eleições 2020

'Como indivíduo, julgo que a vitória do Joe Biden está cada vez mais sendo irreversível', diz Mourão

Vice-presidente ponderou que não se trata de uma posição do governo brasileiro. Bolsonaro ainda não parabenizou Biden pela vitória sobre Trump

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira (13) que, “como indivíduo”, reconhece que a vitória de Joe Biden na eleição presidencial dos Estados Unidos “está cada vez mais sendo irreversível”.

Mourão deu a declaração em entrevista à Rádio Gaúcha. O vice-presidente foi questionado se ele pessoalmente reconhece a eleição de Biden, já que o governo brasileiro ainda não parabenizou o candidato democrata pela vitória na disputa contra o atual presidente Donald Trump.

“Como indivíduo, eu reconheço, mas temos que olhar que eu não respondo pelo governo. Como indivíduo, eu julgo que a vitória do Joe Biden está cada vez mais sendo irreversível”, afirmou.

O vice-presidente disse acreditar que “brevemente” o Brasil reconhecerá o resultado da eleição.

Mourão ponderou que ele não responde pelo governo brasileiro, assim, a decisão de reconhecer ou não a vitória de Biden tem de ser tomada pelo presidente Jair Bolsonaro, um fã declarado de Trump.

Trump ainda não admitiu a derrota. Sem apresentar provas, o republicano diz que houve fraude e tenta reverter o resultado na Justiça.

Nesta sexta, a China enviou felicitações a Biden pela eleição como como 46º presidente dos Estados Unidos. O comunicado foi feito quase uma semana após o anúncio da vitória do candidato democrata.

“Respeitamos a escolha do povo americano. Enviamos nossas felicitações a Biden e a Harris”, declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, citando também a vice-presidente eleita, Kamala Harris.

A maioria dos líderes mundiais parabenizaram Biden e Harris ainda no sábado (7), quando a vitória democrata foi projetada pelos veículos de comunicação americanos.

Pólvora

Mourão foi perguntado na entrevista se o Exército ficou constrangido com a declaração de Bolsonaro, que afirmou nesta semana que “quando acaba a saliva, tem que ter pólvora”. Na ocasião, o presidente se referiu à possibilidade de o país ser alvo de sanções por conta do desmatamento na Amazônia.

“Mais uma vez eu digo para vocês, né, isso é uma figura de retórica, muitas vezes é a questão do exagero verbal levado pelo momento ou pela situação de momento”, disse Mourão.

O vice-presidente declarou que não há “tensão” entre Brasil e EUA: “Talvez seja mais, vamos dizer assim, talvez algum tipo de fogo de palha”.

Segundo Mourão, as Forças Armadas do Brasil “nunca empreenderam guerra contra ninguém”, pois o Brasil na história sempre foi atacado.

“Nunca atacamos ninguém. Nossas Forças Armadas têm estratégia, em particular o Exército, baseada na presença, ou seja, a presença em todo o território nacional, e na dissuasão”, explicou.

“O que vem ser a dissuasão? É o mais forte, por exemplo, se quiser vir aqui ao Brasil, ele sabe que vai brigar com um cara que pelo menos tem um canivete, que pode ferir ele na barriga e ele sangrar e morrer. Então é dessa forma que nós atuamos”, acrescentou.

‘Calma’

Mourão pregou “calma” para esperar ações do governo americano em relação à Amazônia. Ainda como candidato, o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que buscaria “organizar o hemisfério e o mundo para prover US$ 20 bilhões para a Amazônia”. Afirmou ainda que o Brasil pode enfrentar “consequências econômicas significativas” se não parar de “destruir” a floresta.

“Vamos lembrar o seguinte: retórica de candidato é uma coisa, trabalho de presidente da República é outra completamente diferente”, disse Mourão.

Fonte: G1
Créditos: G1