
Paraíba - A perspectiva de formação da chapa bolsonarista nas eleições majoritárias de 2026
na Paraíba poderá embolar o meio de campo da política-partidária, principalmente no
que se refere à disputa pelas duas vagas ao Senado, que promete ser bastante
concorrida. Nas últimas horas, como se sabe, o deputado federal Cabo Gilberto Silva,
do PL, que até então se anunciava candidato à reeleição, anunciou ter recebido
“missão” do ex-presidente Jair Bolsonaro e da cúpula do PL para compor chapa ao
Senado juntamente com o pastor e procurador Sérgio Queiroz, do Novo, que é pré-
candidato desde o fim das eleições municipais de 2024 à prefeitura de João Pessoa,
quando foi vice do ex-ministro Marcelo Queiroga, derrotado em segundo turno por
Cícero Lucena. Queiroga seria o cabeça da chapa bolsonarista e da direita
conservadora no Estado, numa articulação de projeto que pretende ser competitivo e
não decorativo no páreo.
Em 2022, Sérgio Queiroz teve desempenho surpreendente quando se candidatou
ao Senado pelo PRTB, empreendendo campanha desvinculada de grupos políticos
tradicionais em atuação no cenário paraibano. Ele ficou em quarto lugar, com 233.849
votos, sendo o mais votado em João Pessoa. Aquela disputa teve como vitorioso o
atual senador Efraim Filho, do União Brasil, que derrotou ainda o ex-governador
Ricardo Coutinho (PT) e a ex-deputada estadual Pollyanna Werton, do PSB. O pastor
identificou-se como defensor de pautas bolsonaristas e, no segundo turno, hipotecou
apoio à candidatura do ex-deputado federal Pedro Cunha Lima, então no PSDB, que foi
vencido na contagem final pelo governador João Azevêdo, postulante à reeleição. A
boa imagem de Queiroz junto a segmentos de classe média e sua desenvoltura na
abordagem de temas relevantes foram preponderantes para credenciá-lo a uma boa
colocação na disputa e motivá-lo a perseverar na política.
A chapa da direita bolsonarista e conservadora, pelo formato com que está sendo
ensaiada, tem o aspecto de “puro sangue”, embora reste a vaga de vice-governador
em aberto, para possível composição com outras forças políticas e partidárias
interessadas numa coligação. A proposta de lançamento de candidaturas competitivas
ao Senado faz parte da estratégia bolsonarista de eleger maioria naquela Casa no
pleito vindouro, não só para enfrentar uma possível reeleição do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva como também para fazer face a decisões do Supremo Tribunal Federal,
consideradas polêmicas e com suposto viés político, que, às vezes, não estariam sendo
derrubadas no âmbito da Câmara dos Deputados, onde a composição é flutuante ou
oscilante entre os bolsonaristas e os partidários do líder petista. O próprio Jair
Bolsonaro tem participado de escolhas antecipadas de pré-candidatos nos Estados,
priorizando correligionários tidos como ortodoxos na sua defesa.
Sobre o deputado Cabo Gilberto Silva cogitou-se, em áreas políticas, que o
anúncio da pré-candidatura ao Senado indicaria insegurança do parlamentar quanto às
suas chances de reeleição à Câmara, por dificuldades de coeficiente eleitoral, diante da
ameaça de migração do deputado Wellington Roberto para outro partido, desfalcando
a bancada do PL em termos de densidade eleitoral. Nas entrevistas à imprensa, o
deputado salientou que as insinuações não procedem e que, no seu caso, tem
confiança em correspondência de parcela do eleitorado para com o seu nome e para
com as bandeiras que abraça. O Cabo Gilberto encara a nova situação como missão
dada a um soldado do partido e do bolsonarismo – e, como tal, se diz estimulado ao
sacrifício – ou ao desafio de concorrer contra pesos-pesados da política paraibana.
Mas ele reconhece que a prioridade – em caso de conquista de uma única vaga de
senador – seria para o pastor Sérgio Queiroz, sendo possível o retorno da sua
candidatura à Câmara Federal. A sinalização virá de pesquisas mais adiante.
No cenário que se desenha para as eleições majoritárias de 2026, são cogitadas no
esquema oficial, liderado pelo governador João Azevêdo (PSB), a pré-candidatura do
próprio chefe do Executivo e a do prefeito de Patos, Nabor Wanderley, do
Republicanos, pai do deputado Hugo Motta, presidente da Câmara Federal. Em última
hipótese, Nabor pode vir a ser substituído pelo deputado estadual Adriano Galdino,
presidente da Assembleia Legislativa e também filiado ao Republicanos, que no
momento se apresenta como pré-candidato a governador, ainda dentro do bloco de
apoio a João Azevêdo. No campo da oposição formal, o senador Efraim Filho avança na
corrida pela indicação num agrupamento que conta, ainda, com Pedro Cunha Lima e o
deputado Romero Rodrigues, e o compromisso desse bloco é o de apoiar a reeleição
de Veneziano, que deverá ter, também, o apoio do presidente Lula. O PL do ex-
ministro Marcelo Queiroga não descarta diálogo com Efraim e Cunha Lima, mas joga
essa hipótese para um segundo turno da eleição de governador. Quanto ao Senado, os
nomes de Gilberto Silva e Sérgio Queiroz parecem firmes, em condições de se manter
em evidência quando o jogo começar para valer no próximo ano.