Um dos principais assuntos nessa pré-campanha na Paraíba, é a indefinição dos nomes que irão disputar o cargo de Governador nas próximas eleições.
Vários nomes já foram ventilados para a disputa, mas o pleito hoje na situação parece estar afunilado entre Lucas Ribeiro, Cícero Lucena e Adriano Galdino.
Já na oposição, o Senador Efraim Filho se coloca como o grande candidato, com Marcelo Queiroga sendo o representante do PL, com Romero Rodrigues e Pedro Cunha Lima correndo por fora.
Pensando nessas pautas que diariamente movimentam os portais de política no estado, nós conversamos com 5 dos principais jornalistas políticos da Paraíba, trazendo análises detalhadas e os desdobramentos que cada um aponta para o pleito de 2026.
Na conjuntura atual, qual seria o candidato mais forte que a oposição poderia apresentar?
Anderson Soares – Na atual conjuntura, ainda considero Pedro o nome mais forte. Tem o recall da eleição passada, na qual entrou desacreditado, de última hora e deu trabalho para João. Porém, sinto Pedro muito distante das articulações, como se não tivesse tesão na candidatura.
Nesse contexto, acho que Efraim demonstra mais vontade de ser candidato, inclusive, articulando alianças com outros partidos, a exemplo do PL.
Resumo: Pedro, hoje, é ainda é o nome mais forte, mas Efraim é quem está mais motivado. Não podemos subestimar jamais Efraim Filho.
David Maia – Nós temos um nome muito forte, que é o do senador Efraim Filho, que chega com uma base consolidada e uma força política significativa.
Alan Kardec – O senador Efraim Filho seria o candidato mais forte, mesmo pontuando menos que Pedro Cunha Lima. A diferença entre eles é que Efraim possui mais garra e tem mais tesão pela política.
Efraim tem mais vitalidade, percorre as bases e faz corpo a corpo.
Pedro demonstra desinteresse pela política eleitoral, é como se estivesse cumprindo uma missão por obrigação. Pedro tem berço, mas Efraim tem vocação.
Napoleão Soares – Eu tenho Efraim como o grande candidato da oposição no momento, mas acredito que Cícero e Adriano também poderão ser candidatos pela oposição.
É claro que na política tudo pode acontecer, mas eu acho que eles não vão recuar, eles não vão retroceder.
Gilberto Lira – Eu acho que Pedro é o nome ideal para concorrer mais uma vez, só que não existe coesão entre as partes ali, pois se formos pensar em Efraim, se ele for candidato, ele não perde nada, pois mesmo se ele perder a eleição, volta para o Senado.
Uma outra coisa que pode ajudar Efraim, é que ele deve estar indo para o PL, se tornando o nome que agradaria Bolsonaro e que agradaria toda uma ala da direita, deixando Pedro para trás.
Com a situação parecendo unida e com bons números em pesquisas, você acredita que a oposição tenha chances de vencer o pleito?
Anderson Soares – Primeiro, não vejo essa unidade toda da situação. Apesar das fotos públicas e discurso de unidade, o fato é que há vários interesses em jogo e, pelo menos, um dos pré-candidatos vai ficar chateado ao não ser o escolhido.
Dois deles, Cícero e Galdino, têm boa relação com a oposição.
Se, realmente, a base governista conseguir a unidade, que acho difícil, o ungido por João seria eleito. Porém, com esses conflitos de interesses considero o jogo aberto. Para oposição, resta torcer pelo rompimento.
David Maia – Acredito que sim, a oposição tem chances reais de vencer. Nós temos um nome muito forte, que é o do senador Não será uma disputa fácil, afinal a situação também demonstra unidade e bons números nas pesquisas. Mas política não é uma ciência exata — é um jogo de estratégia, de construção, onde variáveis inesperadas podem surgir.
Por isso, vejo o cenário como aberto, com um acirramento inevitável e a possibilidade concreta da oposição surpreender e conquistar a vitória.
Alan Kardec – Tudo leva a crer que, em 2026, teremos uma eleição de continuidade, ou seja, aquela em que o eleitor vota no candidato do governo.
Digo isso porque a avaliação do governador João Azevêdo é alta e tende a crescer ainda mais diante do conjunto de obras e ações, principalmente na Grande João Pessoa.
Napoleão Soares – Pela pesquisa apresentada pelo Polêmica, a preço de hoje, o quadro está indefinido. A gente percebe favoritismo de alguns, mas o o quadro está indefinido, até porque a gente não sabe o que vai acontecer mais pra frente.
Gilberto Lira – Como aconteceu na na eleição passada, a oposição sempre vai ter alguma chance. Então, a gente não pode de forma alguma descartar a possibilidade de vitória.
Mas eu acredito que precisa de uma definição mais rápida sobre qual será o nome, pois a demora e a indefinição só facilita a vida de que quem tá no Governo.
