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Cresce o número de prefeitos candidatos à reeleição em 2020

Nas últimas eleições municipais, foram 2.708 prefeitos candidatos à reeleição, ou 48,6% do total. Ou seja, houve um aumento de 14%.

Mais prefeitos se candidataram à reeleição neste ano em comparação ao último pleito municipal, em 2016. Com base em dados do TSE mostra que 3.082 prefeitos eleitos há quatro anos estão disputando o pleito em 2020, o equivalente a 55,3% do total.

Nas últimas eleições municipais, foram 2.708 prefeitos candidatos à reeleição, ou 48,6% do total. Ou seja, houve um aumento de 14%.

O levantamento não inclui vice-prefeitos, que assumiram no meio do mandato e tentam permanecer no cargo, como é o caso de Bruno Covas (PSDB), de São Paulo.

Especialistas afirmam que os prefeitos têm vantagem sobre os concorrentes por já serem conhecidos, terem visibilidade e os recursos do cargo, o que faz diferença especialmente em cidades pequenas.

Isso se reflete no índice de reeleição. Cerca de metade dos prefeitos candidatos à reeleição tiveram sucesso em 2016. Naquele pleito, 1.270 prefeitos se reelegeram.

Segundo os especialistas, essa disparidade deve aumentar em tempos de pandemia, por diversos motivos, como restrições de campanha, auxílio emergencial e menor insatisfação dos cidadãos com o poder público.

“A vantagem é significativa para os prefeitos nesse período (de pandemia) porque as principais demandas que eles recebiam críticas diminuíram muito. As escolas estão fechadas, as creches estão fechadas, os ônibus estão menos cheios, menos trânsito. As pessoas estão menos irritadas com o poder público”, afirma Murilo Hidalgo, diretor do instituto Paraná Pesquisas.

George Avelino, professor da FGV-EAESP e coordenador do Centro de Política e Economia do Setor Público (Cepesp), concorda. “Todo ocupante de cargo leva uma vantagem. Primeiro porque ele já venceu uma eleição, o nome dele é conhecido. Segundo porque ele está há quatro anos no mandato, contratou gente. Tem pesquisa feita mostrando que o prefeito contrata quem o apoiou. Em município pequeno tem pouca oferta de mão de obra. Quem precisa de tempo (de campanha) são os que querem ocupar esse lugar.”

Para Avelino, a atual crise econômica, agravada pela pandemia do coronavírus, não deve prejudicar a taxa de sucesso dos prefeitos que buscam um novo mandato.

“Eleição municipal normalmente é focada nos problemas locais, no que o prefeito pode fazer para melhorar a vida dos moradores do município”, diz Avelino. “Em termos de saúde, educação e até coisas que a gente chama de zeladoria do município: pavimentação, iluminação e outras coisas.”

Já Hidalgo acredita que o auxílio emergencial pago pelo governo federal pode, inclusive, ter efeito positivo para os prefeitos, porque cria satisfação no eleitor e movimenta a economia local.

“Se o bolso do eleitor está mais satisfeito, ele tende menos à renovação. Se está mais apertado, tende mais à renovação”, diz.

Mais investimentos, mais votos

Se a economia do país pode não ser determinante para as eleições municipais, a forma como os prefeitos cuidam das contas da prefeitura tem impacto nas suas chances de ser reeleito, segundo o cientista político Pedro Cavalcante, doutor em Ciência Política e professor de pós-graduação da Enap e IDP.

Um estudo feito por ele concluiu que os prefeitos com mais capacidade de investimento no primeiro mandato têm mais chances de se reeleger. Ou seja, aqueles que têm mais verba para fazer obras públicas, como escolas, hospitais e pavimentação.

Esse efeito é maior nos municípios de menor porte, que têm menos infraestrutura, apontou o estudo.

Cavalcante acredita que a lógica pode funcionar da mesma forma em tempos de pandemia. “Aqueles políticos que lidaram melhor com a pandemia, especialmente no início, quando houve o surto maior, e conseguiram evitar grandes problemas, como superlotação de hospitais e falta de atendimento médico, tendem a ter mais capital político”, diz. “O prefeito que conseguiu comprar ambulâncias para levar os moradores aos hospitais das cidades maiores, por exemplo.”

Ele levanta outra hipótese para o aumento das candidaturas: o fim das coligações. “Mesmo que o prefeito tenha pouca chance de se reeleger, os partidos podem acabar lançando a candidatura para completar a chapa com os vereadores e tentar impulsionar a votação deles”, diz.

Fonte: G1
Créditos: G1