DECLÍNIO

Acelera-se a queda do governo Dilma - Por Ricardo Noblat

A sensação compartilhada por políticos de todos os partidos, empresários, banqueiros e até mesmo ministros de Estado é de queda iminente do governo.

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Acelera-se a queda do governo

Ricardo Noblat

No melhor dos últimos dez dias para o governo, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu apoiar o impeachment; o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu Lula da função de ministro-chefe da Casa Civil da presidência; e o jornal mais importante do mundo, o The New York Times, publicou duro editorial com críticas a Dilma.

Mesmo assim, o dia poderia ter sido pior para Dilma, Lula e o PT. E se tivessem fracassado as manifestações convocadas de apoio aos três? Elas até que não fizeram feio nas atuais circunstâncias.

A de São Paulo foi a maior, atraindo a participação de 80 mil pessoas, segundo a Polícia Militar. Ou 95 mil, segundo o Datafolha. Ou 380 mil, segundo seus organizadores.

Houve manifestações em 55 cidades dos 26 Estados e no Distrito Federal. O público total foi estimado em 1,2 milhão, segundo os organizadores. Ou 269 mil, segundo as polícias militares.

Lula discursou na manifestação na capital paulista, sendo ovacionado. Disse que entrou no governo para ajudar Dilma. E anunciou a ressurreição do “Lulinha paz e amor”.

Há quinze dias, quando foi levado para ser ouvido pela Lava-Jato, Lula dissera que naquele dia o “Lulinha paz e amor” acabara de morrer. Fez um discurso incendiário prometendo percorrer o país no combate ao”golpe” que está em marcha para derrubar Dilma.

O medo de ser preso, por fim, empurrou-o para a posição menos desconfortável de ministro do governo.

A sensação compartilhada por políticos de todos os partidos, empresários, banqueiros e até mesmo ministros de Estado é de queda iminente do governo.

Naturalmente, se por iminente entender-se que algo dramático como isso poderá estar consumado dentro de 60 a 80 dias. Ou antes, a depender de Dilma. Ela poderá renunciar para não ser deposta.

Auxiliares de Dilma confidenciam que ela chegou a admitir a hipótese da renuncia quando Lula ainda não decidira virar ministro para escapar das garras de Moro.

A hipótese se reapresentará novamente. Talvez quando ela concluir que a Comissão Especial do Impeachment, formada por 65 deputados, recomendará a cassação do seu mandato.

A verdade é que a revelação de conversas de Lula ao telefone provocou estrago irreparável na imagem dele. E também a maneira desastrosa como ele entrou no governo para ser ministro.

Dilma está rouca de tanto repetir que o grampo foi ilegal. Só que foi legal, sim, por ter sido autorizado pelo juiz Moro. Dilma parece uma barata tonta desde então.

Fonte: O GLOBO
Créditos: Ricardo Noblat