Vereadores de João Pessoa e Campina Grande mudam de partido com a mesma frequência que trocam de roupa?

A principal justificativa é divergência política

CMJPDivergências políticas, perseguição, discordâncias internas, interesses partidários, condições eleitorais. Os vereadores de João Pessoa e Campina Grande usam todo tipo de justificativa para deixar os partidos e, com a habilidade de um camaleão, mudar de cor quando se sentem ameaçados. Dos 27 parlamentares eleitos para a Câmara Municipal de João Pessoa na última eleição, oito desembarcaram em outros partidos ao longo do mandato, o que corresponde a mais de 30% da formação da Casa Napoleão Laureano.

Em alguns casos, a mudança ocorreu até mais de uma vez. São os casos de Marmuthe Cavalcanti (PSD), Bira Pereira (PSD) e Felipe Leitão. Este último já anunciou que deixará o SD e se filiará a uma terceira sigla. O suplente Eduardo Carneiro (PRTB), que assumiu o mandato por quase um ano, também pulou de galho duas vezes. Até o dia 2 de abril, quando encerra o prazo de filiação para os candidatos que disputarão a eleição este ano, a previsão é que o número de “camaleões” aumente, já que a expectativa em torno das coligações pode levar mais vereadores a trocarem de partido.

A justificativa mais recorrente para quem “abandona o barco” são as divergências políticas. O PDT, que elegeu dois vereadores na última eleição, encerra a legislatura sem nenhum. Professor Gabriel (SD) e Raoni Mendes (PTB) discordaram da condução do partido, liderado com mão de ferro pelo deputado federal Damião Feliciano. Ao falar do descontentamento com a sigla, Raoni afirmou que não havia democracia no PDT e que o partido só servia para atender aos interesses do deputado.

O PMDB está na mesma situação. Elegeu dois vereadores – João Almeida e Fernando Milanez – e deve terminar o ano sem nenhuma representação na Câmara. Almeida migrou para o SD no primeiro ano de mandato e Milanez está de malas prontas para deixar o partido há tempos. O PT, que também elegeu dois vereadores em 2012, até ganhou mais um parlamentar ao longo da legislatura, mas acabou perdendo dois vereadores no final do ano passado, incluindo Bira Pereira, que se filiou no segundo semestre de 2013. Ele e Benilton Lucena seguiram com o prefeito Luciano Cartaxo rumo ao PSD. Lembrando que Bira passou por um conturbado processo de desfiliação do PSB, seu partido de “origem”. A sigla socialista chegou a contestar o mandato do vereador na Justiça, mas ele alegou perseguição e conquistou o direito de permanecer na vaga.

Já o Solidariedade acolheu muitos vereadores insatisfeitos e que procuravam uma saída para as “divergências internas” sem perder o mandato. O partido chegou a ter a maior bancada da Câmara, mas pode terminar o ano com no máximo dois vereadores. Felipe Leitão anunciou que deixará a sigla e prometeu uma debandada do partido. Professor Gabriel também sinalizou que deixa o partido, enquanto Sérgio da SAC, que se filiou no final do ano passado, ainda não sabe se fica ou deixa a sigla.

Em Campina, 56% trocam de partido

A declaração do deputado Veneziano Vital do Rêgo (PMDB) de que tinha recebido da direção estadual do DEM o apoio para disputar a Prefeitura de Campina Grande nas eleições deste ano provocou um revoada na legenda. O primeiro a sair foi o vereador Vaninho Aragão. Ele anunciou filiação ao PHS. “Fui eleito na coligação do prefeito Romero Rodrigues, dou sustentação ao governo dele na Câmara Municipal e quero continuar ao lado”, explicou o parlamentar, que é do distrito Galante, berço político do prefeito do PSDB.

Além de Vaninho Aragão, o vereador Saulo Noronha (DEM) também sinaliza que vai deixar o Democratas. Ele disse que terá uma reunião nos próximos dias com o presidente estadual do DEM, ex-senador Efraim Morais. “Se ele não me garantir que o DEM vai se aliar ao prefeito Romero, vou sair e me filiar a outra legenda da base do governo local”, avisou Saulo, que deverá ingressar no PHS.
Com a entrada de Vaninho Aragão no PSC e a provável filiação de Saulo ao PHS, chega a 13 (56%) o número de vereadores que já mudou de partido na atual legislatura no universo de 23. O Pros, que tinha a maior representação parlamentar, perdeu os quatro vereadores. Alexandre do Sindicato e Cícero Buchada se filiaram ao PHS, enquanto Pimentel Filho se filiou ao PSD e o vereador Ivam Batista, ao PSDB. O partido tucano também recebeu os vereadores Nelson Gomes Filho e Joia Germano, que deixaram o PRP.

Por sua vez, o vereador Miguel Rodrigues trocou o PPS pelo PSC, partido que recebeu também Aldo Cabral (ex-PCdoB). Por seu turno, Ivonete Ludgério deixou o PSB para ingressar no PSD.

Da bancada de oposição, apenas dois vereadores mudaram de partido. Rodrigo Ramos desfiliou-se do SD (Partido Solidariedade) e se filou ao PDT. Já Galego do Leite deixou o PMN e se filiou ao PTN. O prazo para troca de partido termina no dia 2 de abril. (Josusmar Barbosa)

Fonte: Jornal da Paraíba