Três faces da mesma moeda

Gilvan Freire

Por mais que se queira mudar de assunto, a fim de distrair o leitor com relação aos imensos problemas do Estado, quase todos girando em volta da classe política e suas figuras controvertidas, os temas locais são sempre recorrentes. No âmbito do governo, suas ações e os fatos causados pelo governante (via de regra polêmicos, surpreendentes e chocantes), não há um só dia em que a opinião pública não se impacte. São atos de desumanidade do gestor, atos amadores da gestão pública, crises administrativas, mudanças feitas de afogadilho, perseguições, retaliações, compra e venda e aluguel de aliados, intimidações políticas, manipulação das informações do governo, sonegação de dados, intransparência, autoritarismo do poder de mando, além de seríssimos desvios morais de conduta dentro da administração do Estado. E o pior de tudo é que quase a totalidade dos desatinos são atribuídos à figura do governador, um ser misterioso que não permite a ninguém conhecê-lo.

VIDENTECEGO – Primeira face: Tem alguém dando mais do que refeições. O governo de RC contrata uma empresa de fora para fornecer refeições populares direcionadas a servidores, ao lado do Centro Administrativo. Ninguém tem informações sobre o processo seletivo da escolha, nem porque recaiu em empresa não paraibana. É tudo segredo, como virou segredo tudo quanto o governo faz, elevando a transparência à escala zero entre os deveres fundamentais da gestão pública. Não se tem idéia dos custos públicos dessa operação, embora já se saiba que a empresa até para se instalar e prestar seus serviços recebeu dinheiro adiantado, coisa irrecomendável nos contratos administrativos, segundo os órgãos de controle de contas.

Mas essa generosidade de RC, que só tem afetividade para afagar empresários suspeitos de negócios escusos, não sobra pra pequenos e médios empresários locais, a não ser que já estejam na lista de apaniguados do governo e consigam entrar na igrejinha.

Se RC pegasse essa dinheirama gasta com esse negócio e essa empresa e passasse para o contracheque dos servidores, de onde ele retirou antes muito mais, esse proveito iria para a família dos funcionários, e não para espertalhões. Desse ele esse auxilio de forma geral, ai sim o beneficio teria efeito humanitário para todo mundo, e não serviria apenas para esta espetacularização propagandista em que, servindo apenas a uns poucos parece está servindo a uma categoria inteira. Basta de exploração!

Por outro lado, não é só o uso do servidor para fins de propaganda subliminar do governo que estarrece. O que preocupa e choca muito é o apego do governo por negócios suspeitos, envolvendo pessoas e transações de má-fama, como se a gestão estivesse comprometida com a improbidade, descambando para a corrupção desenfreada. Nesse sentido, o efeito pedagógico é péssimo, e compromete toda a administração situada dentro do Estado, incluindo a esfera municipal, que se espelha no mau exemplo. Essa tal de HB é um poço de pecados. E não peca sozinha.

VIDENTECEGO – Segunda face: A primeira dama continua aérea. Que tipo de homenagem Pâmela Bório foi receber em Minas? Qual é lá fora a relevância de sua atuação na área turística que não possa ser percebida na Paraíba? Por quê razão ela recebeu essa homenagem e qual o grau de notoriedade e idoneidade que tem a entidade que a homenageou perante a sociedade mineira? Deixemos de brincar com coisa séria, ou então avacalhemos logo tudo de vez!

Mais grave, contudo, é essa história do avião do governo que teria transportado a primeira dama a Minas Gerais. Não, não, deve ser uma piada dessas muitas criadas em torno da dama palaciana! Não pode ser verdade! Mas, por quê não há desmentido? É farra, loucura, afronta, gozação com a cara do povo, é?

VIDENTECEGO – Terceira face: Cássio e RC vivem em escaramuças desde que o governador pegou nas rédias do poder e cavalgou em sentido diametralmente oposto ao que Cássio pensava que fosse. Há crises e desencontros graves entre os dois que eles mesmos revelam todos os dias através de entrelinhas, palavras cruzadas e frases cifradas. A relação entre eles é acompanhada diariamente por toda a Paraíba. Mas, agora, surgem Ronaldinho e Edvaldo Rosas para passar pito no povo porque se ocupa dos conflitos e interesses de Cássio e RC, como se o povo estivesse inventando os fatos e botando palavras na boca de ambos.

Ora, se Cássio e Ricardo não têm bons motivos para viver juntos felizes e nem coragem para se separar por conta de interesses e conveniência só deles, por quê o povo deve se abster de falar sobre situações que eles mesmos criam? Quê é isso, companheiros?