Política

Disputa por vaga no TRE-PB expõe bastidores e alianças improváveis na política paraibana; veja

Disputa por vaga no TRE-PB expõe bastidores e alianças improváveis na política paraibana; veja

Paraíba - A disputa pela vaga de juiz efetivo no Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) ganhou contornos inesperados e revelou articulações políticas que fogem ao padrão tradicional das alianças partidárias no estado. O nome de Rodrigo Clemente, advogado e filho do ex-deputado federal e ex-secretário Eitel Santiago, surgiu como favorito para ocupar a cadeira, mas o que mais chama atenção é o jogo de bastidores que sustenta sua candidatura.

Rodrigo Clemente é ligado a uma tradicional ala conservadora da política paraibana, com vínculos familiares ao Partido Liberal (PL) e ao grupo Cunha Lima, além da forte identificação com o bolsonarismo. Ainda assim, informações de bastidores apontam que ele teria o apoio decisivo do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), aliado direto do presidente Lula e uma das principais lideranças governistas na Paraíba.

Apoio Inesperado e articulações políticas

A articulação, que tem causado burburinho nos corredores de Brasília e nos grupos de mensagens entre políticos locais, é vista como um movimento estratégico. Nos bastidores, comenta-se que a escolha de Clemente seria uma tentativa de conciliar forças e manter uma relação institucional pacificada entre atores de espectros opostos — o que, na prática, escancara as contradições de um cenário político em que alianças antes impensáveis começam a se desenhar.

Para juristas e analistas políticos ouvidos pela reportagem, o nome de Rodrigo Clemente é técnico e atende aos critérios exigidos pelo cargo. No entanto, o apoio de Veneziano, que ocupa uma cadeira na cúpula do governo federal no Senado, pode ser interpretado como um gesto político que ultrapassa o mérito individual.

A escolha final caberá ao presidente Lula, que receberá uma lista tríplice enviada pelo Tribunal de Justiça da Paraíba. A decisão, apesar de técnica, será inevitavelmente lida com lentes políticas — e, neste caso, carregada de simbolismo.