47 mandados de busca e apreensão

"MAPA DA MINA": Nova fase da Lava Jato mira negócios de filho de Lula

Estão sendo cumpridos 47 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e no Distrito Federal

A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta terça-feira, 10, a 69ª fase da Operação Lava Jato. De acordo com o Ministério Público Federal, o objetivo é aprofundar as investigações sobre repasses financeiros suspeitos, realizados por empresas do grupo Oi/Telemar em favor de empresas do grupo Gamecorp/Gol, controladas por Fábio Luis Lula da Silva, Fernando Bittar, Kalil Bittar e Jonas Suassuna.

São cumprido 47 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e no Distrito Federal — não há ordens de prisão. A ação é um desdobramento da 24ª fase da Lava Jato, a Aletheia, em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi alvo de uma condução coercitiva para prestar depoimento.

A operação deflagrada nesta terça, batizada de “Mapa da Mina”, foi autorizada pela 13ª Vara Federal de Curitiba e apura crimes de corrupção ativa e passiva, organização criminosa, tráfico de influência internacional e lavagem de dinheiro. Segundo as investigações da polícia, o esquema era feito por meio de contratos de operadoras de telefonia, internet e TV por assinatura atuantes no Brasil e no exterior.

Segundo o MPF, as apurações indicam o pagamentos superiores a 132 milhões de reais, entre 2004 e 2016, realizados sem justificativa econômica “plausível”, ao tempo em que o grupo Oi/Telemar teria sido beneficiado por diversos atos praticados pelo governo federeal.  “As investigações apontam que as empresas do grupo Gamecorp/Gol não possuíam mão de obra e ativos compatíveis com a efetiva prestação dos serviços para os quais foram contratadas pela Oi/Telemar”, diz o órgão.

“Provas documentais colhidas, como contratos e notas fiscais, além de dados extraídos a partir do afastamento dos sigilos bancário e fiscal dos investigados, indicam que as empresas do grupo Oi/Telemar investiram e contrataram o grupo Gamecorp/Gol sem a cotação de preços com outros fornecedores, fizeram pagamentos acima dos valores contratados e praticados no mercado, assim como realizaram pagamentos por serviços não executados”, afirma o MPF.

Os procuradores indicam que Lulinha, Bittar e Suassuna receberam do diretor de publicidade da Gamecorp em e-mail com um balanço da empresa com a ressalva de que teriam sido “expurgados os números da Brasil Telecom [grupo Oi] que por ser uma verba política poderia distorcer os resultados”. Entre 2005 e 2016 o grupo Oi/Telemar foi responsável por 74% dos recebimentos da Gamecorp.

O MPF também apreendeu uma mensagem eletrônica, de 2009, encaminhada para um diretor e conselheiro da Oi/Telemar na qual consta uma planilha com um repasse de 900 mil reais, deduzido da conta corporativa da presidência do grupo Oi/Telemar e classificado como “assessoria jurídica” — algo que foge, ainda conforme o MPF, dos negócios da Gamecorp.

Na 24ª fase da Lava Jato, que deu origem a esta nova operação, os investigadores queriam esclarecer os favores e milhões de reais que o petista recebeu de empreiteiras envolvidas no petrolão. Entraram na mira dos investigadores o tríplex no Guarujá, que a OAS reformou e mobiliou; o sítio em Atibaia, também equipado e reformado para uso de Lula; os 10 milhões de reais que empreiteiras pagaram à LILS, empresa de palestras do ex-presidente; e os 20,7 milhões de reais repassados por elas ao Instituto Lula.

Fonte: Veja
Créditos: Veja