Rubens Nóbrega

Pelo visto, e a julgar por entrevista concedida anteontem por dirigente da Superintendência Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) à CBN João Pessoa, o máximo a que podemos aspirar nessa matéria, coletivamente falando, é a faixa exclusiva para ônibus em grandes corredores viários e uma sinalização adaptada para permitir o fluxo ligeiro desse meio de transporte de massa na Capital.

O BRT, sigla em inglês que se traduz por ônibus de trânsito rápido, parece ser tudo o que há no horizonte da mobilidade urbana em nossa adensada e imobilizada urbe. Tal opção, estimo, fortalecerá cada vez mais o poderio dos empresários que exploram a concessão pública de transporte coletivo em nossa cidade, em detrimento de alternativas mais modernas, mais eficientes, menos poluentes e muito provavelmente mais baratas.

Refiro-me ao VLT (veículo leve sobre trilhos) e ao Monotrilho que poderiam ser implantados em João Pessoa com ganhos fantásticos para uma parcela considerável da população doida pra deixar o carro na garagem e se deslocar para o trabalho ou casa com mais qualidade, conforto e economia. Tenho receio, contudo, que fiquemos apenas no BRT, que é importante e válido, sem dúvida, mas não precisa vestir capa de novidade para que tudo continue como d’antes, ou seja, sob o monopólio dos Abrantes.

As sugestões que venho fazendo e renovei no último domingo (artigo intitulado ‘Melhor impossível’) acolhem do BRT ao Monotrilho, do ônibus de linha ao VLT, acrescidos à regularização e legalização de vans que substituiriam os atuais, péssimos e por vezes perigosos alternativos. Sendo possível, podemos ter ainda o transporte em barcos, balsas e catamarãs pelos rios Sanhauá e Paraíba, de Bayeux a Cabedelo, e uma ampliação da linha de trem da Rede Ferroviária, ligando Santa Rita à Zona Sul da Capital.

Motivei-me a retomar o assunto hoje após receber colaboração de qualificado leitor (confiram texto adiante). Retorno ao tema para insistir que ganharíamos em mobilidade urbana e qualidade de vida se a Prefeitura da Capital se empenhasse em elaborar projetos e captar recursos para servir aos seus munícipes um sistema de transporte público realmente diversificado e articulado para múltiplos usos e modalidades.

Digo assim e desse jeito porque, mesmo sendo leigo no assunto, meus dois ou três neurônios me dizem que mobilidade urbana vai além de reduzir canteiros, calçadas e áreas verdes em favor de mais asfalto e mais carros nas ruas congestionando o trânsito e poluindo o nosso ar.

Sobre ‘alargamento’ na Epitácio

O texto a seguir, como já disse, inspirou esta coluna. Pertence à inteligência e percuciência do pesquisador Adriano Marinho, bacharel em Ciência da Computação e Mestre em Informática pela UFPB. É com ele, a partir deste ponto.

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Rubens, em primeiro lugar, tomara que o nosso atual prefeito tenha lido a sua coluna de domingo, 17/02, intitulada “Melhor Impossível”, e tenha experimentado a mesma boa sensação que eu e assim tome providências quanto a novas formas de transporte público para quem sabe assim melhorar a nossa atual Imobilidade Urbana.

E por falar em Imobilidade Urbana, uma nota da Prefeitura chamou a minha atenção nessa semana e resolvi voltar a lhe escrever. Diz a Prefeitura, em reportagem publicada aqui mesmo no Jornal da Paraíba e também no G1 PB que iniciou obra para uma nova faixa na Epitácio. Até aí, tudo bem. Fui conferir então a reportagem com calma e leio o seguinte: “As obras de alargamento da Avenida Epitácio Pessoa, em João Pessoa, começaram ontem, sob a coordenação da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) do município. O trecho entre a ponte do Rio Jaguaribe e a Avenida Nossa Senhora dos Navegantes (sentido Centro/Praia) vai receber as melhorias. De acordo a Secretaria de Comunicação de João Pessoa (Secom-JP), a previsão é que a obra termine em 45 dias.

Ainda segundo a secon-JP, a ação pretende diminuir os congestionamentos na região. O alargamento da pista será feito com modificações no canteiro central da avenida. Com as obras, a pista deve ganhar mais dois metros”. Fonte: http://www.jornaldaparaiba.com.br/noticia/101391_comecam-obras-de-alargamento-na-epitacio-pessoa.

Pois bem, essa notícia me chamou atenção porque dessa vez nela não foi mencionado que essa obra faria parte do Caminho Livre (http://www.joaopessoa.pb.gov.br/caminholivre/). Fui pesquisar e retornei à coluna “Buraqueira 2012” (http://www.jornaldaparaiba.com.br/blog/rubensnobrega/post/17249_buraqueira-2012) , onde você levou meus questionamentos sobre o Caminho Livre à Semob. No que se refere a Epitácio, a resposta da Semob em agosto foi:

– Alargamento da Epitácio Pessoa e Beira Rio. Foram feitas duas licitações que deram desertas por conta das exigências da Prefeitura quanto à qualidade do asfalto. A Prefeitura está iniciando as obras de duplicação da Epitácio, no trecho entre o rio Jaguaribe e a praia. Os postes de iluminação pública já foram alinhados e a previsão da Seinfra é que as obras no local tenham início até setembro.
Vamos ignorar o atraso de 5 meses no prometido pela Semob. Como a notícia atual da Prefeitura nada menciona sobre o projeto da Epitácio previsto no Caminho Livre, o meu questionamento atual é: Será que ainda vão alargar o resto da Epitácio?
Espero que esse questionamento possa gerar novamente assunto para sua coluna.
Abraços!
PS: para não sermos apenas chatos, façamos o registro de que a Semob/Seinfra começou (também com atraso) a obra do Altiplano prevista no Caminho Livre. Mas as intervenções do centro e Beira-Rio ainda não foram pra frente.