Retrospectiva

João reeleito na Paraíba, Lula eleito pela terceira vez e choro bolsonarista; relembre os principais fatos e polêmicas das eleições

As eleições de 2022 foram as mais disputadas desde a redemocratização. Um país dividido decidiu em outubro os rumos para os próximos 4 anos. Na Paraíba o Governador João Azevêdo travou uma batalha acirrada contra três grandes candidatos e conseguiu se reeleger. Na eleição presidencial, Lula fez o improvável e derrotou Bolsonaro e o sistema se elegendo pela terceira vez.

Arte: Marcelo Jr

As eleições de 2022 foram as mais disputadas desde a redemocratização. Um país dividido decidiu em outubro os rumos para os próximos 4 anos.

Na Paraíba o Governador João Azevêdo travou uma batalha acirrada contra três grandes candidatos e conseguiu se reeleger. Na eleição presidencial, Lula fez o improvável e derrotou Bolsonaro e o sistema se elegendo pela terceira vez.

Nessa matéria iremos mostrar os principais fatos e as polêmicas desse pleito histórico.

Arte: Marcelo Jr

LULA X BOLSONARO

O Brasil escolheu um novo presidente. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito com 60,3 milhões de votos para seu terceiro mandato à frente da nação, depois de uma campanha tensa, de pouco mais de dois meses.

Lula ressurge depois de passar 580 dias na prisão em decorrência da Operação Lava-Jato. Em um cenário de divisão do país, foi a eleição mais acirrada da história da República depois de dois turnos de votação. O atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), que concorria à reeleição, fez 58,2 milhões de votos.

O país emergiu das eleições presidenciais dividido ao meio. Lula fez 50,9% dos votos válidos. Ao longo da campanha o então candidato Lula conseguiu incorporar apoios na sociedade que contemplaram uma frente mais ampla de defesa da democracia.

Lula teve uma vantagem maior no primeiro turno e foi atrás de vários apoios, Simone Tebet, Ciro Gomes e outros candidatos a Presidência apoiaram o petista no segundo turno. Bolsonaro conseguiu costurar alianças com o Governador de Minas Gerais e o ex-Juiz Sérgio Moro, que se elegeu Senador no Paraná e que havia saído do Governo acusando Bolsonaro de interferência na Polícia Federal.

A eleição deu a Lula consolida o petista como um dos maiores políticos da jovem república brasileira.

Foto: Hugo Barreto/ Metrópoles

CHORO BOLSONARISTA

Os apoiadores do Presidente Bolsonaro passaram todo o período eleitoral criticando o TSE e questionando a maneira como Alexandre de Moares conduzia os ritos da eleição.

Moraes combateu fortemente as fake news e reverteu várias decisões em favor da candidatura de Lula o que desagradou ainda mais os bolsonaristas que repetidamente ameaçavam a democracia.

Com a vitória de Lula no dia 31 de outubro, imagens de bolsonaristas chorando enquanto acompanhavam a apuração, repercutiram por todo o país. e a parir desses acontecimentos os apoiadores mudaram o foco para os quartéis criando uma teoria de fraude sobre as urnas eletrônicas.

Foto: Renata Strapazzon

DESESPERO NOS QUARTÉIS

O Presidente Bolsonaro questiona as urnas eletrônicas desde sua eleição em 2018, em que afirmava ter ganho em primeiro turno contra Fernando Haddad (PT), sem nenhuma prova que corroborasse com suas declarações.

Após a derrota, os bolsonaristas usaram as palavras de seu comandante e foram para a frente dos quartéis usando o lema de fraude e questionando o resultado das eleições, o TSE e o STF.

Mesmo sem nenhum prova da provável ‘fraude’, as manifestações ainda prosseguem, na frente de quartéis pelo país. Eles ainda reivindicam a palavra de ordem SOS FFAA, que significa SOS Forças Armadas, um pedido explícito de intervenção militar, portanto, em desrespeito ao resultado das urnas e a constituição, para tentar impedir a posse de Lula na Presidência, marcada para este domingo (1º).

Foto: Internet

O HOMEM DO ANO

Em 2022, o Brasil descobriu um novo xerife: o presidente do TSE, Alexandre de Moraes.

Para os admiradores, ele é a reencarnação do filósofo Michel Foucault [igualmente careca]. O homem que “vigia e pune”.  Para os críticos, Moraes atuou fora dos seus limites constitucionais. Para os bolsonaristas, tirou a reeleição de Jair e trabalhou incansavelmente pela vitória de Lula.

Em agosto, durante sua posse como presidente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro defendeu, na frente de Bolsonaro, as urnas eletrônicas – e ouviu longos aplausos.

No dia das eleições, Moraes ameaçou prender o diretor-geral da PRF por suposta interferência nas eleições; em novembro, aplicou uma multa milionária ao PL por colocar em dúvida as urnas eletrônicas.

Essa atuação fez com que o próprio Alexandre de Moraes virasse vidraça: um ex-companheiro de Corte classificou seu discurso como “agressivo”; advogados divulgaram um abaixo-assinado contra sua suposta “escalada autoritária”; e a Câmara chegou a coletar assinaturas para uma “CPI do Xandão”, focada no STF.

