Manifestação de partidos de esquerda, centrais sindicais e movimentos sociais reúne entre 500 e 3 mil pessoas em SP
Manifestação a favor do PT reuniu entre 500 e 3 mil pessoas neste sábado em São Paulo: partido avalia que é preciso mobilizar mais – Fernando Donasci / Agência O Globo
SÃO PAULO – O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse neste sábado, em discurso no ato em favor do governo Dilma e da democracia, na Praça da Sé, em São Paulo, que “o voto popular não pode ser revogado por um grupo de golpistas”, em referência às tentativas de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Ele acrescentou que a Operação Lava-Jato contribui para a “criminalização do PT e, consequentemente, para a criminalização de movimentos sociais”.
— Vejam essa operação Lava-Jato. Não podemos aceitar que, em nome do combate à corrupção, façam apenas investigações seletivas, tentando criminalizar somente o PT. Na semana passada, condenaram o companheiro João Vaccari (ex-tesoureiro do PT) sem provas, somente com delações.
Presente ao ato, o presidente da CUT, Vagner Freitas, diz que a central apresentará no próximo dia 13, em seu congresso, uma plataforma de medidas para contrapor a atual política econômica.
— Vamos apresentar uma plataforma econômica popular. Não achamos que o ajuste é política de governo. Somos favoráveis a emprego e renda. A CUT acha que a alternativa à crise não é somente cortes. No próximo dia 13, apresentaremos propostas para abaixar os juros, baratear o crédito e utilizar o compulsório dos bancos para financiar o crédito dos trabalhadores do setor privado.
Segundo o diretório municipal do PT em São Paulo, três mil pessoas compareceram ao ato deste sábado na Praça da Sé. Números extraoficiais da PM, no entanto, falam em 500. Rui Falcão reconheceu que o partido precisa de mais mobilização.
— Precisamos mobilizar mais gente. Mas eu sei que quem passou aqui tem compromisso de luta.
‘LULA NÃO TEM NADA A TEMER’, DIZ FALCÃO
Sobre o pedido de investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF) do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja ouvido como testemunha em inquérito da Operação Lava-Jato, Rui Falcão declarou:
— É natural, as instituições estão funcionando, não precisaria pedir autorização porque ele não tem foro especial. O promotor (que fez o pedido) quis aparecer. como tantos outros e fez essa proposta. O Lula não tem nada a temer. Se for chamado para depor como testemunha, irá.
A Frente #Todospelademocracia – formada por partidos políticos (PT, PCdoB, PDT e PCO), por centrais sindicais (CUT e CTB), movimentos estudantis (UNE, UBES) e sociais, como os de luta por moradia – realizou neste sábado, na Praça da Sé, um ato em defesa da democracia, do governo da presidente Dilma Rousseff e do PT.
O vereador Paulo Fiorilo, presidente municipal do PT, disse que o ato deste sábado foi principalmente uma defesa do governo Dilma e do PT e contra a “criminalização dos movimentos sociais”
– Não podemos tolerar a criminalização dos movimentos sociais e do PT. Estamos aqui porque entendemos que é nas ruas que temos de defender a democracia. O PT é um partido que se construiu nas lutas e nós vamos continuar lutando.
Rui Falcão declarou ainda que as alternativas de discutir a economia “tanto no nosso campo quanto no campo dos economistas de direita, do PSDB, são saudáveis”. Emídio de Souza, presidente estadual do PT de São Paulo,criticou a política econômica e ajuste fiscal do governo federal e disse que na próxima segunda-feira a Fundação Perseu Abramo, criada pelo PT, apresentará um documento de alternativas às diretrizes propostas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
— Há uma insatisfação do PT, que no congresso do partido pediu uma nova política econômica, que gere emprego, melhor. Se um ajuste tiver de ser feito, que seja com os que podem mais pagando, não com trabalhador. Vamos apresentar (pela Fundação Perseu Abramo) um conjunto de medidas econômicas que nós acreditamos que sejam alternativas a essa que está posta pelo Joaquim Levy. De fato há uma insatisfação da base do PT com essa política econômica e nós apelamos para que ela faça essas mudanças — declarou.
Barracas venderam cervejas, refrigerantes, doces, sanduíches e até camisetas e bonés com a estrela da legenda. A camiseta custa R$ 18; o boné R$ 15. Numa das barracas havia um cartaz pedindo a liberdade do João Vaccari Neto. Um cartaz exigindo a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, também foi exibido.
A auxiliar de limpeza Patricia Batista Cavalcanti, de 47 anos, afirmou ter ido à manifestação por defender a democracia e políticas de moradia popular.
– Sou contra o golpe, mas acho que a política tem de melhorar para todos. Somos pela democracia e da luta por moradia.
A doméstica Florizete Souza, de 57 anos, disse que não há base para o impeachment da presidente Dilma e acrescentou que a vontade popular tem de ser respeitada.
– Ela foi eleita pelo voto, pela maioria. Os outros que não roubaram antes, que atirem pedras nela, que é muito melhor que o Fernando Henrique. Dez anos atrás, você via filhos de pobres estudando em universidade particular? O governo do PT melhorou a vida dos mais pobres, mas hoje tá bagunçado. Mas quem deveria estar apoiando a Dilma, está tramando golpe.
Fiorilo não quis comentar as críticas feitas ao governo pelo PMDB na última propaganda da legenda em rede nacional, na quinta-feira. Ele garantiu que o PT está com o PMDB, mas rebateu as declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que disse que o governo teve de fazer o “pacto com o demônio”, ao oferecer ministérios ao PMDB.
O GLOBO –
POR LEONARDO GUANDELINE