fica, por enquanto, com Manoel Júnior (PMDB), pré-candidato a prefeito de JP. A afirmação foi feita, ontem, na CBN.

Jornal da Paraíba