nesta terça-feira

Defesa de Lula aponta 'erros de Moro' ao pedir reforma de sentença no caso do tríplex

Defesa de Lula aponta 'erros de Moro' ao pedir reforma de sentença no caso do tríplex

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou nesta segunda-feira ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) recurso contra a condenação do petista a nove anos e meio de prisão no caso do tríplex do Guarujá. Os advogados citam o que chamam de “Sete Erros de Moro” para pedir que Lula preste depoimento aos desembargadores da segunda instância e seja inocentado.

Entre os argumentos, o documento afirma que o juiz Sergio Moro não identificou, na sentença, qual foi o ato de ofício praticado por Lula para receber, em troca, o apartamento da construtora OAS. Para os advogados, a condenação foi fundamentada apenas em versões: o depoimento do Leo Pinheiro e uma reportagem do jornal O GLOBO, “o que são evidentemente insuficientes para impor uma condenação”, segundo o texto.

Moro citou, em sua sentença, reportagem publicada pelo GLOBO em 10 de março de 2010 sobre atrasos na obra do edifício do Guarujá, construído pela Bancoop. No texto, a assessoria de imprensa da Presidência da República informa à reportagem que Lula e a ex-primeira dama Marisa Letícia eram proprietários da cobertura no Residencial Cantábrico, que depois seria assumido pela OAS e teria o nome alterado para Solaris.

O recurso volta a reclamar do que considera parcialidade do juiz Moro: Segundo o texto, o magistrado “jamais teve interesse em apurar a realidade dos fatos e atuou como verdadeiro acusador”, afirma o texto. Ainda de acordo com a defesa, os investigadores não conseguiram provar a relação entre o dinheiro desviado da Petrobras pela OAS, os gastos na reforma do apartamento e alguma ação de Lula em favor da construtora.

“A sentença tem vícios graves que devem levar ao reconhecimento da sua nulidade para que outra seja proferida, e o tribunal deve prontamente reformar a sentença e reconhecer a inocência de Lula”, resume o texto, assinado pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins.

O ex-presidente será ouvido como réu em outra ação penal a que responde em Curitiba nesta quarta-feira. Lula será interrogado no processo em que é acusado de receber, como parte da propina destinada pela Odebrecht ao PT, um terreno onde seria instalado o Instituto Lula — o imóvel não foi construído. Lula alega inocência.

Como parte desse processo, o ex-ministro Antonio Palocci prestou depoimento também como réu na semana passada. Ele afirmou que a Odebrecht tinha um “pacto de sangue” com o PT. Em troca de benefícios no governo federal, a empresa ofereceu, segundo Palocci, o terreno para o instituto, o sítio de Atibaia e um saldo de R$ 300 milhões para o PT utilizar em campanhas eleitorais.

Fonte: Estadão