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IPEA diz que déficit na Previdência compromete investimentos em outros setores

IPEA diz que déficit na Previdência compromete investimentos em outros setores

As despesas com Previdência Social aumentam anualmente no Brasil e são vistas como uma espécie de “bomba-relógio” quando o assunto é orçamento público e investimento em áreas estratégicas.

A constatação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que revelou através de um levantamento que os gastos com benefícios e assistência social consomem uma fatia significativa de recursos que poderiam ser investidos em saúde, educação, infraestrutura e segurança pública, por exemplo.

De acordo com os dados, só no ano passado, os gastos com pensões e aposentadorias, somados os regimes do INSS e o dos servidores públicos federais, representaram 63% do valor restante após o pagamento da dívida pública do governo.

Ainda segundo o IPEA, caso a reforma da Previdência não seja aprovada, essa taxa pode chegar a 80% até 2026.

Déficit Previdenciário

Para o coordenador de Previdência do Ipea, Rogério Nagamine, se continuar nesse ritmo, o sistema pode falir de vez em pouco tempo.

“Os vários problemas relacionados a esse nível de despesa e déficit inclui o risco de sustentabilidade, quando a gente vê, por exemplo, estados atrasando pagamento. Além disso, acaba diminuindo o passo para outros gastos sociais ou mesmo investimento em infraestrutura”, relatou Nagamine.

Os dados da pesquisa mostram que nas últimas duas décadas, a Previdência aumentou a arrecadação em torno de 4,6%, o que é considerado razoável. No entanto, para o economista e professor da Universidade de Brasília, César Bergo, o problema maior ainda é o fato de muitos brasileiros se aposentarem cedo demais.

“Você tem pessoas que estão se aposentando muito cedo. No mundo inteiro já se prova, através de experiências, que esse não é um fator a ser desprezado para o equilíbrio das contas. Então eu colocaria a idade mínima em alguma ordem de prioridades da reforma da Previdência”, avaliou o especialista.

Reforma da Previdência

Para se ter ideia, a idade média de aposentadoria do setor privado por tempo de contribuição foi inferior a 55 anos, em 2016. Com o intuito de reverter isso, um dos itens do da reforma prevê que as mulheres se aposentem com 62 anos de idade e os homens, com 65.

O texto da reforma da Previdência aguarda votação no Plenário da Câmara dos Deputados. Para ser aprovada, a matéria precisa do apoio de, no mínimo, 308 votos favoráveis.

Fonte: Agência Rádio Mais
Créditos: Marquezan Araújo