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Sintomas iniciais de Covid-19 podem variar de acordo com idade e sexo

Pesquisa no Reino Unido detectou diferenças na manifestação da doença entre pessoas acima e abaixo de 60 anos e entre homens e mulheres.

Conforme a pandemia de Covid-19 avança, cada vez mais a ciência conhece as diferentes manifestações da doença causada pelo Sars-CoV-2 em diversos grupos de pessoas. Um estudo publicado na última quinta-feira (29) no jornal científico Lancet Digital Health indica que os sintomas da infecção pelo novo coronavírus são diferentes de acordo com a idade e o sexo daqueles que foram contaminados.

De acordo com a pesquisa, as principais divergências se dão entre os grupos mais jovens (16 a 59 anos) em relação aos mais velhos (60 a 80 anos). Para chegar às conclusões, os cientistas analisaram dados de abril a outubro de 2020 registrados no aplicativo do levantamento ZOE COVID Symptom Study, conduzido no Reino Unido. As pessoas que reportaram algum sintoma no app foram instruídas a fazer o teste para Covid-19 até três dias após o início da manifestação. Dessa forma, os autores conseguiram rastrear 80% dos casos.

Um sistema de aprendizado de máquina cruzou os dados dos sintomas com informações como idade, sexo e condições de saúde dos participantes. Foi aí que os estudiosos chegaram a 18 sintomas iniciais diferentes de Covid-19. De modo geral, os mais comuns foram perda do olfato, dor no peito, tosse persistente, dor abdominal, bolhas nos pés, olhos doloridos e dor muscular fora do normal.

No entanto, entre os indivíduos acima de 60 e 80 anos, a perda da capacidade olfativa foi menos relevante do que nos mais jovens. Por outro lado, diarreia foi uma manifestação bem mais significativa nos idosos.

Analisando as diferenças entre os sexos, homens se mostraram mais propensos a ter dificuldade para respirar, fadiga e calafrios; já as mulheres estão mais sujeitas à anosmia, além de dor no peito e tosse persistente.

“É importante que as pessoas saibam que os primeiros sintomas são abrangentes e podem parecer diferentes para cada membro de uma família ou domicílio”, destaca a autora principal, Claire Steves, da universidade King’s College London, na Inglaterra. “As orientações de teste podem ser atualizadas para permitir que os casos sejam detectados mais cedo, especialmente em face de novas variantes que são altamente transmissíveis”, sugere, em comunicado.

Embora os dados usados na pesquisa sejam referentes à linhagem original do Sars-CoV-2 e à variante Alfa (B.1.1.7), os resultados indicam que as manifestações das demais cepas, incluindo a Delta (B.1.617.2), também variam entre os diferentes grupos populacionais.

“Atualmente, no Reino Unido, apenas alguns sintomas são usados para recomendar o autoisolamento e mais testes”, alerta Liane dos Santos Canas, primeira autora do estudo.  Segundo ela, mais recursos deveriam ser utilizados, a exemplo do que fez a pesquisa, para rastrear novos casos no país. “Esperamos que esse método seja usado para encorajar mais pessoas a fazerem o teste o mais cedo possível e minimizar o risco de propagação [do Sars-CoV-2].”

Fonte: Revista Galileu
Créditos: Revista Galileu