Política

Planalto age para evitar debandada de outros ministros do PMDB

Preocupado com uma possível debandada do PMDB depois que o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) decidiu deixar o cargo, o Palácio do Planalto se mobilizou nesta sexta-feira para garantir que os demais representantes do partido na Esplanada dos Ministérios permanecerão onde estão.

Planalto age para evitar debandada de outros ministros do PMDB

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Preocupado com uma possível debandada do PMDB depois que o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) decidiu deixar o cargo, o Palácio do Planalto se mobilizou nesta sexta-feira para garantir que os demais representantes do partido na Esplanada dos Ministérios permanecerão onde estão.

Mais cedo, interlocutores da presidente Dilma Rousseff telefonaram ao líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), para assegurar que os dois ministros indicados pela bancada, Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), continuarão no governo. O líder procurou os dois ministros e obteve a resposta de que não haverá mudanças.

– Há chance zero deles saírem – informou Picciani a auxiliares palacianos.

Ao GLOBO, Pansera afirmou que permanece no cargo enquanto a presidente determinar e se disse contra o impeachment. Para o ministro, as divisões no PMDB são “naturais” e mostram que uma parte da legenda irá trabalhar pelo impedimento de Dilma Rousseff a partir de agora.

– Sou contra o impeachment, sempre fui. Acho que o Brasil tem que aprender a conviver com crises e sobreviver a elas. É normal que um partido de centro como o PMDB se divida em um momento de pressões como este. Mas hoje, a maioria no partido é contra o impeachment, em que pese ter alguns quadros que vão trabalhar pelo impeachment – afirmou Pansera.

Marcelo Castro também afirmou que não pretende deixar o ministério e que participará, inclusive, da estratégia de defesa da presidente Dilma na Câmara. O ministro defende que o PMDB indique apenas deputados contrários ao impeachment para integrar a comissão especial que analisará o processo.

– Estamos traçando a estratégia para o PMDB fazer a defesa de Dilma no Congresso. O PMDB foi às urnas com a presidente Dilma, que se reelegeu e tem o direito e o dever de exercer seu mandato. O PMDB faz parte do governo e não aconteceu nenhum fato que fizesse o partido mudar de opinião. Não há fato que sustente a tese do impeachment, não houve crime por parte da presidente. O PMDB tem compromisso com o estado democrático de direito. Seria o último partido a entrar numa aventura dessas – afirmou ao GLOBO.

Questionado se acreditava que o vice-presidente Michel Temer deveria fazer uma defesa mais clara do mandato de Dilma, o ministro respondeu:

– Ele é o vice-presidente da República. O partido dele está no governo. Ele vai se pronunciar na hora certa – disse.

A ala governista da bancada do PMDB na Câmara quer que Dilma Rousseff preencha o cargo de Padilha com outra indicação da bancada para firmar o apoio dos deputados nessa fase de discussão do impeachment. A avaliação é que, hoje, a bancada está dividida sobre o apoio à presidente.

A tendência é que os nomes saiam da bancada mineira no PMDB, que ficou de fora da distribuição de ministérios esse ano e também da liderança do partido na Câmara. Já há inclusive nomes de deputados sendo cogitados: Newton Cardoso Junior, Mauro Lopes e Leonardo Quintão.

Entre os peemedebistas que pretendem manter o apoio ao governo Dilma, há uma percepção de que trabalhar pelo impeachment é um “jogo de alto risco” e que, se a presidente conseguir sobreviver ao processo, essa ala contrária fica “enfraquecida de morte”. Nas contas desse grupo, a maioria dos ministros e das bancadas do PMDB na Câmara e no Senado deve continuar ao lado do governo, ao menos nesse primeiro momento. Há dúvidas, no entanto, sobre a permanência de Henrique Eduardo Alves no Ministério do Turismo. Segundo relatos, há pressão sobre o ministro, que é ligado ao grupo de Temer, para que tome a mesma atitude de Padilha.

Fonte: O Globo