Relação desgastada

Após expulsão do DEM, Rodrigo Maia compara ACM Neto a inquisidor espanhol e avalia: "Lamentável"

Após a expulsão do DEM na noite da segunda-feira (14), o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, criticou o presidente do partido, ACM Neto, por ter sido expulso do partido nesta segunda-feira (14). Por meio do Twitter, ele se dirigiu ao líder da sigla como “Torquemada”, inquisidor espanhol do século XV.

“O presidente Torquemada Neto, usando seu poder para tentar calar as merecidas críticas à sua gestão, tomou essa decisão. É lamentável o caminho imposto pelo Torquemada ao partido”, diz Maia na publicação. Procurada para dar uma resposta sobre a manifestação do ex-presidente da Câmara dos Deputados, a assessoria de ACM Neto respondeu que a votação foi unânime e não houve divergência interna sobre o assunto.

Primeiro presidente do DEM

Maia era um filiado antigo e influente do partido. Na legenda desde que se chamava Partido da Frente Liberal (PFL), o ex-presidente da Câmara foi um dos líderes do movimento que a refundou, adotando o nome de Democratas, no início de 2007. Rodrigo Maia foi o primeiro presidente do DEM e comandou o partido até 2011.

Quando chegou ao comando da legenda, estava no terceiro mandato como deputado federal e era visto como um político para o futuro do partido, sendo a sua principal credencial até então o fato de ser o filho daquele que era o líder mais destacado da legenda, o então prefeito do Rio de Janeiro, César Maia.

Em 2012, sua primeira tentativa de concorrer a um posto de maior expressão falhou. Candidato a prefeito da capital fluminense, obteve apenas 95 mil votos, o equivalente a menos de 3% do total dos votos válidos naquela eleição.

O ocaso político do deputado perdurou até 2016, quando os tempos eram outros. Após o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e com Eduardo Cunha (MDB-RJ) fora da Presidência da Câmara, Maia se cacifou a liderar os partidos de centro que representavam a maioria dos parlamentares e se elegeu presidente da Casa. O que era para ser provisório, perdurou. Rodrigo Maia se reelegeu em 2017 e em 2019, conquistando uma longevidade rara no posto que exerceu.

À frente do Legislativo, se tornou protagonista dos debates no governo Michel Temer. A projeção política foi tanta que chegou a ser lançado, pelo DEM que agora o expulsa, como pré-candidato a presidente nas eleições de 2018. Na época, ACM Neto disse que ele era “o quadro mais preparado do país” para o Palácio do Planalto.

O futuro de Rodrigo Maia

Até esta segunda-feira, Maia corria o risco de perder o mandato caso migrasse do DEM para outro partido, por infidelidade partidária. Com a expulsão, esse risco não existe mais e o ex-presidente da Câmara pode migrar para outra legenda.

Entre as opções, desponta o PSD, para onde foi o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes. Nos últimos anos, Maia criou uma aliança próxima com Paes, que foi seu adversário no passado e voltou ao comando da cidade em 2020, eleito pelo DEM com o seu apoio. Outros caminhos possíveis são o MDB, do seu aliado Baleia Rossi, e o PSDB.

Recentemente, o DEM sofreu com a defecção do vice-governador de São Paulo Rodrigo Garcia, que deixou o partido para ingressar na legenda do titular do Palácio dos Bandeirantes, João Doria. Maia também é considerado um nome próximo ao governador paulista.

Fonte: CNN
Créditos: Polêmica Paraíba