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O desafio dos eleitos: um breve olhar para a Região Metropolitana de João Pessoa - Por João Marcelo 

Retorno a esse exercício periódico de refletir e debater temas importantes e atuais ao nosso país, ao nosso estado e nossa cidade.

 

Retorno a esse exercício periódico de refletir e debater temas importantes e atuais ao nosso país, ao nosso estado e nossa cidade. A academia não pode se furtar de buscar caminhos ou mesmo de se colocar capaz de fazer um exercício de análise e estudo dos problemas que estão à porta da sociedade. Firmo novamente o compromisso de contribuir com esse debate de maneira periódica.

Passadas as eleições municipais, momento de debate e principalmente, de reflexão sobre os rumos que a população deseja para os próximos 4 (quatro) anos, chegamos ao ponto de refletir sobre futuro ou o que é preciso construir para que tenhamos um. Imagina-se que o debate tenha sido bastante frutífero e principalmente capaz de atualizar a nossa população, mas se não o foi, cabe aos eleitos uma reflexão: superar as limitações e fazer diferente.

A primeira cidade que comento é Cabedelo, ligada umbilicalmente a João Pessoa e classificada em muitos aspectos como cidade dormitório, mas que ainda padece com antigos problemas que impõem desafios: gerar educação àqueles que estão ao longo da linha férrea, que são os mais carentes da cidade e os que necessitam de novas oportunidades. A Vitor e Merssinho caberá ainda resolverem gargalos da infraestrutura que podem promover acesso e o total aproveitamento dos 35 km2 que a cidade dispõe. Ao governo federal, por meio do IFPB, será preciso dar acesso aos que ali residem, sob pena de que seja considerado um “oásis no deserto” do abismo social que o rodeia. Ao Governo do Estado, ir além das políticas públicas de sua responsabilidade, mas especificamente atraindo indústrias e outros empreendimentos que sejam integrados ao Porto de Cabedelo.

Bayeux e Santa Rita têm desafios semelhantes, porém o da primeira é bem mais complexo. Luciene de Fofinho (PDT) deve reorganizar as contas públicas., atraindo empreendimentos que auxiliem na reconstrução da cidade, fomentando a economia local. Para isso, a prefeita eleita precisará do apoio do governo federal, do qual seu partido é oposição devendo guardar a bandeira e ir em busca dos interesses da cidade. Reformular o caráter público e devolver o desejo de que aquela cidade dê certo será sua missão. Já em Santa Rita, Emerson Panta (PP) enfrenta os desafios já conhecidos de uma cidade com grande extensão territorial, altos índices de violência e falta de oportunidades. Em Santa Rita caberia a expansão industrial, pois teria mão de obra suficiente. Entretanto por ter baixa qualificação e não se torna um diferencial na atração de novos empreendimentos industriais. Situação que pode ser superada, pois possui Campus da UFPB, do IFPB, escolas técnicas estaduais e o sistema S, que unidos sinergicamente podem ter atuação preponderante nesse processo de capacitação.

Já no Conde Karla Pimentel (PROS) recebe a “menina dos olhos” do ex-governador Ricardo Coutinho, que investiu pesado na cidade resolvendo problemas históricos de mobilidade e infraestrutura turística. Mesmo tendo adversidades, tem um aliado importantíssimo, que é seu litoral com belezas naturais e uma rede hoteleira que traz recursos e promovem um importante apoio para o seu desenvolvimento. Ela deve ir além do retrovisor, superar a política de culpar sua antecessora e almejar o diferente, fazendo alianças e buscando o investimento do governo do estado. É indispensável atrair e fidelizar os turistas, nesse cenário pós-covid que impactará o verão 2021.

Por fim, chegamos à nossa capital, que terá novamente um prefeito aliado do governador. Isso aumenta sua responsabilidade, porém lhe dará a oportunidade, nesses próximos dois anos, de fazer o que os antecessores não fizeram. No entanto, por ser “calejado” na política, Cícero Lucena (PP) deverá aproveitar esses apoios, sem comprometer a performance de seu governo. Seu desafio é o maior de todos. Sabe-se que os empregos gerados em João Pessoa, em sua maioria possibilitam a concorrência de todo esse contingente de mão de obra disponível na região metropolitana. Aqui deságuam os problemas da saúde, agravados pela “Ambulância Terapia” travestido do Tratamento Fora de Domicílio (TFD) que precisará receber melhor os recursos dos Fundos Municipais que demandam vagas na Capital. Sem falar na mobilidade urbana, cujo trânsito impacta no cotidiano da cidade, pois o maior pedido ao Governo Federal é que reforce o envio de recursos para conclusão da terceira faixa da BR230, no trecho Cabedelo-Oitizeiro. Sem falar no retorno das atividades pós-Convid-19, que tanto permeou o debate, mas que agora deverá ir além do objetivo dos votos, e demandará uma boa distribuição das vacinas que aqui chegarem, gestão adequada da saúde, especialmente na atenção básica e de uma atuação da administração municipal que possa ir além, que seja capaz de atender tecnologicamente os usuários dos serviços públicos.

Assim, desejo sucesso aos eleitos! Aqui que retomaremos a alguns assuntos, ao longo dos próximos dias e debates.

Texto: João Marcelo Alves Macêdo
Professor e pesquisador da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: João Marcelo