Alfinetada em Trump

Dino ironiza influência externa no STF: “Será que alguém acredita que um tweet ou o Mickey vão mudar um julgamento?”

Flávio Dino ironiza suposta influência externa no julgamento de Bolsonaro, após declarações do governo Trump e da embaixada americana.

Ministro do STF Flávio Dino vota no julgamento dos réus do Núcleo 1 da trama golpista, julgamentos da Ação Penal 2668 - Núcleo 1. Foto: Rosinei Coutinho/STF
Ministro do STF Flávio Dino vota no julgamento dos réus do Núcleo 1 da trama golpista, julgamentos da Ação Penal 2668 - Núcleo 1. Foto: Rosinei Coutinho/STF

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), ironizou nesta terça-feira (9) a tese de que fatores externos, como declarações do ex-presidente norte-americano Donald Trump, poderiam ter influência sobre o julgamento da tentativa de golpe de Estado atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a outros sete réus.

“Será que as pessoas acreditam que um tweet de uma autoridade, de um governo estrangeiro, vai mudar um julgamento no Supremo? Que um cartão de crédito ou Mickey vão mudar?”, questionou Dino.

Resposta a declarações da Casa Branca

A fala do ministro vem depois da postagem desta segunda-feira (8) do subsecretário de Diplomacia Pública do Departamento de Estado dos EUA na rede social X (antigo Twitter), que aproveitou a data da Independência do Brasil para criticar supostos “abusos de autoridade” de Alexandre de Moraes.

https://twitter.com/EmbaixadaEUA/status/1965411995596857812

Além disso, ainda nesta terça-feira (9), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou em coletiva de imprensa que o governo do presidente Donald Trump não tem “receio de usar força econômica e militar para proteger a liberdade de expressão” no Brasil e ao redor do mundo, após ser questionada sobre possíveis sanções ao país diante do julgamento de Bolsonaro.

Julgamento da trama golpista

Dino foi o segundo a votar pela condenação de Bolsonaro, acompanhando o relator Alexandre de Moraes, mas divergiu ao defender penas menores para Alexandre Ramagem, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira. Além disso, ele reforçou que a atuação do tribunal é pautada pela legalidade.

“O Supremo está fazendo seu papel: aplicando leis”, declarou.

Tanto Dino quanto Moraes também votaram pela condenação por dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado, em referência às depredações do dia 8 de janeiro de 2023. A exceção foi o deputado Alexandre Ramagem, cuja tramitação processual sobre esses pontos foi suspensa pela Câmara dos Deputados.

Ainda restam os votos dos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A expectativa é de que o julgamento seja concluído até sexta-feira (13).