eleições 2020

Ataques ao PT e a Marília fazem eleição do Recife ter "climão" na esquerda

O apoio revoltou as lideranças nacionais do partido, que incluiu ao Recife no domingo para participar de atos com Campos. O PDT não só compõe a chapa como indicou a vice, Isabella de Roldão, rifando de última hora o nome de Gadêlha da disputa

Os avanços da campanha do PSB ao PT no Recife abriram uma temporada de intrigas entre partidos de esquerda no segundo turno das alterações em 2020.

Lideranças neutras até então resolveram expor uma divisão que havia sido silenciosa, bem na retomada final de disputa, e criaram um verdadeiro “climão” entre lideranças, com farpas públicas nos últimos dias.

Segundo o mais recente levantamento do Datafolha , Marília aparece com 55% das intenções de votos válidos contra 45% de João Campos.

Emagem desvantagem, uma campanha de Campos tem mirado no antipetismo em busca do voto mais à direita. O duelo é visto como um possível cenário antecipado para a disputa presidencial em 2022 .

Neste fim de semana, um apoio em especial deu o que falar: o do deputado federal Túlio Gadêlha (PDT), que postou foto de Marília no domingo e apresentando seu voto à petista, inclusive criticando a não candidatura pedetista.

Rapaz, eu avisei no início do ano: no Recife o sentimento é de mudança. O PDT errou em blefar e não apresentador um projeto para cidade. Agora ninguém segura essa mulher. pic.twitter.com/GeBzwtMZWF

– Túlio Gadêlha (@tuliogadelha) 22 de novembro de 2020
Túlio foi além: denuncia também pelo Twitter que seu chefe de gabinete teria sido procurado pela campanha do PSB para “negociar” seu silêncio no segundo turno. Em seguida, o chefe de gabinete negou que existe existido esse diálogo, mas Gadêlha reiterou a crítica e disse que “é comum voltarem atrás no que diz diante de pressão”.

O apoio revoltou as lideranças nacionais do partido, que incluiu ao Recife no domingo para participar de atos com Campos. O PDT não só compõe a chapa como indicou a vice, Isabella de Roldão, rifando de última hora o nome de Gadêlha da disputa.

“Quem do PDT não tem com essa chapa não tem mais o que fazer no PDT. O nosso partido não é espaço para traíra! Nós não temos espaço para traíra! A nossa opção eterna, o nosso compromisso é de palavra, é de honra, não é de vaidade “, disse o presidente nacional da sigla, Carlos Lupi.

Em outro ato de “infidelidade”, o ex-prefeito João Paulo desafiou o PCdoB e anunciou apoio a Marília, indo contra o partido —que está coligado com João.

O PCdoB é presidido nacionalmente por Luciana Santos, que é vice-governadora, eleita com Paulo Câmara (PSB) em 2018.

Em carta pública, o ex-prefeito —que governou Recife entre 2001 e 2008 e foi ao segundo turno na eleição de Recife em 2016 pelo PT— considerado “deploráveis ​​os ataques ao PT” feitos pela campanha do PSB.

“Sinto-me na obrigação de repudiar esse tipo de atitude política, que não constrói, não fortalece a disputa democrática em nosso estado e enfraquece as cortinas do campo progressista. Respeito o PT e a sua história. Não podemos aceitar a negação da grande contribuição do PT na vida democrática do Brasil, nas conquistas sociais e dos maiores avanços na gestão pública não só em Recife e em Pernambuco, faça parte e me orgulho, como no Brasil, com os governos Lula e Dilma “, afirmou ele.

Na última semana, cartazes e panfletos apócrifos foram espalhados no Recife com a Marília e sua vinculação com o partido. Em uma das peças, intitulada “Cristão de verdade não vota em Marília”, uma candidata é citada como política que “pertence ao PT, que persegue os cristãos em todo o Brasil”.

Em propaganda nas rádios e na TV, o programa de João Campos traz ao PT ao criticar a atitude do partido contra o ex-governador Miguel Arraes, que é avô de Marília e bisavô de João. “O PT o chamava de caduco e Pinochet de Pernambuco”, diz a peça.

A Justiça Eleitoral determinou que uma campanha de Campos retirasse do ar uma propaganda que acusava um petista de ser contra o Prouni municipal e contra a Bíblia.

Os fizeram fizeram com que uma campanha de Marília ganhasse apoio de petistas dissidentes, que viram na obrigação de defender o partido.

Marília, ressalte-se, só foi candidata no Recife após intervenção nacional do PT, que derrubou a decisão do município de apoiar João Campos na disputa do Recife.

O senador Humberto Costa (PT-PE) – que boletim também era um favor da coligação do PT com PSB em torno de Campos – revisto como redes sociais nesta segunda-feira para criticar o adotado pela campanha do PSB.

“Essa postura, além de desinformar e desviar o debate sobre os problemas reais da nossa cidade, é extremamente destrutiva para o campo progressista”, afirma.

Ataques a uma campanha que cresce
Para o cientista político Adriano Oliveira, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), uma vantagem de Marília nas pesquisas foi determinante para que apoios públicos de nomes de esquerda começassem a aparecer na reta final da campanha.

“Vejo esses atos como um movimento de uma campanha que cresce”, afirma.

Oliveira explica que, apesar de enxergar os gestos como positivos para Marília, eles não devem trazer grandes impactos eleitorais. “Traz sentimento de crescimento e união. Mas não significa algo, necessariamente, na prática. Porém, o sentimento é importante”, diz.

https://twitter.com/senadorhumberto/status/1330939115848790020

Fonte: UOL
Créditos: UOL