Imprensa nacional destaca Campina Grande como "ilha tucana"

Na cidade paraibana, Aécio teve 39,4% dos votos válidos, contra 32,1% de Dilma Rousseff (PT).

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Em meio a cidades fielmente eleitoras do PT na disputa pela Presidência, Campina Grande (a 131 km de João Pessoa) é um ponto fora da curva no Nordeste, o que a fez uma verdadeira ilha de resistência tucana na região.

Desde 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o poder, o PT sempre se acostumou a vencer as eleições presidenciais em quase todas as cidades da região. A única em que nunca venceu –um turno sequer– foi Campina Grande, na Paraíba.

No primeiro turno, apenas Campina Grande e Buerarema (cidade no sul da Bahia marcada por conflitos indígenas) deram vitória a Aécio Neves (PSDB). Na cidade paraibana, Aécio teve 39,4% dos votos válidos, contra 32,1% de Dilma Rousseff (PT).

O UOL visitou a cidade na segunda (20) e terça-feira (21) para entender o que faz da cidade um berço tucano. A força do PSDB começa na prefeitura, com o comando do tucano Romero Rodrigues.

Campina Grande fica a 131 km de João Pessoa
Os números do município já mostram uma diferença dos demais nordestinos: são 20 mil estudantes universitários –o que corresponde a 5% da população–, contra 17 mil do ensino médio, conforme o Censo 2010. É o maior número de estudantes de nível superior (graduação e pós) no interior do Nordeste.

A cidade possui duas universidades públicas, duas privadas e outras faculdades e instituto tecnológico. Além disso, tem índices sociais, como taxa de escolaridade, expectativa de vida e renda maiores que média da região.

Além disso, o município é berço político da família Cunha Lima, uma das mais tradicionais da política paraibana e tucana desde 1997. O senador Cássio Cunha Lima (PSDB) e atual candidato ao governo sempre teve votações expressivas na cidade e nunca perdeu uma eleição na vida –foi três vezes prefeito, duas vezes deputado federal, duas vezes governador e é senador.

A São Paulo nordestina
Conhecida como terra do trabalho, a cidade é comparada a São Paulo. “Campina tem diferenças sociológicas, econômicas e culturais que a diferem das cidades desse porte do nordeste. Somos uma cidade formada também por forasteiros, que vêm para vá estudar, mas terminam se ‘acampinando’. Seríamos aqui uma São Paulo da nossa região”, disse o presidente do PSDB de Campina, José Marques.

Outro fator citado por ele é a liderança politica de Cassio no município. “Temos nele uma liderança incontestável, e isso é fundamental. Isso fortalece muito o PSDB aqui e explica as vitórias”, afirmou.

Na mesma linha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Marques acredita que o voto mais esclarecido tende a ser dado a Aécio. “Sem nenhum demérito a outras cidades, mais aqui as pessoas leem muito, são bem informadas, e se indignam com o que tem ocorrido do país. As pessoas tem mais acesso à informação, e isso a aproximam mais da verdade. Nesse sentido, acreditamos que ela foge [da média nordestina]. Campina é menos dependente”, explica.

Universitários explicam
Os universitários também entendem que a liderança de Cunha Lima no município é forte explica bem os resultados. “Acho que as pessoas aqui gostam muito de Cassio, e isso influencia muito, porque ele é do PSDB. Eu mesma votei porque acho interessante essa afinidade do governador com o presidente”, disse Taisa Borborema, estudante de direito da UEPB (Universidade Estadual da Paraíba).

Para o colega de Borborema, Denílson da Rocha Barbosa, existe também uma influência dos universitários. “Aqui isso influencia muito. A cidade absorve esse clima de mudança que o país quer, do PT fora do poder. Todos aqui sabem do apoio à ditadura cubana, da inflação crescendo, do desrespeito às instituições. Ou seja, há um maior acesso à informação”, explicou.

UOL