Representação será protocolada na próxima semana, e não deve ser a única. Segundo interlocutor do parlamentar, uma verdadeira “temporada de caça às bruxas” será iniciada no Senado, com os demais investigados da Lava Jato na mira da Rede
Marcos Oliveira/Agência Senado
Único senador da Rede Sustentabilidade, Randolfe Rodrigues (AP) será o instrumento do partido para acionar o Conselho de Ética contra o agora ex-líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (MS), preso ontem (quarta, 25) sob acusação de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. A Rede analisa, neste momento, os termos da representação a ser protocolada naquele colegiado contra o parlamentar petista, que teve a prisão determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por unanimidade, e confirmada pelo Plenário do Senado.
De acordo com um interlocutor do senador, uma verdadeira “temporada de caça às bruxas” será iniciada no Senado com a ação contra Delcídio, tendo como alvos os demais membros da Casa sob investigação, no STF, por indícios de envolvimento no esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal na Petrobras. No entanto, a Rede vai analisar caso a caso, dada a natureza de cada inquérito.
“Esse é um caso certo de perda de mandato”, disse uma fonte do Senado ao Congresso em Foco, comparando o caso de Delcídio com o de Demóstenes Torres, ex-senador do DEM goiano cassado sob acusação de envolvimento com a máfia do jogo de azar radicada em Goiás. Segundo essa versão, o que há de mais grave contra o senador petista é a divulgação do áudio em que ele arquiteta a fuga do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, com quem tem ligações, para não se comprometer nas investigações da Lava Jato.
Além de Delcídio (antes em caráter de sigilo), estão no alvo do Supremo o próprio presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e os senadores Benedito Lira (PMDB-AL), Ciro Nogueira (PP-PI), Edison Lobão (PMDB-MA), Fernando Bezerra (PSB-PE), Fernando Collor (PTB-AL), Gladson Cameli (PP-AC), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Humberto Costa (PT-PE), Lindbergh Farias (PT-RJ), Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO).
Recentemente filiado à Rede, Randolfe ainda não pode tomar qualquer providência formal antes da deliberação do partido idealizado pela ex-ministra Marina Silva, ainda de acordo com a fonte. Mas a decisão já está tomada, e a ordem na sigla é hastear a bandeira da ética na administração pública, sem personalizá-la. A ideia é que a representação seja protocolada no Conselho já na próxima semana, depois do exame sobre a peça acusatória a ser elaborada.