Paraíba - O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), publicou nesta terça-feira (17) uma nota oficial da delegação brasileira que viajou a Israel, reagindo à posição do Itamaraty, que alegou desconhecer a missão. “A representação diplomática foi devidamente informada, com antecedência”, diz o texto, divulgado nas redes sociais do gestor.
A nota é assinada por prefeitos, vice-prefeitos e outras autoridades, que expressam “profunda surpresa e repúdio” à Nota nº 269 do Ministério das Relações Exteriores, divulgada na última sexta (14). Segundo eles, a embaixada brasileira em Tel Aviv foi informada previamente e confirmou o contato em reunião realizada no sábado (14).
O grupo também critica o tom adotado pela chancelaria brasileira. “Mais grave ainda é que, em meio a um cenário de guerra, quando autoridades brasileiras — eleitas e em pleno exercício de suas funções — se encontram sob risco, recebam como resposta um comunicado que mais se assemelha a uma reprimenda do que a uma manifestação de solidariedade e proteção”, diz o texto.
Confira abaixo a nota na íntegra:
NOTA OFICIAL
Delegação Brasileira em Missão Oficial a Israel
Nós, prefeitos, vice-prefeitos e demais autoridades públicas que integram a delegação brasileira em missão oficial a Israel, vimos a público manifestar nosso profundo desacordo e surpresa com a NOTA À IMPRENSA Nº 269 do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty). A referida nota afirma que o governo brasileiro não tinha conhecimento da missão e que esta teria ocorrido em desacordo com recomendações consulares emitidas em 2023.
Tal declaração contradiz frontalmente o que foi afirmado à própria delegação em reunião online com a representação diplomática brasileira em Tel Aviv, realizada no último sábado, 14 de junho. Nessa ocasião, os diplomatas confirmaram ter sido devidamente informados, com antecedência, sobre a missão, particularmente no que diz respeito à segunda comitiva de prefeitos e a um governador, informação esta repassada pelo consórcio de municípios organizador da viagem. Se a representação diplomática foi previamente avisada, como reconheceram seus próprios representantes, questionamos a ausência de qualquer advertência formal ou impedimento à realização da missão.
Causa-nos ainda maior estranhamento o fato de que um país com o qual o Brasil mantém relações diplomáticas convide oficialmente autoridades públicas brasileiras — por meio de uma agenda organizada com o apoio direto do governo de Israel — sem que o Itamaraty e a nossa representação diplomática naquele país tivessem conhecimento do fato. Mais grave ainda é que, em meio a um cenário de guerra, quando autoridades brasileiras — eleitas e em pleno exercício de suas funções — se encontram sob risco e buscam o apoio de seu país, recebam como resposta um comunicado que mais se assemelha a uma reprimenda do que a uma manifestação de solidariedade e proteção.