CPI DA COVID

Médica vetada pelo Governo diz que tratamento precoce é 'discussão delirante' e relata ameaças

Luana Araújo disse que a discussão é "delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente". "Todos nós somos a favor de uma terapia precoce que exista. Quando ela não existe, ela não pode se tornar uma política de saúde pública", afirmou a médica.

 

Em depoimento à CPI da Covid no Senado, nesta quarta-feira, (2), a médica infectologista Luana Araújo fez críticas ao chamado “tratamento precoce”, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A suposta terapia preconiza o uso de medicamentos ineficazes para tratar a covid-19.

Luana Araújo disse que a discussão é “delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente”. “Todos nós somos a favor de uma terapia precoce que exista. Quando ela não existe, ela não pode se tornar uma política de saúde pública”, afirmou a médica.

Ao ser questionada pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), se conversou com o ministro Marcelo Queiroga sobre o tratamento precoce, Luana classificou a decisão como “delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente”.

“Quando eu disse que, um ano atrás, nós estávamos na vanguarda da estupidez mundial, eu, infelizmente, ainda mantenho isso em diversos aspectos, porque nós ainda estamos aqui discutindo uma coisa que não tem cabimento. É como se a gente estivesse escolhendo de qual borda da terra plana a gente vai pular”, declarou.

A médica defendeu a autonomia média, mas alegou que essa não é uma justificativa para fazer “experimentos” nos pacientes.

Ela também relatou ter sofrido diversas ameaças durante a pandemia e disse que, após ter sido nomeada e afastada de função no Ministério da Saúde, chegou a ter o endereço divulgado na internet.

“Eventuais ameaças que eu tenha sofrido foram sempre ligadas à questão desse pseudo-tratamento precoce ou relativas às medidas não-farmacológicas, que é um outro pilar que não tem razão de ser questionado”, disse a médica aos senadores.

Luana disse, porém, não ter identificado grupos específicos dos quais os ataques teriam partido.

Luana não foi informada sobre motivo de não ser nomeada
“Não foi me dada nenhuma justificativa para minha saída”, disse a médica. “O que me foi dito é que existe um período entre a criação da secretaria e um processo chamado ‘apostilamento de cargos’, que deveria ser feito para que minha nomeação fosse publicada em Diário Oficial.”

Mesmo sem estar nomeada, Luana Araújo declarou aos senadores que já trabalhava com o Marcelo Queiroga.

“Minha nomeação estava programa para uma segunda-feira, não saiu. Ficou para uma terça-feira, não saiu. Quando chegou na quarta-feira, eu já tinha entendido o que tinha acontecido, já tinha entendido que aquilo não ia funcionar. E eu trabalhei normalmente na quarta-feira, até que na quarta-feira à noite eu fui chamada e fui comunicada de que, infelizmente, com pesar, minha nomeação não sairia”, afirmou.

Ela relatou que foi informada pelo próprio ministro Marcelo Queiroga de que não seria nomeada. “Ele me disse que meu nome não passaria pela Casa Civil”, relatou. “Ele disse que lamentava, mas que minha nomeação não sairia, que meu nome não teria sido aprovado.”

Fonte: G1
Créditos: Polêmica Paraíba