CONFIANÇA

Dilma afirma ter convicção de que tem votos para barrar impeachment

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No momento em que o PMDB prepara o desembarque do governo, assim como outros partidos da base aliada, e o Palácio do Planalto contabiliza voto a voto para segurar o impeachment, a presidente Dilma Rousseff assegurou que está tranquila em relação ao processo que busca sua derrubada do Palácio do Planalto.

“A gente tem que esperar o processo acontecer. Mas eu tenho convicção de que teremos votos necessários [para impedir o impeachment]”, declarou, nesta quarta-feira (23), a presidente, que precisa ter 172 votos para barrar o processo.

Dilma classificou como “uma suposição que não é correta” a notícia divulgada de que o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), já estaria se movimentando para fazer composições para a sucessão da petista, acrescentando ter certeza de que os ministros do PMDB estão comprometidos com sua permanência no governo, assim como o partido.

Mas a situação não é tão simples. Isso porque o PMDB já tem marcado, para 29 de março, a reunião em que o partido definirá de vez se desembarca do governo. Na terça-feira (22), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o ex-presidente José Sarney para tentar manter o partido na base, mas não conseguiu os apoios necessário.

Dilma, no entanto, rechaçou a temática no encontro e enfatizou que trabalha para garantir o padrinho na política como ministro da Casa Civil.

“Parem tentativa sistemática de golpe”
Dilma voltou a chamar o processo de impeachment contra ela de “ilegítimo”, “ilegal” e “golpe”. Pediu também que houvesse “grande esforço para parar a tentativa sistemática de golpe” e elogiou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki de trazer para a suprema corte todas os processos ligados ao ex-presidente Lula e que contém conversas dela em gravações.

“A palavra não é comemorar. Todos os brasileiros devem ficar muito preocupados quando processos judiciais não são feitos dentro da lei”, disse ela, acentuando que “a base do estado democrático é o cumprimento por todos da legislação, da Constituição. Isso vale para presidente, ministro, Ministério Público, Polícia Federal, para todos os cidadãos, para cada um de nós, vale a mesma lei, dentro do princípio de que somos todos iguais perante a lei”.

A presidente comentou ainda que considera a decisão do ministro Teori “importante porque ela estabelece o primado da lei, nas relações dos órgãos que investigam o presidente Lula”.

Dilma prosseguiu afirmando que as investigações contra Lula foram “um absurdo”. Em seguida, explicou que este processo, “feriu a base do estado democrático de direito e as garantias e direitos constitucionais” porque “vazaram um diálogo com a presidente da República”.

Dilma durante encontro com grupo de juristas no Palácio do Planalto, na tarde de terça-feira
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo – 22.03.16
Dilma durante encontro com grupo de juristas no Palácio do Planalto, na tarde de terça-feira
E emendou: “autorizar ele (grampo) é uma violência legal. Vazar diálogos pessoais que não fazem parte do conteúdo da investigação é uma violência, é um padrão que não se deve aceitar, compactuar, padrão de comportamento que atinge a nós todos”.

Depois de lembrar que, em privado, as pessoas falam de uma forma mais descontraída, sem se policiar como acontece, quando se está falando em público, a presidente Dilma condenou também o grampo a advogados. “É um absurdo violar direito de defesa, grampeando advogado. Uma democracia moderna não compactua com esse tipo de prática”, comentou.

Na avaliação da presidente, a decisão de Teori foi importante porque a sociedade brasileira “conquistou a duras penas um processo que nos levou à construção do que temos hoje, que é um País com liberdade de expressão, de manifestação, com instituições sólidas e preservá-las é nosso objetivo”.

A presidente não quis comentar a decisão do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, de fazer delação premiada. As declarações foram dadas em entrevista após visitar as obras de solo de construção do satélite geoestacionário de defesa e comunicações estratégicas que está previsto para ser lançado entre dezembro deste ano e fevereiro do ano que vem. O satélite é o primeiro equipamento totalmente controlado pelo governo brasileiro.

Fonte: IG