Política

Oposição e Situação da Câmara estão confusos com projeto de repatriação de dinheiro

Projeto é parte do ajuste fiscal do governo, mas foi alterado

Oposição e Situação da Câmara estão confusos com projeto de repatriação de dinheiro

plenário congressoLíderes da oposição estão divididos em relação ao projeto de lei com normas para regularizar recursos depositados no exterior. Enviado à Câmara pelo governo em setembro, ele deve ser votado nesta quarta-feira, segundo o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

O projeto é parte do ajuste fiscal do governo, que afirma pretender arrecadar entre R$ 100 bilhões e R$ 150 bilhões com a legalização dos recursos. Ele foi enviado pelo governo à Câmara em setembro e deve ser votado nesta quarta-feira, 28.

Enquanto o Solidariedade se diz radicamente contra a iniciativa, o DEM mostra-se cauteloso e o líder da minoria tende a votar junto com o governo.

“Acho que é muito ruim para o Brasil e para esta Casa em particular votar um projeto dessa natureza neste momento. Não há ninguém no Brasil que tenha ganhado dinheiro honesto, pago os impostos e que deliberadamente tenha resolvido mandar este dinheiro para o exterior para transformar esse dinheiro legalizado em dinheiro ilegal”, disse o líder do Solidariedade, Arthur Maia (BA). “100% desse dinheiro que está no exterior é ilegal. Se é fruto de corrupção ou se não é, isso é outra história. Mas é dinheiro ilegal.”

Para ele, a repatriação “é uma chacota com o cidadão que paga seus impostos.

Maia criticou o trabalho do relator do projeto, deputado Manoel Júnior (PMDB-PB), que modificou o texto enviado originalmente pelo governo, afrouxando a anistia prevista para quem decidisse legalizar os recursos. Maia disse que o paraibano “piorou o projeto” do governo.

O texto do governo previa a anistia para crimes de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, caso a pessoa que repatriasse os recursos não tivesse condenação criminal transitada em julgado, o relator ampliou a anistia para todos.

O relator diminuiu ainda o valor da tributação e da multa a serem pagos pelos recursos repatriados.

O líder do DEM, Mendonça Filho (PE), disse que o assunto é “delicado” e que seu partido ainda não fechou questão sobre o tema.

“É preciso separar o que é dinheiro de crime daquilo que é fruto de herança no exterior ou até de operações financeiras que não foram devidamente contabilizadas por empresas, para que a gente não tenha a alimentação de uma rede de legalização de dinheiro fruto de corrupção”, afirmou. “Dinheiro de crime não pode ser legalizado através de uma medida como essa.”

O líder da minoria, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), por sua vez, se disse favorável ao projeto apresentado pelo governo.

“Nós acompanhamos reuniões com os organismos internacionais que demonstram e pedem que os países regularizam a situação de seus cidadão até 2018, quando todos os bancos de dados de brasileiros, estrangeiros serão unificados no sentido de combater a evasão de divisas”, afirmou.

Ele se disse mais favorável ao texto do governo, preparado com a ajuda do professor Heleno Torres, da Faculdade de Direito USP.

“Eu diria que, hoje, muitos de nós da oposição estamos muito mais próximos do texto preparado pelo professor Heleno Torres e que foi oferecido ao governo do que do texto do relator.”

Valor Econômico