Entrevista

Julian Lemos diz não ser mais o "candidato de Bolsonaro" e deixa em aberto apoio a João Azevêdo: "Terei o maior prazer em ajudar"

O deputado federal Julian Lemos (PSL) disse, em entrevista ao Arapuan Verdade, da Rádio Arapuan, nesta quinta-feira (22), que não é mais o “deputado federal de Bolsonaro” e que também não o deseja ser. Na conversa, o parlamentar ainda falou sobre sua relação com o governador João Azevêdo (Cidadania) e sobre as eleições de 2022.

Hoje crítico do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), quem chamou de “desequilibrado”, Julian disse que não fala com o presidente desde setembro de 2019. Lemos, que foi eleito em 2018 na onda do Bolsonarismo e antipetismo, foi perguntado se teme uma “dificuldade eleitoral” por hoje criticar o presidente.

Na resposta, disse que o pleito de 2022 é uma “eleição nova”, que seu mandato como deputado federal o credencia para uma possível reeleição e deixou claro que não é mais o “federal de Bolsonaro”.

“Toda eleição é uma eleição nova. Eu tive que me reinventar, não deixei de ser conservador. Minhas pautas são as mesmas. Eu voto com o governo do presidente embora não perdi a capacidade de fazer uma autocrítica. Dificilmente um político que foi votado a primeira vez tenha a mesma votação. Isso é para todos. Eu tenho consciência que terei que trilhar caminhos próprios. Não sou o federal de Bolsonaro e nem quero ser. Sou o federal da Paraíba, da Segurança Pública e do combate à corrupção”, prosseguiu.

“Ninguém mais tem condições de, em 2022, dizer que é federal de Bolsonaro ou federal de Lula. Se você for representante de Bolsonaro ou de Lula apenas, você é um político medíocre. Você tem que ser um cara que fale do seu trabalho e das suas ações”, complementou.

Eleições 2022 e terceira via

Julian disse que acredita que uma terceira via pode despontar no processo político do próximo ano e citou o nome do apresentador José Luiz Datena, que recentemente se filiou ao PSL e deverá disputar a presidência.

Lemos revelou ainda que votaria na senadora Simone Tebet (MDB-MT), o ex-juiz Sergio Moro, o senador e presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) ou no governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), caso qualquer um desses nomes viessem a se consolidar como terceira via.

O parlamentar ainda previu que Bolsonaro no próximo ano não somará os 57 milhões de votos que obteve nas eleições de 2018, pois na sua visão, desses 57 milhões, mais da metade dos votos eram do antipetismo e não do bolsonarismo.

Relação com João Azevêdo

Sobre a relação que tem hoje com o governador João Azevêdo (Cidadania), Julian disse ser uma relação institucional “extremamente respeitosa” e que trará benefícios à Paraíba.

“É uma relação institucional extremamente respeitosa. João, como governador de estado, visitou o meu gabinete, e ali deu as credenciais do tipo de relação que queria ter comigo”, relembrou. O fruto dessa relação, ressalta Julian, são recursos próximos a R$ 60 milhões no governo estadual. “Eu tenho certeza que através dessa relação a Paraíba cresce”.

Perguntado se apoiará o governador em sua reeleição, o parlamentar disse que isso dependerá do próprio João, mas deixou as portas abertas para tal, afirmando até que o próprio governador já demonstrou interesse em tê-lo na sua base.

“Eu dependo muito da posição do governador João. A música quem toca é ele. Então é ele quem tem que formar o grupo. Se eu tiver espaço no governo para colocar o perfil social e liberal do meu partido, a visão conservadora também, que não quer dizer que eu seja antidemocrático, eu terei o maior prazer em ajudar”, respondeu. Julian revelou ainda que ninguém da oposição ao governador o procurou.

Bolsonaro no Progressistas

Para Julian Lemos, o presidente Bolsonaro deverá se filiar ao Progressistas. Perguntado se Bolsonaro poderia voltar ao PSL, o parlamentar fez uma analogia ao dizer que o presidente “era casado com uma mulher linda, que amava ele, fiel a ele mas que ele preferiu procurar outra que não quis ele”.

Lemos afirmou que o presidente não é partidário, que “nunca ligou para partido”, e que essa influência veio dos filhos, Flávio, Carlos e Eduardo, quem chamou de “menino bobo”.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba