Os deputados Leonardo Picciani (à esq.) e Hugo Mota se cumprimentam antes da eleição do novo líder do PMDB na Câmara – Ailton de Freitas /
BRASÍLIA – A eleição para a escolha do líder do PMDB na Câmara, que definirá uma nova correlação de forças entre o governo e a oposição no maior partido da base aliada, começou na sala de reuniões da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A votação é fechada à imprensa e o vice-líder do partido, deputado Newton Cardoso Junior, que coordena a eleição, pediu que apenas deputados e assessores permaneçam na sala. Ficou definido que a votação será em cédula de papel.
Antes da votação, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, questionou a legitimidade de Newton Cardoso Junior, vice-líder do partido, para conduzir a votação. Newton é aliado de Picciani e tem voto declarado no deputado. Segundo participantes da sessão, Cunha foi contraditado pelo ministro Marcelo Castro.
– Não vejo problema, presidente. Quando da sua reeleição para a liderança, eu era seu vice-líder e conduzi o processo – respondeu Marcelo Castro
Houve sorteio para ver qual dos inscritos falaria primeiro. O deputado Hugo Motta, adversário de Picciani, foi o primeiro a falar. Ele lamentou a divisão da bancada e elogiou o presidente da Câmara. Disse que Picciani, após um ano na liderança, não conseguiu apoio de dois terços da bancada e que não soube entender as diferenças entre os seus pares.
– Quem faz o jogo da divisão fortalece os nossos inimigos – diz Motta.
Em sua fala, respondendo a Hugo Motta, Leonardo Picciani disse que, antes de assumir o cargo, os deputados do partido reclamavam que não eram atendidos pelo governo.
– Hoje, há dois ministros aqui, Celso Pansera e Marcelo Castro – disse, para provar sua tese. – O PMDB precisa ajudar o país a encontrar seu caminho. O país espera isso de nós – completou, afirmando ainda estar “honrado” por ter indicado seu adversário para a presidência da CPI da Petrobras.
– Nada é mais importante para um político do que buscar a vitória. Fico honrado de ter indicado Hugo Motta para presidir a CPI da Petrobras.
E sinalizou que não haverá retaliações aos adversários caso seja reconduzido à liderança:
– Serei líder de todos. Como líder, privilegiei a todos, inclusive àqueles que não votaram em mim na eleição anterior – afirmou.
Manifestantes protestam contra o ministro da Saúde, que se afastou do cargo para participar da eleição do líder do PMDB – Ailton de Freitas / Agência O Globo
Picciani (PMDB-RJ) chegou à sala onde acontece a votação acompanhado pelos ministros da Saúde e da Ciência e Tecnologia, e Celso Pansera, além de diversos deputados do partido. Na entrada da comissão, pessoas fantasiadas de mosquito aguardavam a chegada do ministro para protestar contra a presença dele na eleição do PMDB. Ele se afastou do cargo hoje para poder votar em Picciani.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), chegou à sala, às 15h05, acompanhado de um séquito menor que o de Picciani. Cunha disse que “não concorda nem discorda” das manifestações na porta do plenário. Os manifestantes gritam palavras como “olha a zika” e “respeita as gestantes”. Motta chegou minutos depois, acompanhado dos deputados de Darcísio Perondi (PMDB-RS). Ele foi recebido por apoiadores com gritos saudando a sua candidatura.
Fonte: Agência O Globo
Créditos: POR JÚNIA GAMA, LETICIA FERNANDES E EVANDRO ÉBOLI