não valerá para 2020

PEDRAS NO CAMINHO: sinal verde às assinaturas digitais nem de longe facilita a criação do partido de Bolsonaro - Por Dora Kramer

PEDRAS NO CAMINHO: sinal verde às assinaturas digitais nem de longe facilita a criação do partido de Bolsonaro - Por Dora Kramer

Por maioria estreita (4 a 3) o Tribunal Superior Eleitoral decidiu permitir a coleta de assinaturas eletrônicas para a criação de novos partidos o que, numa primeira olhada, poderia assegurar ao presidente Jair Bolsonaro a esperança de ver a sua Aliança pelo Brasil obter o registro a tempo de concorrer às eleições municipais de 2020.

Se é que o presidente havia posto cavalos nessa chuva, conviria retirá-los. Como se sabe, são necessárias praticamente 500 mil assinaturas devidamente comprovadas e coletadas em diversos Estados para que uma nova legenda se credencie à legalização. Em tese, as eletrônicas acelerariam o processo de modo significativo. Na prática, porém, não é assim. Além de caras, e por isso mesmo, são raras no Brasil. Hoje apenas 3,78 milhões de pessoas físicas (3% do eleitorado) possuem certificados digitais.

Além disso, continuariam a depender da conferência em cartórios eleitorais posteriormente avalizadas (ou não) pelo sistema de contagem do TSE. Ou seja, haverá muito pouco ganho em termos de celeridade e nenhuma possibilidade de, sem recursos a manobras ilegítimas, a Aliança concorrer às municipais. Seus candidatos a prefeitos e vereadores terão de se abrigar em outras legendas.

Qual a dificuldade disso para Bolsonaro reunir a tropa na legenda pela qual, presume-se, concorrerá à reeleição em 2022? Imaginando-se na hipótese otimista que o novo partido esteja registrado no ano anterior (e necessariamente precisará estar até seis meses antes da eleição) o presidente ver-se-á envolvido numa batalha para que os vereadores (os prefeitos estão fora da regra) não percam os mandatos nos partidos pelos quais foram eleitos. Isso em mais de cinco mil municípios.

Fonte: Revista Veja
Créditos: Dora Kramer