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Senador considera alarmante índice de 37% de desper dício de água tratada na Paraíba

No ano que completa 46 anos de fundação a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) não vive um dos seus melhores momentos é o que garante o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), onde alega que a empresa considerada um dos maiores patrimônios do Estado convive com constantes problemas na sua infrainstrutora de serviços.

Segundo ele, ao invés de planejar uma política de reestruturação da empresa o governador Ricardo Coutinho vem promovendo uma guerra de braço com os integrantes da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), sem ganho algum para a empresa. “A crise da Cagepa tem que ser discutida com a sociedade, o sindicato e, principalmente, as prefeituras, sobretudo Campina e João Pessoa. Esse debate não pode ser tratado com arrogância, prepotência ou unilateralidade, como quer o Governador”, revelou o senador pelo seu twitter.

Vital que se mostrou contrário ao aumento nas tarifas de água proposto pelo governador há poucos dias, se baseia em duas razões. Primeira de que o Ricardo Coutinho no período eleitoral prometeu baixar as tarifas nas contas da população e com essa medida comete um estelionato eleitoral. Segunda razão apresentada é que o reajuste de 7,69% na tarifa de água do Estado, autorizado pela diretoria da Agência de Regulação da Paraíba (ARPB), deve gerar consequências negativas para o setor industrial. “Muitas (indústrias) usam água de abastecimento próprio, vinda de poços. Essas não serão afetadas, mas as pequenas e médias sim. O problema é que essas indústrias menores têm grande representatividade no PIB do Estado. O reajuste acaba sendo preocupante por esse motivo”, opinou o presidente do Centro das Indústrias do Estado da Paraíba (Ciep), João da Matta.

Outra inoperância do Governo do Estado para com a companhia trata-se segundo Vital no não planejamento de uma campanha de combate ao desperdício de água por parte dos consumidores e empresas e a própria Cagepa. O senador cita recente pesquisa do Instituto Trata Brasil que revela que 37% da água tratada e distribuída nas torneiras dos paraibanos é desperdiçada. “Em virtude da seca que nosso Estado enfrenta é uma falta de senso o Governo do Estado não encampar uma campanha de conscientização para revelar à população a importância de não se desperdiçar a água tratada que tem um custo elevadíssimo”, atestou Vital.

O senador peemedebista indaga ainda que somente em João Pessoa por dia são jogados fora 23 mil metros cúbicos de água tratada, volume este que daria para atender mais de 200 pessoas. Em Campina Grande a situação não é muito diferente segundo aponta a pesquisa, nesta cidade o desperdício chega a 33%, o que em volume representa 8,6 mil metros cúbicos.

Vital do Rêgo desde já se colocou a disposição dos servidores da empresa para evitar o processo de privatização. Para ele a superação desta crise depende da empresa partir para a realização de estudos que visem modernizá-la. O senador não entende como uma empresa que arrecada na rede bancária R$ 30 milhões por mês, paga R$ 500 mil de tarifa à rede bancária quando na verdade deveria cobrar do sistema financeiro. “Por que a empresa não contratou uma auditoria para propor a adoção de medidas para modernizá-las, como adoção de novas tecnologias, e um sistema eficiente de redução de perdas de recursos hídricos? Como se justifica a falta de água tratada em 123 municípios paraibanos? Ou os contratos emergenciais para a prestação de serviços aos servidores? O povo não pode pagar pela irresponsabilidade dos gestores que administram a empresa. A Cagepa é um grande patrimônio da Paraíba e não pode ser privatizada. Depois das tentativas na Saúde e na UEPB, a Cagepa também?”, indagou o parlamentar.

Ele disse que se faz necessário que o superintendente da Cagepa, Deusdete Queiroga, de explicações reais a população paraibana sobre o que vem ocorrendo com a companhia, que em outras épocas era referencia em atendimento. “Quem não lembra do Plano de Águas criados pelo governo de Maranhão que se tornou referência no Nordeste. Hoje na capital pelo menos a Cagepa comunica à população através da imprensa. No interior isso não ocorre, o que pega essas populações de surpresa”, disse Vital.

Queda nas reservas hídricas – Segundo o gerente regional de Bacia da hidrográfica da Aesa, Isnaldo Candido da Costa, 14 açudes da Paraíba têm menos de 20% de água e as chuvas ocasionais não serão suficientes para aumentar a capacidade de mananciais e outros podem entrar em colapso.

Os açudes que estão com capacidade abaixo dos 20% são ‘Bichinho’, em Barra de São Miguel, com 15,9%, ’Serrote’, em Monteiro, com 5,4% e ‘Ouro Velho’, em Ouro Velho, no Cariri, com 2,9% e ‘Prata II”, em Prata, com18,3%.

Já no Sertão, o açude ‘Carneiro’, em Jericó está com apenas 16,6% da capacidade total, ‘Saco’, em Nova Olinda com 7,1%, ‘Chupadouro I’, em São João do Rio do Peixe, com 9,6%, ‘São Mamede’, em São Mamede, com 18,2, “Farinha’ em Patos, com 18,7%, Novo II’, em Tavares, com 17,6% ‘Bastiana’, em Teixeira, com 5,6%, além dos reservatórios de ‘Sabonete’ e ‘São Francisco II’ também com 9,5% e 2,8%, respectivamente. No Curimataú paraibano, reservatório de Caraibeiras, em Picuí, está com apenas 13,8% de sua capacidade, que é de mais de 2,7 milhões de m³.