NA ERA DA INCERTEZA É PRECISO TER CERTEZA
Por enquanto, o que há no país é uma crise violenta de instabilidade social. Majoritariamente, a população reclama de tudo quanto vem do setor público. De fato, o poder público, memo com os recursos abundantes da arrecadação, não consegue promover o bem estar do povo.
Essa questão da ineficiência dos serviços públicos remete para outra questão central : o mau uso dos recursos que a sociedade gera para seu próprio benefício e a roubalheira dentro do sistema de gestão. A coisa chegou a um nível de desconfiança que ninguém acredita mais na honestidade dos homens públicos. E o pior é que as suspeitas são plenamente justificadas – não são injustas.
Na medida que há manifesta falência da moralidade nas instâncias públicas, a população sabe que só ela pode levantar-se contra os desvios e os desmandos. Nenhum poder , nenhuma instituição fará isso em defesa dela , pela razão mais simples de que todos perderam a confiança coletiva e fazem parte do regime de promiscuidade vigorante.
Dilma, que se manteve no poder porque nunca teve seu nome pessoal associado ao banditismo que desmoraliza e assola o país, caiu na malha. Não porque tenha sido flagrada com a mão na botija, mas porque seu governo é permissivo e usado nos maiores esquemas de corrupção da história moderna do Brasil e do mundo. Ela está agora no centro da crise e no epicentro do furacao que pode varrer o velho país a qualquer momento na tentativa de construir um novo Brasil.
A mini revolução social iniciada em junho de 2014 – a primavera brasileira – vai ser reeditada esta ano, possivelmente. Mas há impasses porque o povo quer mudanças sem a presença dos políticos e das instituições. Talvez a saída seja mesmo uma operação mãos limpas. Contudo, é preciso ter na entrada a certeza de como termina na saída. A incerteza sozinha nada resolve.