Existe chance de Adriano Galdino ou Cícero Lucena deixarem a situação e se colocarem como candidatos pela oposição?
Anderson Soares – Há grandes chances disso acontecer. Aliás, nem eles escondem isso, seja por palavras ou atitudes. Ambos estão tentando conquistar o apoio de João, mas não sendo possível, é provável que pelo menos um deles possa ser candidato pela oposição.
Galdino já deu uma declaração, nesse fim de semana, que tem um acordo com Cícero e os dois estarão juntos em 2026.
David Maia – Hoje, vejo isso como improvável. Acredito que o bom senso prevalecerá e o grupo deverá manter uma aliança unificada.
Mas, conhecendo a política paraibana, que é sempre dinâmica e cheia de surpresas, não dá para descartar totalmente essa hipótese. O tempo e os bastidores vão dizer.
Alan Kardec – A chance é pequena, mas ela existe e pode mexer no tabuleiro da política. Uma união de Cícero Lucena com Adriano Galdino, num palanque com Lula, por exemplo, poderia atrair inclusive o senador Veneziano Vital.
Seria uma chapa forte, com Cícero na cabeça e Galdino de vice.
Napoleão Soares – Nos bastidores, a avaliação é de que tanto Cícero quanto Galdino vêm se movimentando com autonomia, fora da condução do governador.
João, por sua vez, está focado em viabilizar sua candidatura ao Senado e tem reforçado o nome de Lucas como seu sucessor natural, algo que nem todos na base encaram com entusiasmo.
Se a base governista não construir um consenso claro sobre a sucessão, o risco de rachar em múltiplas candidaturas é cada vez mais real. E se for para rachar, por que não rachar juntos? Cícero e Galdino já mostraram que conseguem ocupar o mesmo espaço.
Gilberto Lira – Eu não acredito que Adriano rompa com o grupo não. Ele teria que ir para um outro partido e deixar um um partido em que ele é muito forte, no qual o irmão é Deputado Federal, mas eu acho que ele vislumbra uma vaga de Vice.
Porque se formos analisar o cenário com a saída de João, nós temos Lucas como candidato ao Governador, João e Nabor ao Senador, aí sobraria o quê? A vaga de vice. E seria de quem? Do Republicanos, ou até do PSB, mas o provável é que seja do Republicanos e é nesse posto que Adriano pode se encaixar.
Já no caso de Cícero, o sonho dele é que João fique no Governo, pois se isso acontecer o candidato seria automaticamente do PSB e eu perguntei a Cícero uma vez se ele se deixaria o PP e iria para o PSB e ele não pestanejou.
Agora, as chances disso acontecer são bem remotas e com João indo para o Senado, Lucas é o candidato a Governador.
Você acredita que teremos uma terceira via no pleito?
Anderson Soares – Não. Na Paraíba, só existem dois grupos: oposição e situação. Você para pensar em um nome que poderia surgir como terceira via, mas não tem. Isso é ruim, porque o poder fica sempre concentrado nos grupos políticos dominantes.
David Maia – Sinceramente, não acredito que teremos uma terceira via no pleito. As eleições tendem a ser polarizadas.
No entanto, existe uma possibilidade remota, caso ocorra uma ruptura dentro do próprio grupo da situação, envolvendo lideranças como Cícero Lucena, Adriano Galdino e o governador João Azevêdo.
Nesse cenário, poderíamos até ter dois candidatos ligados ao presidente Lula aqui na Paraíba — um apoiado por João e outro por Adriano, caso ele realmente se lance.
Alan Kardec – A terceira via seria o bolsonarismo, com a candidatura de Marcelo Queiroga, ou Efraim, caso troque o União Brasil pelo PL.
Napoleão Soares – Eu acredito que poderemos ter três ou quatro candidatos. Eu acredito no rompimento de Cícero com o grupo e acredito também no rompimento de Adriano Galdino.
A preço de hoje a base está formada. Lucas como candidato ao Governo, Nabor e João ao Senado e dizem que João estaria tentando fazer com que Cícero aceite a vaga de Vice, mas acredito que ele não vá aceitar;
Com isso acontecendo, Cícero trilharia um caminho juntamente com o Senador Veneziano na chapa, segundo minhas fontes e lutando para ter Adriano como seu Vice.
Então, a preço de hoje, eu acredito na Paraíba com três ou quatro candidaturas, com os nomes sendo, Lucas, Cícero, Efraim e talvez Adriano.
Gilberto Lira – O PL de Bolsonaro, vai lutar para para ter um candidato, se vai ser Efraim ou Queiroga, ninguém sabe, mas a possibilidade de terceira via passa pelo PL.
E o que pode acontecer em 2026 é o mesmo que ocorreu em 2022, com aquele candidato que chegar ao segundo turno, tendo o apoio do outro, como foi o caso de Veneziano e Pedro.
Com essa questão de bolsonaristas e lulistas nos nomes de oposição, existe alguma chance de rompimento entre os grupos comandados por Veneziano, Cunha Limas e Morais?