No último dia 12, ao diplomar Lula como presidente da República, Moraes fez um novo discurso contundente, no qual disse, sem meias palavras, que quem atentou contra a democracia seria responsabilizado.

(Foto: Twitter/Reprodução)

A AMEAÇA DE ZAMBELLI

A deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL) sacou uma arma e apontou para um homem no meio da rua nos Jardins, área nobre de São Paulo, na véspera das eleições. Empunhando uma pistola, ela atravessou a alameda Lorena, perto do cruzamento com rua Joaquim Eugênio de Lima, e seguiu em direção ao bar onde o homem havia entrado.

Em um vídeo que registrou a cena, filmado pelo jornalista Vinícius Costa, que estava com amigos no bar onde ela entrou, é possível ouvir a parlamentar gritar: “Deita no chão”. Em suas redes sociais, Carla Zambelli mostrou um machucado no joelho e disse que, antes de sacar a arma, havia sido cercada e agredida.

O seu destempero teve grande repercussão na véspera do segundo turno e é considerado um dos principais motivos para a vitória de Lula.

Crédito: Reprodução/Redes Sociais)

OS TIROS DE ROBERTO JEFFERSON

O ex-deputado Roberto Jefferson atirou em policiais federais que foram cumprir o mandado de prisão determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na cidade de Comendador Levy Gasparian, no interior do Estado do Rio de Janeiro.

Jefferson cumpria prisão domiciliar, determinada no inquérito sobre uma organização criminosa que atenta contra o Estado Democrático de Direito.

Ele descumpriu várias medidas da prisão domiciliar, como passar orientações a dirigentes do PTB, receber visitas, conceder entrevista e compartilhar fake news que atingem a honra e a segurança do STF e seus ministros, como ao ofender a ministra Cármem Lúcia. Por causa de todos estes descumprimentos, Alexandre de Moraes revogou a prisão domiciliar e determinou sua volta à prisão.

A Polícia Federal foi cumprir a ordem de prisão e foi atacada por Roberto Jefferson com granadas e fuzil – mesmo que ele não tenha direito de portar arma de fogo. Dois agentes foram feridos. A PF revidou o ataque, mas não invadiu a casa do ex-deputado.

Após Roberto Jefferson resistir à prisão, o presidente Jair Bolsonaro tentou se desvincular de seu aliado afirmando que não tinha nenhuma foto sequer com o criminoso, mas os relatos e provas da amizade entre eles são notórios e públicos.

Roberto Jefferson se entregou e agora responde por várias tentativas de homicídio.

Foto: Internet

JOÃO REELEITO

Diferente de outros anos onde a disputa era polarizada entre dois candidatos, em 2022 nós tivemos quatro grandes nomes disputando o Governo.

O Deputado Federal Pedro Cunha Lima, o apresentador Nilvan Ferreira e o Senador Veneziano Vital tentaram chegar na disputa do segundo turno amparados por nomes do espectro da esquerda, extrema-direita e do centro.

Veneziano tinha sido eleito em 2018 na chapa de João Azevêdo e estava na base do Governador até o começo deste ano, mas preferiu disputar o Governo aliado ao PT, o que desagradou uma ala do partido encabeçada por Frei Anastácio, que preferia a aliança com João Azevêdo.

Pedro teve seu nome ventilado desde o começo do ano, mas alguns boatos afirmavam que ele iria desistir da eleição, para abrir espaço para Romero Rodrigues, o que não acabou se confirmando com a definição da chapa ao lado de Efraim no dia 1 de abril.

Nilvan que foi o segundo colocado na disputa pela Prefeitura da Capital em 2020 no MDB, se filiou ao PL amparado no apoio de Bolsonaro, e era quem mais polarizava ideologicamente com João Azevêdo.

As pesquisas indicavam um segundo turno entre João e Pedro e isso se confirmou no dia 3 de outubro. No primeiro turno, João Azevêdo conseguiu 39,65% ( 863.174 votos) contra 23,90% (520.155 votos) de Pedro Cunha Lima os garantindo na disputa do segundo turno. Nilvan Ferreira foi o terceiro com 18,68% (406.604 votos) enquanto Veneziano ficou na quarta colocação com 17,16% (373.511 votos).

Logo após a definição, os dois candidatos foram atrás dos Prefeitos e dos políticos que apoiaram Nilvan e Veneziano. Pedro conseguiu o maior número de gestores e o apoio de nomes da esquerda e da direita paraibana, podemos destacar: Sérgio Queiroz, Cabo Gilberto e Veneziano Vital que sempre foi rival histórico da família Cunha Lima em Campina Grande.

Essas alianças acirraram os ânimos no segundo turno, com as últimas pesquisas indicando empate técnico entre os candidatos.

Em uma disputa acirrada, João Azevêdo conseguiu se reeleger com a maior votação da história da Paraíba, ao atingir 1.221.904 votos, que correspondem a 52,51% da votação, contra 1.104.963 votos alcançados por Pedro Cunha Lima (PSDB), que equivalem a 47,49%.

 

Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba