RÁPIDO

'Dilma precisa agir rápido após o 13 de março' - Por Laerte Cerqueira

Pessoenses insatisfeitos com o governo federal saíram as ruas no domingo

at_manifestacao-contra-dilma-rousseff-em-sao-paulo_0191457958286As manifestações focaram no impeachment da presidente Dilma, mas também levaram às ruas outras mensagens bem claras: o “fora Lula”, “fora PT” e o apoio ao trabalho do juiz Sérgio Moro, da Polícia Federal e do MPF. Desta vez, foram feitas referências tímidas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), que já foi alvo mais forte desses protestos. O governo peca se resumir mais essa manifestação em “apenas um ato da elite brasileira”, descontente com a situação do país. Não dá para minimizar dessa forma. O número grande de pessoas que foi às ruas deve fazer com que partidos da base aliada reavaliem seus posicionamentos de apoio ao governo. E isso é perigoso para o Planalto.

A presidente Dilma e auxiliares vão precisar agir rápido para evitar uma contaminação vinda das ruas. A base já está fragilizada e depois deste domingo pode ficar mais ainda. Estancar a sangria é a tarefa política desta semana. É bom lembrar que amanhã, o STF decide sobre os recursos da Câmara contra o ritmo de tramitação do impeachment. Na quinta, se não houver adiamentos, já podem ser definidos os integrantes da comissão especial de impeachment, que avalia o recebimento do pedido de afastamento na Casa.

No sábado passado, o PMDB ascendeu a luz amarela. Ninguém mais do partido entra no governo. E, por enquanto, ninguém sai para não caracterizar rompimento. Lembrando, o PMDB é o maior partido da base e está em dúvida se fica. Outras legendas já demonstraram que podem fazer o mesmo, como PR e PTB.

O governo está muito debilitado porque não consegue reerguer a economia do país, não dá sinais para onde quer ir, parece perdido e isso causa instabilidade. É fato. Mas a população protesta, claramente, contra a corrupção. E quando faz isso estende o braço para pegar outras legendas e políticos que têm envolvimento com a roubalheira do país. As últimas delações premiadas envolveram, por exemplo, gente grande do PMDB. Partido do vice-presidente, Michel Temer.

Felizmente, as manifestações ocorreram de maneira pacífica. Apoiadores do governo recuaram e evitaram também protestar. Evitando confrontos. Nas duas últimas manifestações, tivemos participações mais efetivas de políticos. Domingo, aqui em JP, quem estava no meio do protesto foi o senador Cássio (PSDB), a maior liderança de oposição da Paraíba, líder no Senado. Ele defende a tese de novas eleições. Quem também passou por lá foi deputado federal Efraim Filho, defensor declarado do impeachment. Mas ao anunciarem o nome dele no trio, para que falasse, foi vaiado. Uma demonstração que a maioria tenta descolar a imagem do movimento à imagem dos políticos, dos partidos. Ficou o recado.

Nos próximos dias, manifestantes pró-Dilma e Lula devem ir às ruas e o tamanho do movimento também vai influenciar na análise que os políticos têm da situação. Mas, o mais importante agora, independentemente da abertura do processo de impeachment, ou da análise do pedido de cassação de Dilma no TSE, é o governo apontar para onde quer ir. Se não, ficaremos à deriva, à mercê do desejo do mercado financeiro e de decisões meramente políticas, ou politiqueiras, que interessam apenas partidos a ou b e não ao povo brasileiro. Sempre é bom lembrar que a operação Lava Jato ainda está aí, firme. Tem tudo para causar muitos estragos, inclusive naqueles que se dizem solução da lavoura.

Firme

Com o discurso de que é preciso expandir o “modelo” de gestão do PSB para Campina Grande, o presidente da AL, Adriano Galdino (PSB), foi apresentado, oficialmente, como pré-candidato a prefeito da cidade. O ato, comandado pelo governador RC, com participação de lideranças socialistas, deve produzir efeitos no cenário político da cidade. Principalmente porque o PMDB, mesmo com candidato teoricamente mais forte, Veneziano Vital, ainda está “deixando” as coisas acontecerem. Se brincar, leva um tombo.

Fato
Há quem se irrite com essa afirmação. Mas, de fato, tínhamos a predominância de pessoas da “classe média alta”, a chamada elite, nas manifestações. E mais: uma “elite branca”. Foi difícil ver negros nas imagens de TV.

Não é reflexo
Isso, como disse, não diminui a importância da manifestação, da luta contra corrupção, mas não é o reflexo nítido do desejo “popular”. É uma fatia da população que tem uma opinião, mas o poder de derrubar o governo deve vir do “crime comprovado” e não da insatisfação.

Firmeza
O deputado estadual Ricardo Barbosa (PSB) participou da manifestação. Apesar de aliado do governador RC, que é contra o “Fora Dilma”, ele não teve receio de aparecer e mostrar que pensa diferente do “mestre”.

Deixando
É preciso uma atenção especial aos posicionamentos do PMDB. O partido pode abandonar o barco, mas ninguém pode esquecer que ele é governo e foi sustentação para todos os erros cometidos nos últimos anos.

Fonte: Jornal da Paraíba
Créditos: Jornal da Paraíba