Anderson Soares – Também é uma possibilidade. O próprio Veneziano declarou que não sobe em palanque com bolsonarista. O PL já anunciou aliança com Efraim. É possível que a oposição tenha duas candidaturas: Efraim e Pedro. Efraim ficaria no palanque bolsonarista na Paraíba e Veneziano estaria com Pedro, mas não creio que essa seja a estratégia que a oposição deseja.
Nos bastidores, comentam-se que Lula quer Veneziano no palanque de João. Todavia, se Lucas Ribeiro for o candidato, a federação União Progressista é oposição a Lula.
Resumindo: acho menos provável rompimento de Veneziano com o grupo, mas tudo depende da movimentação das peças do xadrez político.
David Maia – Acredito que haverá, sim, um afastamento natural. É pouco provável que Veneziano acompanhe Efraim Filho nessa eleição, principalmente pelo alinhamento de Veneziano com o presidente Lula.
Ele deve seguir o candidato indicado pelo Palácio do Planalto aqui na Paraíba. Já percebemos alguns sinais claros disso nos bastidores. Por outro lado, os Cunha Lima — inclusive Pedro Cunha Lima — tendem a seguir um caminho mais alinhado à direita, defendendo nomes como Tarcísio, o que reforça esse distanciamento do bloco lulista.
Diria que há 90% de certeza de que Veneziano não caminhará com Efraim. Porém, ele precisará conduzir essa situação com cuidado, porque sua reeleição ao Senado está em jogo.
Será uma estratégia de sobrevivência política.
Já Efraim Filho deve se consolidar mais no campo da centro-direita, atraindo votos do eleitorado bolsonarista e até de setores ligados a Marcelo Queiroga. Resumindo: vejo um rompimento como algo praticamente certo, mas cada grupo tentará se reposicionar da melhor forma possível dentro desse cenário polarizado.
Alan Kardec – Acredito que sim. Se puder escolher, Veneziano optaria por um palanque com Lula, mas, ainda assim, ele poderia manter o apoio da família Cunha Lima, principalmente do Prefeito de Campina Grande, já que são duas vagas ao Senado.
Napoleão Soares – Efraim indo para o PL, fica mais difícil para Veneziano compor essa chapa e não acredito na possibilidade de união pela polarização a nível nacional e pela ligação que Veneziano tem com Lula.
Agora, o que pode acontecer, é que em um possível segundo turno, possa existir uma possível união da oposição, porém, dependendo muito de qual será o cenário nacional.
Gilberto Lira – Pode existir sim o racha, o que pode abrir espaço para uma terceira candidatura das oposições.
Digamos que Veneziano continue com Pedro, Bruno e Ruy Carneiro, Pedro seria o candidato do grupo e Efraim indo para o PL, ele seria o candidato de Bolsonaro, com um acordo entre entre os dois grupos, que quem ficar em terceiro apoia o outro no segundo turno.
PERFIL DOS ENTREVISTADOS
Gilberto Lira – Gilberto Lira é jornalista profissional desde 2006. Trabalhou no Sistema Correio da Paraíba, Sistema Arapuan de Comunicação, Rádio Alto Piranhas, Mais FM e também foi secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras entre os anos de 2013 e 2016.
Gilberto é o atual chefe de redação e diretor presidente do Portal Resenha Politika.
Alan Kardec – Alan Kardec assina o site/blog PolitiKa, especializado na cobertura dos bastidores de fatos da política.
Ele é especialista em marketing político e propaganda eleitoral pela USP, bacharel em comunicação social pela UFPB, consultor na Stratégia Marketing Político e estudante de Direito.
Napoleão Soares – Professor, pós-graduado em Ciências Ambientais, História do Brasil e Comunicação e Marketing Político, com atuação na administração pública estadual e municipal. Durante sua trajetória, passou pelo Exército Brasileiro como Oficial da Reserva, foi estagiário do Banco do Brasil e Assessor Político.
Atualmente é editor chefe do blogchicosoares.com, correspondente político de diversos portais de João Pessoa e apresenta o programa Panorama Paraíba na Pop FM.
Anderson Soares – Formado em Jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba, Anderson Soares atua na área política há quase vinte anos. Âncora de programas de rádio e TV, o jornalista já teve passagens pelos maiores Sistemas de Comunicação do estado.
No Sistema Correio foi apresentador do programa “Acorda, Paraíba!” na Rede Correio Sat e repórter na TV. No Sistema Arapuan foi apresentador do “Rede Verdade”, e na rádio Arapuan foi apresentador dos programas “Rádio Verdade”, “Paraíba Verdade” e do “60 Minutos”.
Atualmente é dono do Blog do Anderson Soares.
David Maia – David é analista político, assessor de imprensa e comunicação, dono do blog Acesso Político e atualmente comanda o programa Poder Master, na TV Master.
Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba